CORRECÇÃO: NÃO SE TRATA, afinal, DE DUAS FICHAS SUCESSIVAS DO IPPAR, MAS DE DUAS FICHAS DE SERVIÇOS CONCORRENTES - UMA DA DGEM, A PRIMEIRA (que se mantém em rede, com os seus erros), E OUTRA DO ex-IPPAR, QUE JÁ FOI, aliás, posteriormente REVISTA POR DUAS VEZES.
O Museu de Arte Popular, aliás, o seu edifício, tinha no antigo IPPAR uma ficha de inventário e identificação muito mais correcta, completa e informativa do que a que tem agora nos mesmos serviços, em vias de integração no actual Igespar. Não sei se é por efeito do Simplex (que tem noutros casos apreciáveis resultados), os do PRACE, que reduziu em geral quadros técnicos e competências. A verdade é que a versão resumida que está agora acessível em http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=70949 (ACESSO À FICHA ACTUALIZADA DO IPPAR/Igespar) conserva ignorâncias anteriores e introduz outras omissões preocupantes. Pode ter sido pressa, mas não tranquiliza o cidadão interessado.
(Foto Ippar 2007)
Antes da
"Revogação
do Despacho de 12 de Novembro de 1991 que Determinou a Abertura do
Processo de Instrução Relativo à Eventual Classificação do Museu de
Arte Popular" - por Despacho de 28-11-2007 do Director do Igespar - era assim:
PATRIMÓNIO
Em vias de classificação; incluído na Zona Especial de Protecção do Mosteiro de Santa Maria de Belém (v. PT031106320005)
Enquadramento
Urbano, destacado, isolado, implantado em plataforma costeira, junto ao Rio Tejo entre as docas de Belém e de Bom Sucesso. A N., separado pela estrada e linha férrea de Cascais, o Centro Cultural de Belém (v. PT031106320402). A O., os edifícios da Defesa Marítima e a E. o Espelho de Água (v. PT03110320601) e o Padrão dos Descobrimentos (v. PT031106320600).
Descrição
De planta irregular, em L, composta pela articulação de vários corpos de planta rectangular e quadrada, o edifício apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados a 4 águas e em terraço. A organização dos volumes acentua a sua distribuição horizontal, e caracteriza-se genericamente por corpos de duplo pé direito, com caixa murária em reboco pintado com roda-pé em tijolo, e abertura a ritmo irregular de janelões estreitos rectangulares, dispostos em agrupamentos.
O alçado principal a N. é constituído por 5 corpos interligados entre si. Distingue-se a O., corpo mais elevado de secção quadrada, que se assemelha a uma torre sineira, apresentando, a preceder a cobertura, 1 janela de peito por alçado. A eixo e num corpo reentrante relativamente aos 2 corpos que o ladeiam (situados no mesmo plano), identifica-se o acesso principal ao interior do edifício: 3 arcos de volta perfeita, perfurados ao nível do piso térreo por vãos de verga recta, e preenchidos superiormente por material cerâmico disposto de forma padronal.
Ao corpo intermédio a O., flanqueado pelo acesso e pela torre, adossa-lhe um corpo rectangular que actua como pátio interior; localizado num plano avançado relativamente aos corpos descritos, podem observar-se alçados com abertura de arcaria em volta perfeita. Identifica-se ainda na parte posterior do corpo a E., caixa murária sobrelevada, revestida de material cerâmico, correspondente a um outro módulo do edifício.
Nos alçados laterais, destaca-se a integração de painéis escultóricos com representações em baixo e médio relevo de várias actividades rurais.
