"Minho, Caixa de Brinquedos de Portugal", pintura mural (a fresco ou a têmpera) de Tom (Tomás de Mello) e Manuel Lapa, no Museu de Arte Popular, 1948. Fotógrafo: José Pessoa, 2008 Copyright:© IMC / MC
Aqui o painel está protegido (?) enquanto decorriam as obras nas fundações e nos telhados pensadas para a reinstalação e reabertura do Museu, obras financiadas pelo POC. A fotografia é de Catarina Portas, que uma vez encontrou a porta aberta (ver http://museuartepopular.blogspot.com )
As diversas luminárias que pensaram, planearam e agora projectam a tal coisa dedicada à língua achavam possível cumprir a obrigação de salvaguardar os murais (sim, há condições inultrapassáveis de protecção do imóvel no seu todo físico - mas há sempre uns que as ultrapassam mesmo) mantendo-os escondidos dos olhares do público. Emparedando-os atrás de ecrãs e zonas de sombra.
Tom foi o mais fiel expositor dos Salões de Arte Moderna do SPN/SNI de António Ferro, 14 de 1935 a 51, mesmo se a pintura não era o centro da sua actividade; foi sócio de António Pedro na galeria UP em 35 e dono único até 36 ou 38? - aí expôs Arpad e Vieira e Hayter em 35; fez com José de Lemos O Papagaio (35-36...); foi um dos decoradores da Exp. de 37 em Paris para o edifício de Keil do Amaral e a mesma equipa continuou nas seguintes, incluindo 40 e a EMP, 58 em Bruxelas e já em 66 "As Artes ao Serviço da Nação"; designer avant la lettre. 1906-1990, brasileiro chegado em 1926, antologiado em "Tom, 45 Anos de Actividade", 1973, SEIT. JAF aponta-lhe "tipos populares tratados como bonecos folclóricos" e uma "imagística crítica graficamente original em 72".
Foi tb Tom que dirigiu a instalação e a decoração do MAP, segundo o programa museológico de Francisco Lage. Para aí também desenhou mobiliário de notáveis soluções expositivas. Nesta pintura mural que é uma das peças de excepção entre as decorações do Museu, os elementos gráficos de cunho regional dão origem a uma acumulação espalhada de símbolos em que participam também bonecos de cunho humorístico (justificando a ideia da caixa de brinquedos) e que se aparenta com formas bordadas. Não tem o sentido especulativo dos códigos de sinais de Torres García, mas recorda-o ou aproxima-se dele com uma grande eficácia decorativa.
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