Arte popular e/ou artesanato:
trabalho de feira e/ou trabalho de campo.
Manta de Reguengos na Feira de Artesanato da FIL, no espaço do Instituto do Emprego e Formação Profissional, que este ano apresenta a exposição e editou o catálogo “FIOS. FORMAS E MEMÓRIAS DOS BORDADOS RENDAS E TECIDOS”. Até domingo.
O Museu não deve ser um túmulo de obras escolhidas de uma vez para sempre e de artistas mortos. Não é um espaço fechado ao presente, um templo isolado do mundo real. A Feira não é o outro lado (o inverso) do Museu, é a vida real que o envolve.
Os seus universos (do Museu e da Feira) não são estanques, por mais que o "saber" e a "distinção" que ele promove gostem de estabelecer fronteiras e barreiras protectoras. Aliás, a feira (e esta feira em particular, com um largo espaço a produções exteriores, internacionais e "exóticas") é o lugar real da mestiçagem que os discursos do "saber" usam como moda e recurso de autoridade. Mestiçagem de origens e culturas, e também de gostos, de lugares sociais de produção e de estratégias de vida, desordenadamente, como convém: o útil e o inútil, o "autêntico" e o comercial, sem separações predefinidas. Aí e assim se comprova que arte popular (artes populares) e artesanato (artesanatos) são classificações operativas flutuantes, cujos conteúdos não são fixos ou invariáveis; estão constantemente postos à prova. Convém pensar o Museu (o Museu de Arte Popular de Belém) com os pés na Feira (a FIA).
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No catálogo de 2008, FIGURAS & FIGURADOS Rostos, almas e máscaras no figurado tradicional e contemporâneo português (ed. Instituto do Emprego, por ocasião da FIA), reproduziu-se o texto de Ernesto Veiga de Oliveira sobre Rosa Ramalho - RR, Rosa Ramalho(a) - que fora publicado em edição policopiada no âmbito da exposição que lhe fora dedicada na 1ª Feira Internacional de Artesanato - FIA 1988.
Rosa Ramalho figura na colecção do MAP desde quando? A sua "descoberta" (ou consagração nos meios intelectuais, o que é outra coisa) é atribuída ao pintor e poeta António Quadros, que a convidou a dar uma aula na Escola de Belas Artes do Porto - em 1960 (?). Foi depois (?) presença regular no Mercado da Primavera, que se realizava junto ao MAP, e em 1968 foi condecorada - pelo SNI (?) na feira de artesanato de Cascais, com a medalha "As Artes ao Serviço da Nação".
http://www.museuolaria.org Até Agosto de 2010
ver: ...Rosa-ramalho/
Muito interessante! Não sou especialista na área, mas é possível ver nas tramas dos fios o emaranhado de culturas da Europa, África, Ásia e da própria América nesta manta. Por uma rápida pesquisa no google, o nome manta de reguengos remete a uma técnica portuguesa da região do Alentejo... mas e essas cores? tem um to de África, não? hehehe
Posted by: Thomas | 07/03/2009 at 01:47