Com acesso através de átrio amplo, os espaços definidos pela volumetria exterior, articulam-se entre si no interior, através de corredores, e correspondem a diferentes zonas temáticas do Museu, em cuja componente ornamental se destacam obras de pintura e escultura aplicadas à arquitectura da autoria de Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Anahory. (*)
Arquitecto Construtor Autor
ARQUITECTOS: António Maria Veloso Reis Camelo (1899 - 1985) e João Simões (n. 1908) / Arq. Jorge de Almeida Segurado ( 1898-1990 ), adaptação a museu anos 40;
ESCULTORES / PINTORES: Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Anahory. (*)
Cronologia
1940 - inauguração do edifício integrado no conjunto construído para a Exposição do Mundo Português de 1940, integrando a Secção da Vida Popular, organizada pelo Secretariado da Propaganda Nacional, aquela Secção de Vida Popular possuía 3 pavilhões ligados entre si recorrendo ao folclore como veículo do nacionalismo português, considerando os brandos costumes e o Estado Novo como factores de paz e refúgio;
1941- concurso público lançado pela Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém, para adjudicação da empreitada de adaptação e modificação dos Pavilhões da Secção Etnográfica Metropolitana a Museu de Arte Popular, sendo lançadas sucessivas empreitadas (**); o acervo do museu, básicamente do séc. 20, baseia-se na recolha de peças para a Exposição de Arte Popular Portuguesa, apresentada em Genebra, em 1935;
1948 - inauguração do Museu após uma adaptação às novas exigências funcionais, com algumas alterações construtivas, em particular nas fundações e paredes exteriores, considerando 5 salas representando as regiões de Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Ribatejo e Algarve;
1970 (década de) - desse conjunto de edifícios, também designados por secção Etnográfica Metropolitana foram demolidos corpos a Poente onde se inseria a torre farol, que subsiste ainda hoje a SW, isolada;
1991 - por despacho datado de 12 de Dezembro foi determinada a abertura do processo de classificação do imóvel;
1995 - inauguração da Sala de Exposições Temporárias.
Tipologia
Arquitectura civil educativa e cultural, do Estado Novo - pavilhão de exposição / museu.
Características Particulares
De volumetria agarrada ao terreno possui uma gramática arquitectónica e decorativa de influência historicista e popular com grande unidade e simplicidade na composição das suas fachadas. O edifício do Museu constitui hoje um dos objectos memória e simbólicos da Exposição do Mundo Português de 1940, onde como Pavilhão Expositor de carácter efémero e cenográfico integrava a Secção de Vida Popular. As obras a que foi sujeito para museu, não alteraram o seu carácter.
Dados Técnicos
Paredes autoportantes
Materiais
Alvenaria mista ( tijolo na sua maioria ), reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado
Intervenção Realizada
DGEMN:
1941/1948 - estudo de consolidação; substituição das fundações das paredes com 0.40 x 0.50m por alvenaria de pedra rija; no solo uso complementar de estacas betonadas com comprimento médio de 3.00 m: 2 estacas na periferia e no eixo da fundação das paredes, 4 estacas nos cunhais das paredes, 1 estaca intermédia no eixo da fundação das paredes com 5.00m de distância entre montantes e intervenção ao nível das paredes exteriores, para remodelação para a nova função;
1950, Janeiro - Reparação do tecto e telhados do claustro: levantamento da cobertura, substituição dos madeiramentos, arranjo dos beirados e tectos, nova cobertura em telha portuguesa, tectos de madeira e estafe e pintura a óleo das madeiras;
1985 - reparação da cobertura e dos esgotos na zona denominada dos claustros;
1995 - obras de recuperação; inauguração de uma sala para exposições temporárias;
2000 / 2003 - Projecto de reabilitação - 1º fase ( MAP - salas das Beiras, Ribatejo, Estremadura e Alentejo ): demolição das esteiras, instalação da rede eléctrica, protecção de pinturas murais e do espólio museológico; renovação das coberturas; drenagem dos pavimentos térreos, drenagem periférica, pré-instalação de redes eléctricas e de detecção de segurança, reabilitação das instalações sanitárias; Aplicação de tijoleira, recuperação e tratamento de paredes; recuperação das carpintarias das escadas e galeria; Protecção de pinturas murais nas salas Algarve, Pátio, Trás-os-Montes e Entre-Douro e Minho; Acondicionamento e transporte das peças museológicas das Salas do Átrio, Trás-os-Montes, Entre- Douro e Minho para as Salas das Beiras e Alentejo; Recuperação de vãos interiores e exteriores ( portas e janelas); recuperação de gradeamentos ( exteriores ); Restauro de equipamento de expositores ( madeira, vidros ); colocação de todo o equipamento sanitário; colocação de estores interiores tipo sol-screen; pintura de paredes interiores; instalação de rede de segurança ( Incêndio e Introsão );
