"É tudo inventado. Mas é uma invenção fundamentada." - é S.F. quem escreve, não a justificar um "projecto", mas a comentar ele mesmo a sua pintura, a pensar-se e a oferecer pistas de leitura que não se substituem ao que há para ver (o ler pelo ver).
A exposição chama-se "O Exagerado" (e vai só até dia 11 de Junho), que não faltam à Arte Periférica artistas a trabalhar e a expôr (tem sido uma sequência apreciável, com Joana Lucas antes, Alexandra Mesquita, etc - nem há tempo para actualizar o site / talvez por tudo isso tenham afastado a galeria da Arco de Madrid, porque se usam neste meio práticas de policiamento e gangsterismo conjugadamente, num mercado onde coexistem bem a crítica (im)prestável e as fraudes de BPN's e BPP's mais os seus comissários-assessores-funcionários das actuais academias.) "O Exagerado" surgiu do gosto de critiacar", começa por dizer S.F., e aproveitemos.
"O Salvador", 2009, tinta acrílica, tinta de esmalte, cola e vieux-chene sobre tela, 160 x 140 cm
Ele diz: "O exagero é o É OU NÃO É da pintura". Tudo se joga quando ganhar e perder se decidem num lugar mínimo (será o infra-mince?), entre a grande ambição e o grande desastre, onde tudo se deita a perder, por excesso de compustura ou excessivo excesso.
London rats, 2009 - Acrylic, synthetic enamel, glue and vieux-cheine on canvas, 100x80cm
Estas e outras pinturas de 2009 (aqui trabalha-se) em: http://www.sergiofernandesworks.blogspot.com/
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2009 (Abril) - 1ª exp. individual: Orfeu - Livraria Portuguesa, em Bruxelas
O HOMEM IMPULSIVO
Exposição de pintura de Sérgio Fernandes
"Invento turbilhões de “coisas” que induzem propositadamente sensações.
Trabalho dos e para os Sentidos, crio situações, histórias enfrentando assim os meus demónios.
Anulo-me e supero-me como se de um caso de vida ou morte se tratasse!
Não risco a “história” nem a apago, apenas a actualizo, como os impulsos actualizam a vida. Apodero-me dessas actualizações e faço delas o meu processo de trabalho.
Vejo o suporte da Pintura como o extremo entre o Pensamento e o Real, onde o vazio toma forma, textura e cor. O que faz da Pintura um grande jogo marginal de Poder.
O que faz de mim uma “personagem” bipolar, onde o que pensa é o faz e se não faz não pensa.
O HOMEM IMPULSIVO é assim uma alienação."
THE IMPULSIVE MAN
"I make it up a miscellaneous of “things” that induce purposely sensations.
I live through the expression and color. I work from and to Senses. I create situations and stories, facing in that way my demons.
I overrule and overcome myself as if it was a matter of life or death.
I do not scratch the “history” or delete it, I just update it, like the impulses update life.
I took hold of this updates and do with them my working process.
I see the base of painting as the border between the Thought and Real, where the void takes shape, texture and color.
What makes the painting a great marginal game of power. What makes me a bipolar “character”, where what I think is what I do and if I don't, I don't think.
THE IMPULSIVE MAN is therefore an alienation."
Sobre o Sérgio Fernandes, "O Salvador":
É, realmente, uma tela cheia de acção. O leão portador da tocha traz à memória as glórias passadas de um famoso clube desportivo da nossa cidade, infelizmente atormentado hoje em dia por um imenso passivo financeiro (simbolizado pelo monstro verde que "monta" esse leão, monstro esse da cor do dinheiro em falta / em dívida).
Visto que a chama da tocha está acesa, somos levados a pensar que as glórias do passado poderão regressar como glórias de um futuro (distante?), e que esse leão poderá simbolizar um eventual líder que será como que o "salvador"
dessa nobre instituição desportiva a precisar de ser salva.
Em atitude de escárnio presente (mas que promete respeito futuro), uma imensidão de porcos viram os seus focinhos despeitosos na direcção do majestoso leão.
São, evidentemente, os repugnantes líderes corruptos dos restantes clubes sem categoria.
Grande sportinguista, este Sérgio!
Posted by: Miguel Pacheco | 06/24/2009 at 12:02