Foto *L / Luisa Cortesão (Maputo 11 Setembro de 2007) http://www.flickr.com/photos/luisa/1361550741/
Era um nome maior da fotografia em português e também da fotografia portuguesa que se fazia em Moçambique, antes da independência. Fotógrafo moçambicano antes e depois, mestiço de muitas origens, grega por parte do pai.
da série O Pão Nosso de cada Noite, anos 60/70
Foi o primeiro fotojornalista "de cor" na imprensa branca - desde o «Notícias da Tarde», em 1952, depois, no Notícias, 1956; A Tribuna, 1960-64; Diário de Moçambique, Beira; Notícias da Beira, 66-67; e Tempo (co-fundador em 1970); fotógrafo-chefe no Notícias em 1977; director do semanário Domingo, 1981, etc. Foi também o pilar da criação em 1983 do Centro de Formação Fotográfica em Maputo (de Documentação e Formação - a partir de 2001), que continuava a dirigir - tinha 84 anos.
A França concedera-lhe o grau de Oficial das Artes e Letras em 2008 e era doutor "honoris causa" pela U. Eduardo Mondlane (Outubro de 2009) - ver: http://www.jornalnoticias.co.mz/.
Em 2005 - http://arquivo.maputo.co.mz ** - publicou O Pão Nosso de Cada Noite, a sua mais famosa série de fotografas (as mulheres e os bares da Rua Araújo, imagens furtivas dos anos 60-70), num álbum que veio imprimir em Santo Tirso, mas sem distribuição em Portugal - onde tinha exposto em 1998 (no Arquivo Fotográfico de Lisboa - ver aqui ).
O Centre Culturel Franco-Mozambicain e Editions Findakly (Paris) editou uma 1ª monografia em 1994: Ricardo Rangel Fotógrafo de Moçambique / Photographe du Mozambique (bilingue), com textos de Zé Craveirinha ("Carta para o Ricardo sobre as suas fotografias") e Mia Couto ("Os deuses espreitaram por seus olhos"), e uma curta biografia. Fotografias de Moçambique, 1953-1993. 120 pp.
Ricardo Rangel, Pão Nosso de Cada Noite / Our Nightly Bread (bilingue), textos de Calane da Silva ("Pão de neon na rua da vida"), José Luís Cabaço ("Ao Ricardo Rangel pelois seus 80 anos"), Luís Bernado Honwana ("Ricardo Rangel e o aparecimento do fotojornalismo em Moçambique"), Nelson Saúte (Carta a Ricardo Rangel) e dois poemas de José Craveirinha ("Felismina") e Rui Nogar ("Xicuembo"). Ed. Marimbique (impresso na Norprint, Santo Tirso - 1000 ex.), 2004.
disponível em http://www.p4photography.com
Ricardo Rangel Fotógrafo / Photographer (bilingue), texto de Calane da Silva, Col. Les Carnets de la Création, Éditions de l'Oeil, Montreuil (com a colaboração da Embaixada de França em Moçambique), 2004. 24 pp. (apenas com fotografias de crianças)
e também:
disponível em http://www.p4photography.com/photography_books
Iluminando Vidas - Ricardo Rangel e a Fotografia Moçambicana, ed. Bruno Z’Graggen e Grant Lee Neuenburg - Christoph Merian Verlag, Basel 2002. 168 pp.
textos de Allan Porter (Perspectiva de Moçambique), Simon Njami (Saudade), António Sopa (O Fotojornalismo em Moçambique), Calane da Silva (Homenagem a R. Rangel).
Fotografias de Ricardo Rangel e também Rui Assubuji, José Cabral, Luis Basto, Joel Chiziane, Naita Ussene, Sérgio Santimano, Ricardo Rangel, João Costa [Funcho], Alfredo Paco, Alfredo Mueche, Martinho Fernando, Ferhat Vali Momade, Albino Mahumana, Alexandre Tenias
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António Sopa, que fez esta apreciação momentos antes do lançamento do livro, na passada terça-feira, em Maputo, sustentou que, Ricardo Rangel, com o seu trabalho, de uma qualidade inquestionável e com uma carga artística impressionante, aproximou o considerado mundo marginal e: "tenta, através da sua arte, humanizar esse ambiente", disse o historiador.