2004, Setembro - Projecto de Reabilitação - 2ª fase (Espaço da Recepção, Salas Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, dos Carros e do Algarve): Reabilitação e recuperação das coberturas e suas estruturas correspondentes aos espaços da Recepção e das salas de Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes, Algarve e dos Carros, optando-se por painéis sandwich de estrutura semelhante à cobertura jà reabilitada, contemplando a execução de caleiras, o capeamento das empenas e dos muretes a chapa de zinco nº 12 com juntas agrafadas e a colocação de tubos de queda das águas pluviais e respectivos capitéis em cobre, com secção de 80 x 120mm, em cor natural, que se tornará acastanhada com o tempo, e mangas protectoras até à altura dos socos das fachadas; execução de escada interior em aço galvanizado, de acesso às coberturas pela Torre, e de 5 escadas exteriores de articulação e acesso entre as coberturas das diversas salas, do mesmo material; defenição das grelhas metálicas, alçapões, guarda pés e guardas de protecção laterais dos passadiços do Tipo 1 e 2, de visita aos plenos da cobertura, do projecto de estruturas; execução de uma rede de Iluminação e de detecção de incêndios junto à cobertura de apoio ao respectivo pleno ( em fase posterior será integrada uma 2º rede nos tectos falsos ); construção provisória de um túnel de acesso às respectivas instalações devidamente protegido; protecção dos frescos nas Salas da Recepção e do Algarve de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras; protecção do mobiliário fixo nas Salas de Recepção e Entre-Douro-e-Minho, de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras. "
Depois da
"Revogação do Despacho de 12 de Novembro de 1991 que Determinou a
Abertura do Processo de Instrução Relativo à Eventual Classificação do
Museu de Arte Popular" (por Despacho de 28-11-2007) o que se escreve sobre o edifício do MAP é o seguinte:
PATRIMÓNIO
Identificação
Designação:
Edifício do Antigo Pavilhão da Vida Popular da Exposição do Mundo
Português, actual Museu de Arte Popular, incluindo os respectivos
pátios e espaços ajardinados
Outras Designações: Edifício onde está instalado o Museu de Arte Popular
Categoria / Tipologia: Arquitectura Civil / Edifício
Localização
Divisão Administrativ: Lisboa / Lisboa / Santa Maria de Belém
Endereço / Local: Avenida Brasília, Lisboa, 1400 Lisboa
Protecção
Situação Actual: Encerrado
Categoria de Protecção: Encerrado
Decreto: Despacho de 28-11-2007 do Director do IGESPAR, I.P. revoga o despacho de abertura; Despacho de abertura de 12-12-1991
ZEP
Zona "non aedificandi" -
Abrangido em ZEP ou ZP: Mosteiro de Santa Maria de Belém / Mosteiro dos Jerónimos
Património Mundial -
Descrições
Projecto do Arquitecto António Maria Veloso Reis Camelo (projecto de 1938 e conclusão de obra 1940)**, apresenta volumetria que evidencia a existência de vários corpos de forma rectangular e quadrangular que se interligam no interior através de corredores onde podem ser observadas obras de pintura e escultura, integradas na arquitectura, de Tomás de Melo, Kradolfer, Carlos Botelho e Eduardo Anahory, entre outros.
O espaço museológico, onde se agrupam por regiões várias colecções de arte popular, é arquitectonicamente animado pela transparência de algumas das suas paredes, possibilitando a visão e o acesso ao meio envolvente."
A lista omite os escultores, que foram Barata Feyo e Henrique Moreira, em 1940, mais Júlio de Sousa em 1943-48.
(**) Aqui, em 2007, esquece-se o nome do arq. que em 1940 fez equipa com Veloso Reis e, principalmente, omite-se Jorge Segurado que readaptou o pavilhão de 40 a Museu de 48. A omissão tem especial gravidade por não distinguir o estado do edifício em 1940 e a sua modificação mais ou menos notória em 1944-48. De facto é esse estado final que se encontra salvaguardado pela ZEP e não qualquer "traça primitiva" de 40. É uma questão com consequências para os putativos projectistas de 2009, que gostariam de ter as mãos livres para mudar o mais possível.
Quanto às esculturas, a ignorância oficial sobre o património integrado na fachada mantém-se.
Peço desculpa, mas que confusão... o primeiro texto foi retirado do site da ex-DGEMN, actual IHRU (onde ainda está disponível), e o segundo do site do IPPAR (actual IGESPAR). Não me parece que um texto tenha vindo substituir o outro, ou sequer que estejam de alguma forma relacionados. Não se trata sequer da mesma instituição.
Posted by: Filipa Leite | 08/03/2009 at 14:09
Obrigado por ajudar a esclarecer uma confusão, mas parece-me que vem acrescentar, ou pelo menos aceitar, outras. Então os textos não estão relacionados? Mas trata-se do mesmo edifício! Então por se tratar de duas instituições diferentes as fichas de cada instituição sobre o mesmo edifício devem conter informações tão dissemelhantes? E devem reproduzir tantas informações tão incompletas e tão erróneas? Mas que confusões! Alguma coordenação entre instituições próximas seria benéfica.
Posted by: ap | 08/03/2009 at 16:43