1 - A crónica da Catarina Portas no Público de 21.2.2009 (?) quando existia ainda alguma expectativa de uma solução favorável.
A Sala das Beiras - decoração mural de Carlos Botelho - in Panorama, nº 35, 1948
2 - Artigo de João Leal e Raquel Henriques da Silva no Público em 2006.
3 - Conferência de imprensa de apresentação do projecto museológico pelos arquitectos e comissão científica responsável pelo então chamado Museu Mar da Língua Portuguesa, Lusa, Out. 2007.
4 . Notícia de 2005, da Lusa, anunciando a reabertura do MAP em 2006
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2 - A OPINIÃO DE
JOÃO LEAL E RAQUEL HENRIQUES DA SILVA em 2006
transcrita de http://www.e-cultura.pt
O MAP é um testemunho raro de uma visão do mundo que é parte decisiva da história recente de Portugal e da Europa. Toda a investigação contemporânea sobre a "política de espírito" do Estado Novo tem paragem obrigatória no MAP
Sobre o novo museu sabemos ainda pouco. A sua inspiração parece ser o Museu da Lingua Portuguesa de São Paulo (Brasil). À Lingua Portuguesa acrescentam-se, no caso português, os Descobrimentos. A mistura ameaça ser explosiva e, se não houver cuidado, estaremos de novo a falar da língua portuguesa à luz dos lugares-comuns da ideologia "lusófona". Também não sabemos quem irá conceber o projecto nem as parcerias científicas estabelecidas. De mecenas sabe-se pouco. Seguro, seguro é que o novo museu vai custar 2,5 milhões de euros.
Em contrapartida sabemos mais sobre o MAP. Sabemos que o museu foi inaugurado em 1948. O pequeno edifício, bem como a sua museografia, são projecto do arquitecto Jorge Segurado e a decoração (grandes painéis que preenchem a quase totalidade dos alçados) foi assegurada por pintores modernistas que, desde os anos 30, trabalhavam para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional), recuperando o espirito da Exposição do Mundo Português (1940), particularmente dos núcleos das "Aldeias Portuguesas".
Sabemos que o MAP representa o marco mais significativo dos discursos sobre cultura popular portuguesa promovidos pelo Estado Novo de Salazar e António Ferro. Sabemos também que esses discursos se situam na sequência das tematizações da cultura popular iniciadas pelos grandes etnógrafos de finais do século XIX - TeófIlo Braga, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos - e prosseguidas, durante os anos da I República, por intelectuais como Vergílio Correia ou Luís Chaves. Sabemos que foi em alternativa a essa visão da cultura popular que se constituiu a equipa de Jorge Dias ou que pesquisadores vários, situados à esquerda, desenvolveram o seu trabalho.
Sabemos também que o MAP ficou órfão muito cedo: o Estado Novo desinteressou-se dele, a Revolução viveu incomodada com ele, a democracia esqueceu-o. Nos últimos anos ficou também claro que o MAP tem tido à sua frente uma equipa pouco dinâmica, sem verdadeiro projecto museológico. Mas, depois destes tempos difíceis, a conclusão das obras de restauro do museu permitia antecipar uma "nova vida" para o MAP.
2. Ao decidir o seu encerramento, a ministra da Cultura foi de opinião diferente. Fazendo-o, não parece ter levado em conta a importância do MAP e o lugar único que ele ocupa na história do século XX português. Se há museu que, em Portugal, merece ser musealizado é o MAP. O MAP é um testemunho raro de uma visão do mundo que é parte decisiva da história recente de Portugal e da Europa. Toda a investigação contemporânea sobre a "política de espírito" do Estado Novo tem paragem obrigatória no MAP. Ele constituiu o único vestigio - embora indirecto - da Exposição do Mundo Português de 1940. Tudo nele é irrepetível: o edifício, os objectos, o modo como foram coreografados, os murais de Botelho, Tom, Paulo Ferreira ou Manuel Lapa.
3. Por isto tudo, o MAP deve ser musealizado. Não se trata só de pôr o que lá estava e como estava, mas de construir, em cima disso, um percurso crítico, uma reinterpretação, um ponto de vista distanciado.
Em cima dessa musealização, seria possível desenvolver novas valências para o MAP. Uma possibilidade seria abrir o museu - atravês de uma sala de exposições temporárias - para o universo das culturas populares contemporâneas e dos novos artesanatos urbanos e rurais, feitos de misturas, de hibridez e de reinvenções da tradição (Nestor García Canclini). Mas há outras possibilidades, como seja a de agregar ao MAP um novo pavilhão onde o tema da língua portuguesa pudesse ser trabalhado numa perspectiva ampla, não imperial, com recurso simultâneo à linguística e à antropologia. Em qualquer dos casos, este "recomeço" do MAP deveria ser articulado com o Museu Nacional de Etnologia, sob cuja tutela o "novo" MAP deveria ser colocado (como de resto já esteve previsto, mas nunca chegou a acontecer).
