Da política ao "branding", com alguns ornamentos da Situação (prontos a usar), as próximas duas semanas vão "investir" na cultura, ou numa certa cultura: a da moda, do design, das "indústrias criativas", do papel de embrulho e dos "happy few". Carta estratégica, ou táctica eleitoral ou manobra de diversão? Para já, um voto de desconfiança no marketing.
http://cartaestrategica.cm-lisboa.pt
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e para memória futura:
"Numa altura em que por todo o lado se ouve falar em cidades criativas, Lisboa quer, naturalmente, fazer parte disso - estão, aliás, a decorrer dois processos paralelos que envolvem essa ideia, os debates em torno das Estratégias para a Cultura em Lisboa (resultados prometidos para final de Julho), promovidos pela vereadora Rosalia Vargas, da Cultura, e os da nova Carta Estratégica de Lisboa, de âmbito mais alargado."
"Uma cidade milagreira e multicultural - A Lisboa de António Costa"
09.05.2009 - Alexandra Prado Coelho
"(...) Mude é uma das duas grandes apostas culturais da câmara neste ano de eleições. Bárbara Coutinho, a directora do museu, percorre o espaço ainda vazio explicando como daqui a duas semanas o piso térreo estará completamente transformado (o projecto é dos arquitectos Ricardo Carvalho e Joana Vilhena), com o majestoso balcão de mármore preto e verde iluminado por dentro e rodeado pelas 175 peças de design de moda e de equipamento que foram "protagonistas de alterações de hábitos e mentalidades ao longo do século XX" e vão ser mostradas nesta exposição inaugural. Por enquanto serão ocupados apenas dois pisos - no futuro a ideia é continuar pelo edifício acima, com outros projectos, e chegar ao terraço do topo, ideal para um restaurante.
Para António Costa o Mude não é apenas um museu - é, na estratégia da câmara, "o grande motor" para tão prometida revitalização da Baixa. Mas há outro, que o presidente da autarquia revela agora: a Moda Lisboa, a ExperimentaDesign, a Trienal de Arquitectura, o Centro Português de Design e a Agência para as Indústrias Criativas vão juntar-se num espaço comum, também na Baixa. "É uma forma de poderem ter áreas expositivas e espaços de representação comuns, zonas de cafetaria, lojas, e de poderem criar melhores condições para estabelecerem sinergias entre eles", ao mesmo tempo que contribuem para dinamizar a zona.
(...)
Quem entrar no África.cont pelo palacete das Janelas Verdes vai poder descer pelos telhados das tercenas, onde haverá esplanadas, até chegar à nova praça que dará acesso aos edifícios onde haverá salas de exposição e espectáculos.
..."Estamos a fazer isto em parceria com o Estado", sublinha. "Nós entramos com os edifícios, o Estado financia a obra, partilharemos os custos de exploração em partes iguais e associaremos os privados, que financiarão o resto da actividade" do África.cont. Ainda não começaram a fazer a "sensibilização" dos privados, até porque o momento não é o melhor, mas a ideia é que a participação destes só comece em 2012, quando o edifício nas Tercenas já for uma realidade."
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"E por trás disso há um projecto cultural coerente para a cidade? Há, garante. "Queremos valorizar a ideia de Lisboa como encruzilhada de culturas, de povos, ponto de partida e chegada de muita gente." Dessa estratégia fazem parte o núcleo museológico islâmico no Castelo de S. Jorge, o edifício já comprado em Alfama para fazer um museu para a comunidade judaica, a criação de um centro para crianças refugiadas, a proposta (em estudo) da criação de um centro cultural ucraniano, e o projecto de Lisboa-Cidade Erasmus, cujo objectivo é duplicar o número de estudantes Erasmus na cidade. "A multiculturalidade é uma ideia muito forte da marca Lisboa."
Numa altura em que por todo o lado se ouve falar em cidades criativas, Lisboa quer, naturalmente, fazer parte disso - estão, aliás, a decorrer dois processos paralelos que envolvem essa ideia, os debates em torno das Estratégias para a Cultura em Lisboa (resultados prometidos para final de Julho), promovidos pela vereadora Rosalia Vargas, da Cultura, e os da nova Carta Estratégica de Lisboa, de âmbito mais alargado."
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Obrigado pelo link Alexandre.
Passaria-me completamente ao lado, se nao o tivesse visto no seu blog.
Segui o link e respondi ao Inquerito.
O Inquerito e' parco, mas ainda assim da' para escrever alguma coisa.
Claro que nao um longo texto (como todos se queixam), mas da' para sucintamente deixar algumas ideias.
Como Lisboeta de coracao (dos Martires) achei por bem participar na iniciativa.
Depois poderei "cobrar".
Antes de mais, tenho de admitir que esta estrategia inclui a Participacao. Nao me parece que seja por motivos de falta de ideias, mas e' uma iniciativa a que todos os interessados possam participar na discussao do que se quer fazer e nao haver a constante responsabilizacao do Estado ou outras entidates na elaboracao dos projectos que regem tudo, a nivel oficial.
O resto se vera'.
Para ja' e' uma abertura, agora resta saber ate' que ponto e' que o questionario tera' algum impacto na concretizacao do programa.
Posted by: Pedro dos Reis | 05/11/2009 at 19:16
Gostei imenso da sua ironia, e fiquei com curiosidade de saber se tinha votado nas sardinhas ou nos petiscos, na luz ou no vento. Tenho de acrescentar os links da Agência das Indústrias Criativas ou "AMLisboa: Plataforma Transcultural para o Século XXI?" ( http://www.lisboatranscultural.com/ ) do veterano Luís Serpa e o das Estratégias para a Cultura em Lisboa ( http://cultura.cm-lisboa.pt/ ), que veio dar sábias respostas sociológicas a umas urgências da vereação desconhecida. As sessões sucedem-se e os candidatos a candidatos desfilam: é para isso que servem. É a "Agenda para a cultura" a todo o vapor - as nuvens de fumo com a marca Lisboa já estão a chegar a NY.
Posted by: ap | 05/11/2009 at 22:00
Votei nos azulejos e nao estou a ser ironico, agora.
Veja aqui: http://www.flickr.com/photos/joshuadavis/3519714210/
Antes de mais, o Joshua Davis e' um dos designers graficos mais conhecidos mundialmente, que por acaso ate' tive a oportunidade de conhecer por aqui.
Ele esteve recentemente por Lisboa durante o festival OFFF (onde participou) e nao pude deixar de reparar nos comentarios que ele fez, relativamente a umas fotografias que tirou perto e dentro do Jardim Botanico sobre o grafismo inspirador dos azulejos portugueses.
Nao fiquei indiferente 'as suas palavras cheias de razao, claro!
Passamos a vida a acordar tarde para nos mesmos. Tem de vir um rapaz aqui desta terra, para nos dizer o que e' que vale a pena na nossa cidade (ainda que longe).
Posted by: Pedro dos Reis | 05/12/2009 at 21:23