2 - Fiquei com a impressão (sem ter percorrido toda a Imprensa) de que a exposição das Tapeçarias de Portalegre no Palácio de Belém não despertou a devida atenção, talvez por não se ter percebido que a continuidade da sua produção está em risco.
Le Corbusier, Les Deux Musiciens, 1967 - o autor morreria pouco depois deixando por cumprir a expectativa de uma colaboração em grande escala com a MTP
É, em 1º lugar, uma oportunidade para visitar o Palácio - pelo menos o Pátio dos Bichos e as respectivas jaulas durante a semana, e as salas de actos oficiais ao sábado: www.museu.presidencia.pt/expo_temporarias
É também uma panorâmica alargada da produção da Manufactura - desde a 1ª tapeçaria executada, em 1947 (de João Tavares, um amigo de José Régio, que era professor em Portalegre) até às mais recentes, dos jovens artistas Rui Moreira e Rigo (neste caso apenas o respectivo cartão), passando pelos mais conhecidos nomes nacionais e alguns estrangeiros, com o destaque natural para algumas peças de muito grande formato, de Almada Negreiros (cópias dos painéis das Gares Marítimas e, em especial, uma tapecaria de mais de 12 metros de comprimento, de 1957, hoje do AICEP - terá estado na Exposição Universal de Bruxelas?). A apresentação de alguns cartões (os originais entregues pelos artistas para ampliação e adaptação à tecelagem) e também de algumas maquetes de execução é uma outra qualidade da mostra.
Uma muito pequena pintura de António Dacosta de 1988, A Leda e o Cisne, de 36x25 cm (Col. CGD), com pincelada densa e pastas de matéria, é um dos exemplos mais significativos, até por negar a argumentação de alguns sobre exigências de cartões simplificados em termos de pincelada e cor.
Entretanto, a exposição poderia servir para se reflectir sobre a actualidade da tapeçaria e da respectiva fábrica em Portalegre. Um prefácio do catálogo da autoria de Vera Fino deixa claro que a actual situação financeira da MTP - e a sua sobrevivência - é pelo menos preocupante.
O tema é complexo e não decorre da actual crise económica.
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