4. Os museus, disse a senhora ministra, "nascem, vivem e morrem". Mas as decisões políticas - sobre cultura ou sobre outros domínios - não são irreversíveis. Esperemos que seja o caso.
PROFESSOR DE ANTROPOLOGIA, UNL, E PROFESSORA DE HISTÓRIA DE ARTE, UNL
in PÚBLICO | 10 Novembro'06
Sala do Estremadura e do Alentejo
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, afirmou que a criação do Museu Mar da Língua Portuguesa «é uma opção política» e um «projecto prioritário» no quadro dos investimentos na área da cultura.
Sala do Estremadura e do Alentejo
A governante falava durante uma conferência de imprensa de apresentação do projecto museológico pelos arquitectos e comissão científica responsável, que decorreu no Museu de Arte Popular, encerrado desde 1999. Isabel Pires de Lima foi questionada pelos jornalistas sobre o investimento neste projecto — orçado em 3,5 milhões de euros e que deverá abrir ao público em Julho de 2008 — no actual quadro de restrições orçamentais que também têm atingido os museus nacionais.
«Fazer política é fazer opções e entendemos que este projecto era prioritário», respondeu a governante, justificando que se tratou de uma «opção política» que tem como finalidade dar a conhecer a importância da língua portuguesa no mundo.
«Essa importância revela-se nos 200 milhões de falantes em quatro continentes», sustentou a ministra, destacando ainda a relevância da língua materna «como identidade e ferramenta para ler o mundo e organizar o pensamento».
Salientou ainda que este novo projecto está ligado a duas prioridades do actual Governo que são o Plano Nacional de Leitura e a requalificação e dinamização da zona de Belém, onde o novo museu ficará articulado com outros monumentos ligados aos Descobrimentos, nomeadamente a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos e o Padrão dos Descobrimentos.
Do valor global investido, 1,6 milhões de euros virão do Programa Operacional da Cultura (POC) e o restante do PIDDAC. (**)
Sobre a polémica das críticas ao encerramento do Museu de Arte Popular, cujo espólio ainda se encontra no edifício, em Belém, Isabel Pires de Lima disse que as ouviu mas não aceitou porque o museu em causa «está morto». «A nossa intenção é criar um novo museu partindo de um edifício que será preservado nas suas linhas e cujo espólio de arte popular será colocado em novas áreas de reserva do Museu de Etnologia» indicou.
Sobre eventuais comparações com o Museu da Língua Portuguesa criado em São Paulo, Ivo Castro, um dos responsáveis da comissão científica, observou que o elemento comum é «o primado do domínio tecnológico, porque os públicos serão diferentes».
O novo museu terá dez espaços através dos quais os visitantes vão poder descobrir a história dos Descobrimentos portugueses e o universo da língua portuguesa.
O Museu Mar da Língua Portuguesa, que espera atrair 200 mil pessoas por ano, vai simular uma viagem náutica do período quinhentista e conduzir os sentidos dos visitantes à descoberta do universo do português.
O projecto foi hoje apresentado aos jornalistas no Museu de Arte Popular, em Belém, pela equipa responsável, na presença da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e do director do Instituto dos Museus e da Conservação, Manuel Bairrão Oleiro.
De acordo com o arquitecto Júlio de Matos, o projecto a criar no edifício será dividido em duas partes, uma na ala sul, dedicada à História dos Descobrimentos, e a outra na ala norte, dedicada à língua portuguesa.
Concebido para receber cerca de 300 visitantes em simultâneo, o Museu Mar da Língua Portuguesa será instalado no actual Museu de Arte Popular, que entrará em obras de remodelação para abrir em Julho de 2008.
O projecto «foi desenhado para manter o respeito pelo edifício e com uma intervenção mínima para preservar, nomeadamente os frescos, tentando não entrar em despesas desnecessárias, mas introduzindo uma dimensão contemporânea», explicou o arquitecto.
Nesta primeira «visita virtual» ao futuro espaço museológico, foram dadas a conhecer as dez áreas que os visitantes poderão descobrir, nomeadamente, mapas das rotas dos Descobrimentos, as personalidades históricas mais importantes como o Infante D.Henrique, as rosas dos ventos, a cronologia das descobertas, a construção naval, como era a vida a bordo e o encontro de culturas.
