1 - Uma notícia de há 3 anos, com os actores Manuel Pinho, Isabel Pires de Lima e Carmona Rodrigues Não se falava então do Museu de Arte Popular nem da Sociedade Frente Tejo, mas já se anunciavam decisões tomadas sobre o joelho sem contar com fundamentações técnicas. Hoje, apesar de tb ser Dia Internacional dos Museus, nenhum jornal se ocupa destas coisas. (A "culpa" não é dos jornais, é da descredibilização da chamada cultura - comecemos pela auto-avaliação).
2 - Quatro medidas para ultrapassar o imbróglio do novo Museu dos Coches e fazer dele uma oportunidade de futuro (Transcrito de http://museuartepopular.blogspot.com/ ).
Propostas de Luís Raposo e Raquel Henriques da Silva, a propósito da
mesa redonda de hoje no CCB/Museu Berardo: Museus de Belém.
Perspectivas de Futuro
3 - E tb algumas interrogações/propostas finais.
#
(1) A 19 de Abril de 2006:
Museus desconhecem recuperação de Belém
por Daniel Lam 19 Abril 2006 DiÁRIO DE NOTÍCIAS
http://dn.sapo.pt
Segundo o documento que ontem foi assinado por cinco entidades, e lança as bases para este projecto, ficam estabelecidas as intervenções pela seguinte ordem de prioridade: "Construção do novo Museu dos Coches e reabilitação do Picadeiro Real, onde se encontra actualmente instalado o Museu dos Coches, para possibilitar a sua utilização para treinos e demonstrações da Escola Portuguesa de Arte Equestre".
Seguem-se "obras de beneficiação no Museu de Marinha, melhoramento do Museu de Arqueologia e infra-estruturação do pátio comum entre os dois museus, criação de espaços/quiosques no Jardim Tropical e arranjo de jardins e espaços envolventes aos diferentes edifícios". O projecto anuncia ainda intervenções para "rejuvenescer o Planetário".
Sobre o anúncio destas obras, um responsável do Planetário mostrou-se incrédulo: "Não acredito que vão fazer aqui qualquer coisa, porque o Planetário recebeu grandes obras recentemente. Esteve encerrado 18 meses enquanto decorriam os trabalhos e reabriu em Julho de 2005".
Fonte da Armada Portuguesa admitiu ao DN que "não há previsão de obras para o Museu de Marinha. Não se sabe o que vai ser feito nem quando". Do mesmo modo, na direcção do Jardim Tropical
Esta situação torna-se ainda mais estranha, tendo em conta que o mesmo documento ontem assinado determina que "a definição do tipo de intervenção a realizar nos edifícios/espaços identificados anteriormente será feita através da apresentação dos respectivos programas funcionais, o mais tardar até ao próximo dia 26 de Abril de 2006, pelas entidades responsáveis pela sua gestão". Faltando apenas uma curta semana para o dia 26, dificilmente esses responsáveis poderão fazer o levantamento das obras necessárias e apresentar os programas funcionais.
Apesar de tudo, o presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, prevê que "é difícil começar as obras no terreno ainda este ano, mas arrancam certamente em 2007".
"Casino Lisboa é uma alavanca"
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, referiu que o futuro Museu dos Coches - a construir entre a Rua da Junqueira e a Avenida da Índia, numa área de 7 mil metros quadrados onde se encontram serviços do Instituto Português de Arqueologia - está orçado em 14 milhões de euros e tem abertura prevista para o final de 2007.
Manuel Pinho, ministro da Economia, frisou que esta será "a maior intervenção em Lisboa desde a Expo'98, não em termos de construção de equipamentos, porque já existem, mas de requalificação e valorização".
O autarca Carmona Rodrigues considerou o Casino Lisboa - que é hoje inaugurado - "uma alavanca para uma série de iniciativas de carácter turístico e cultural em Lisboa, como a recuperação do Parque Mayer e do Pavilhão Carlos Lopes".