Num ambiente preenchido pela presença de diversas personalidades nacionais e internacionais, entre elas, académicos, políticos, fotógrafos, escritores, intelectuais, amantes e algumas figuras do "jet set" das artes moçambicanas, no seu discurso, o embaixador da Suécia, Adrian Hodom, caracterizou Ricardo Rangel como um poeta que escreve a sua poesia com a máquina fotográfica.
Mais adiante, Hodom referiu que a presente obra retrata a Rua Araújo, famosa pela sua vida nocturna, dando-nos a imagem desse lugar de encontros, de ilusões e desenganos, que Rangel tão bem fixou com a sua objectiva.
"Devo confessar que esta obra e a decisão do nosso apoio a ela, me deixou um tanto embaraçado. Ela associa a dor e a euforia, o boémio e a denúncia do mal-estar social. A prostituição como pano de fundo, "pão nosso de cada noite".
Devemos apoiar tal projecto?, claro que sim porque é arte", declarou o embaixador, sustentando que, o grande poeta José Craveirinha, no poema que abre o livro, diz de uma das personagens, o seguinte: "vais evoluindo, Felismina, de mamana mal vestida / em bem despida artista de "streap-tease", ou seja, "a poesia, no caso de José Craveirinha, é a força da palavra, e em Rangel, da imagem".
Porém, no seu delicado e afável estilo, RR, segundo Calane da Silva, disse que, ao fazer aquele conjunto de imagens a sua intenção não era publicar em livro, mas sim registar documentos de uma realidade social que ali acontecia. Contudo, mais tarde, foi seu desejo e dos poetas Rui Nogar e José Craveirinha verem esse material retratado em livro.
"Estava interessado e gostava de conhecer mais a realidade que ali se vivia, é por isso que fotografava. Estas imagens são documentos que podem significar muito para os que queiram estudar o nosso passado. Uma fotografia pode suscitar interesse para pesquisa de várias matérias e em várias áreas.
Para saber, por exemplo, como é que as pessoas se vestiam, os modelos de transporte, são fontes de história", disse Rangel, enfatizando que, 30 por cento das imagens ora publicadas tinha-as em negativos, tendo feito um trabalho de fundo para descobrir o que havia neles.
Como um conjunto, o livro de fotografias, de acordo com Nelson Saúte, escritor e dirigente da Marimbique, editora que chancelou os mil exemplares, tem força de algo inédito no panorama da fotografia e edição fotográfica em Moçambique. Mais ainda, segundo suas palavras, a edição daquele livro foi um desafio estimulante, porque com o mesmo quiseram provar que é possível produzirem materiais com aquela dimensão.
Mas também "esta é uma homenagem ao mestre Ricardo Rangel, que partiu duma aposta feita quando completou 80 anos o ano passado", frisou, acrescentando que, eventualmente, "Pão Nosso de Cada Noite" não seja o livro da vida do ícone, mas que não deixava de ser marcante.
"O pão de néon na rua da vida é-nos dado e revelado por um artista, um poeta do foto-jornalismo, um homem que retratou este pais com o qual se confunde na moçambicana cidadania conquistada a ferro e fogo, a pulso e lágrimas empunhando na sua arma em disparos "clic's" de comunicação", assim expressou Calane da Silva, numa das passagens do texto que apresentou em louvor ao trabalho desenvolvido por Rangel.
Calane da Silva, diz igualmente, numa das passagens do seu texto que, Rangel é, em auto-retrato vivo e actuante, um eterno jovem rebelde inconformado com a injustiça, as assimetrias sociais e com a mediocridade profissional e amante incondicional da liberdade.
Por: Francisco Manjate
Fonte: Jornal Notícias – 17.02.05
VER: exposições e publicações : http://216.197.120.164/artistbibliog.cfm?id=8950
Caro Alexandre,
Gostaria de falar consigo a propósito do Ricardo Rangel.
Vai estar dia 17 no Mercado de Santa Clara?
O meu contacto é casa.africa.lisboa@gmail.com.
Já agora quando tropeçar em novos restaurantes africanos avise.
Estou para ir testar um angolano em Olival Basto.
Abraço,
Rui Santos
Posted by: Rui Santos | 12/13/2010 at 10:50