Uma das principais atracções nesta ala do museu vai ser o auditório "Aventura da Navegação", onde uma biblioteca virtual, cabinas interactivas para ouvir poesia e prosa, um espaço informativo para aprofundar conhecimentos e um auditório para um espectáculo audiovisual a três dimensões sobre história da língua portuguesa.
Ao lado, no "Laboratório dos Sentidos", será possível perceber de que forma os Descobrimentos trouxeram aos europeus novos sabores, visões do mundo, sons, sensações e cheiros, provenientes de outros lugares e outras culturas.
«A ideia de base nesta área é mostrar o movimento da língua portuguesa para fora da Europa, nos séculos XV e XVI, o contacto com outras culturas e o enriquecimento mútuo que daí resultou», referiu Ivo Castro, recordando que o português também incorporou elementos de outras línguas.
Num último espaço desta ala, logo a seguir ao auditório, será criado um "Labirinto das Palavras" para apreciar um espectáculo acústico multicanal com recriação de ambientes da época, no qual o visitante ouve sons vindos de várias direcções.
O percurso do projecto — cujo concurso de execução deverá abrir dentro de um mês — será concebido para ter textos em inglês, e possivelmente outras línguas, de forma a poder ser entendido pelos visitantes estrangeiros.
Além do arquitecto Júlio de Matos e do professor Ivo Castro, a equipa responsável pela concepção do museu é ainda composta por Fátima Morna, Francisco Domingues, Maria Rita Marquilhas e o engenheiro Manuel Sousa.
* noticia da agência Lusa, de 2 de Maio de 2007 — 04/05/2007
transcrito de http://www.ciberduvidas.pt
http://nomundodosmuseus.wordpress.com
# 4
8.19.2005
MUSEU DE ARTE POPULAR ABRE PORTAS EM 2006 (notícia da Lusa)
O Museu de Arte Popular, em Lisboa, volta a abrir portas em finais do próximo ano, quando terminarem as obras de requalificação iniciadas em 2003, disse à Agência Lusa a subdirectora do Instituto Português de Museus.
Isabel Cordeiro especificou que "actualmente decorrem obras de reabilitação das coberturas do edifício que terminarão no final deste ano". No princípio do próximo ano o IPM conta "lançar o concurso para a drenagem dos pavimentos e alguns tectos" devendo a colecção de arte popular ser visitável naquele espaço, frente ao rio Tejo, "em finais de 2006".
O Museu de Arte Popular situado na zona de Belém, entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, foi aberto em 1948, com base nas peças de arte popular portuguesa apresentadas em Genebra, em 1935.
O edifício original foi gizado pelo arquitecto Veloso Reis para a Exposição do Mundo Português, realizada em 1940, e posteriormente remodelado pelo arquitecto Jorge Segurado, que o adaptou para expor permanentemente a colecção.
A colecção do Museu inclui cerâmicas, algumas de autoria de Rosa Ramalho, alfaias agrícolas, trajes, instrumentos musicais, joalharia, cestaria e selas. Ao visitante é assim possível observar as cangas e os galos de cerâmica do Minho, as cestarias de Trás-os-Montes, os badalos e as louças de terracota do Alentejo, ou os equipamentos de pesca do Algarve, um acervo datado essencialmente do século XX.
# 5 Ficha do antigo IPPAR
http://www.ippar.pt
Edifício do Antigo Pavilhão da Vida Popular da Exposição do Mundo Português, actual Museu de Arte Popular
Situação Actual Encerrado
Categoria de Protecção Encerrado
Decreto Despacho de 28-11-2007 do Director do IGESPAR, I.P. revoga o despacho de abertura; Despacho de abertura de 12-12-1991
Nota Histórico-Artistica Trata-se de um edifício situado junto ao rio que acolheu, aquando da grande Exposição do Mundo Português realizada em 1940, o Pavilhão da Vida Popular e onde, a partir de 1948 foi instalado, por decisão de António Ferro, o Museu de Arte Popular.
Projecto do Arquitecto António Maria Veloso Reis Camelo (projecto de 1938 e conclusão de obra 1940, apresenta volumetria que evidencia a existência de vários corpos de forma rectangular e quadrangular que se interligam no interior através de corredores onde podem ser observadas obras de pintura e escultura, integradas na arquitectura, de Tomás de Melo, Kradolfer, Carlos Botelho e Eduardo Anahory, entre outros.
O espaço museológico, onde se agrupam por regiões várias colecções de arte popular, é arquitectonicamente animado pela transparência de algumas das suas paredes, possibilitando a visão e o acesso ao meio envolvente.
(com fotos)
wow!
I am enjoying these posts about MAP.
This museum has such an interesting history.
thank you
Posted by: Mary Pereira | 05/09/2009 at 21:33