O projecto "Belém Redescoberta" tem como âncora o futuro Museu dos Coches e pretende "aprofundar uma centralidade turística em Lisboa". É um projecto "multi-departamental que pretende associar o Museu dos Coches com o novo Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea, um comodato de 863 peças, que passam a constituir o espólio a instalar no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, até 31 de Dezembro".
O programa prevê a requalificação do espaço público e a "atracção de restaurantes de gastronomia sofisticada e espaços trendy, como pequenas galerias, bares, livrarias ou boutiques especializadas". Inclui ainda a iluminação da orla fluvial e passeios de charrete, argumentos para lançar um programa de marketing internacional sobre Belém.
Pesquisar no DN: Museus de Belém
"não há qualquer informação sobre o que vai ser feito nem quando".
#
(2) A discutir a 19 de MAIO de 2009 - hoje - em ano de eleições:
Quatro medidas para ultrapassar o imbróglio do novo Museu dos Coches e fazer dele uma oportunidade de futuro. Transcrito de http://museuartepopular.blogspot.com/
As propostas de Luís Raposo e Raquel Henriques da Silva, a propósito da mesa redonda de hoje no CCB/Museu Berardo: Museus de Belém. Perspectivas de Futuro
"Levantamento do parque museológico e monumental da zona de Belém (da Torre de Belém à Cordoaria Nacional), detectando virtualidades, abandonos, eventuais lacunas e elaborando um plano integrado de valorização de cada peça e do conjunto;
Em relação ao conjunto, adopção de medidas potenciadoras dos circuitos integrados, em domínios tais como percursos pedonais, bilheterias comuns, programação, promoção e merchandising articulados, parqueamentos de viaturas, navette de ligação gratuita, mediante a apresentação de títulos de entrada em museus ou monumentos;
Em relação a peças individuais:
Reabertura do Museu de Arte Popular no seu lugar próprio, devidamente modernizado, mas respeitando a colecção e o conceito original;
Dinamização do Museu Nacional de Etnologia, promovendo o acesso ao mesmo pela sua inclusão na rede assim definida;
Ampliação do Museu de Marinha em dois sentidos: para os terrenos disponíveis a poente das instalações actuais e para a Cordoaria Nacional, onde deverão também ser colocados o Arquivos Histórico e a Biblioteca Central de Marinha, retirando-a dos Jerónimos e demolindo o edifício onde se situa, o qual constitui um verdadeiro atentado ao espírito daquele lugar;
Ampliação do Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos, retomando os projectos já existentes para o efeito e adaptando-os agora às possibilidades que se abririam com a transferência para a Cordoaria Nacional da Biblioteca Central de Marinha e, eventualmente, de algumas áreas ocupadas presentemente pelo Museu de Marinha;
Manutenção do conjunto mais emblemático de coches nas instalações actuais do Museu Nacional dos Coches, iniciando imediatamente um programa urgente do seu restauro;
Criação na Cordoaria Nacional de um centro museológico industrial-naval e de arqueologia subaquática, explorando as ligações ao rio Tejo, onde, em posição fronteira, deverá ser criada um cais para acostagem e visita a navios históricos, em ligação com o referido núcleo museológico;
Finalmente, quanto à intenção de construção de um novo Museu Nacional dos Coches, no caso de não ser considerada possível a sua total reversibilidade (o que idealmente mantemos como desejável) e dando por adquirido nas suas linhas gerais o projecto de arquitectura já existente, adopção das seguintes medidas:
Afectação ao Museu Nacional dos Coches, para instalação de serviços e ampliação dos espaços expositivos, da construção anexa ao edifício principal, situada em frente do referido Museu;
Instalação no edifico principal de um novo museu, cuja necessidade se faça sentir depois do levantamento indicado no ponto 1. Os critérios de escolha para o efeito deverão privilegiar conteúdos susceptíveis de constituírem uma poderosa mais-valia para a promoção dos fluxos turísticos (nacionais e internacionais) na zona de Belém, servidos por tecnologia de última geração e não tanto por colecções patrimoniais intrinsecamente únicas. Entre outras possíveis ideias, avançamos desde já com a de um Museu da Viagem, capaz de evocar a diáspora portuguesa em toda a sua extensão temporal, nomeadamente deste a chamada Epopeia dos Descobrimentos (colocando em relevo os aspectos antropológicos do contacto com o “outro” e a dimensão técnica e científica da época) até à gesta das viagens da emigração dos séculos XIX e XX.
Luís Raposo
Raquel Henriques da Silva
#
3 - final provisório
Com as eleições à porta, com o dinheiro do Casino para gastar, com urgência em mostrar obra feita (ou a fazer-se...), com pressa em avançar com decisões irreversíveis para anular a ponderação dos argumentos, com uma indefinição estratégica que não se resolve em dias, com divergências inter-ministeriais, etc - as coisas não estão bem encaminhadas. Tudo está afinal e ainda em discussão, com trincheiras corporativas (os arquitectos querem arquitectar, mesmo que saibam que o projecto do Paulo Mendes da Rocha é um mau projecto museológico e um sofrível esboço arquitectónico) e muitas insuficiências de reflexão e excesso de ressentimentos na área dos museus.
1 - O MUSEU DOS COCHES JÁ NÃO ABRIRÁ A 5 DE OUTUBRO DE 1910 PARA COMEMORAR A REPÚBLICA (!?). VIR DIZER AGORA QUE, AFINAL, É O DA LÍNGUA QUE ABRE EM 2010 É UM TRUQUE POLÍTICO - um truque de baixa política, como quem atira areia para os olhos. Para isso não se deve trocar o MAP por uma barraca linguística das Produções Fictícias para "animar" o pagode à beira-rio
O NOVO MUSEU DOS COCHES NÃO VIABILIZA AFINAL O PROJECTO DO PICADEIRO EM ACTIVIDADE, que tinha sido uma razão essencial do projecto. PORQUÊ INSISTIR NUMA IDEIA MAL FUNDAMENTADA E SERVIDA POR UM DEFICIENTE PROJECTO ARQUITECTÓNICO-URBANÍSTICO
2 - A GRANDE NAVE DA CORDOARIA NÃO DEVE NEM PODE SER DESFIGURADA POR UM PROJECTO MUSEOLÓGICO QUE REQUEIRA A ALTERAÇÃO DAS SUAS CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS. A SUA "VOCAÇÃO" MARÍTIMA TEM DE SER RESPEITADA
3 - O MUSEU DE ETNOLOGIA DEVE TER EM EXPOSIÇÃO PERMANENTEMENTE ESCOLHAS RESPRESENTATIVAS DOS SEUS ESPÓLIOS - deveria vir a público a história do projecto de financiamento dos novos espaços. expositivos. TEM DE DEIXAR DE SER UM MUSEU SECRETO E VIRADO PARA DENTRO.
4 - A REINSTALAÇÃO DO MUSEU DE ARTE POPULAR DEVE FAZER-SE COM A PONDERAÇÃO DA OPORTUNIDADE PARA RESOLVER A SUA CONTROVERSA HISTÓRIA: refazer tal qual; compatibilizar o testemunho sobre o "museu do SNI" com novas direcções de representação, incluindo a abertura (exterior?) às artes populares/urbanas do presente, etc. MAS NÃO SE TRATARÁ NUNCA DE REGRESSAR AO SEU PASSADO RECENTE, quando vegetava condenado à extinção, ao abandono, à autodesagregação por desinteresses vários.
5 - AS TENDÊNCIAS CORPORATIVAS DE MUSEÓLOGOS E ARQUITECTOS opostas entre si TERÃO DE SER CONTRARIADAS, CONTRAPOSTAS E CONTIDAS POR LÓGICAS POLÍTICAS E TAMBÉM PARTIDÁRIAS, QUE COMO TAL SE SITUEM (as políticas) E IDENTIFIQUEM (as partidárias). A AUSÊNCIA DA POLÍTICA É AQUI A RAZÃO DA DESORIENTAÇÃO DE GOVERNANTES E TÉCNICOS (ou só profissionais)
(No caso do Museu de Arqueologia não se entende no texto acima se "os projectos já existentes" incluem as grandes escavações nos terrenos interiores aos Jerónimos, que sempre me pareceram levianos)
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.