Ficha do Inventário do Património Arquitectónico da ex-DGEM relativa ao Museu de Arte Popular (actualizada em 2004 e 2007), acessível no portal Monumentos.pt mantido pelo IHRU, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional), organismo que herdou algumas das competências e o património documental da ex-DGEM, Direcção Geral dos Edifícios Nacionais, parcialmente agregada ao ex-Ippar no actual Igespar.
Museu de Arte Popular, fachada Norte (em obras de reabilitação, 2004?). Foto DGEM
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(ou www.monumentos.pt > abrir "Sistema de informação" > preencher "Designação": Museu de Arte Popular)
O texto é acompanhado por 10 fotografias do MAP (edifício e elementos decorativos exteriores) e por 5 desenhos de arquitectura (plantas e alçados)
Transcreve-se a seguir o documento integral, com revisão da pontuação e de gralhas, mas acompanhado pela sinalização de notas complementares ou rectificativas a desenvolver.
IPA - Monumento
Nº IPA - PT031106320249
Designação - Museu de Arte Popular
Localização - Lisboa, Lisboa, Santa Maria de Belém
Acesso - Avenida Brasília
Protecção - Em vias de classificação (1); incluído na Zona Especial de Protecção do Mosteiro de Santa Maria de Belém (v. PT031106320005)
Enquadramento - Urbano, destacado, isolado, implantado em plataforma costeira, junto ao Rio Tejo entre as docas de Belém e de Bom Sucesso. A N., separado pela estrada e linha férrea de Cascais, o Centro Cultural de Belém (v. PT031106320402). A O., os edifícios da Defesa Marítima e a E. o Espelho de Água (v. PT03110320601) e o Padrão dos Descobrimentos (v. PT031106320600).
Descrição - De planta irregular, em L, composta pela articulação de vários corpos de planta rectangular e quadrada, o edifício apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados a 4 águas e em terraço. A organização dos volumes acentua a sua distribuição horizontal, e caracteriza-se genericamente por corpos de duplo pé direito, com caixa murária em reboco pintado com roda-pé em tijolo, e abertura a ritmo irregular de janelões estreitos rectangulares, dispostos em agrupamentos.
O alçado principal a N. é constituído por 5 corpos interligados entre si. Distingue-se a O., corpo mais elevado de secção quadrada, que se assemelha a uma torre sineira, apresentando, a preceder a cobertura, 1 janela de peito por alçado. A eixo e num corpo reentrante relativamente aos 2 corpos que o ladeiam (situados no mesmo plano), identifica-se o acesso principal ao interior do edifício: 3 arcos de volta perfeita, perfurados ao nível do piso térreo por vãos de verga recta, e preenchidos superiormente por material cerâmico disposto de forma padronal. Ao corpo intermédio a O., flanqueado pelo acesso e pela torre, adossa-lhe um corpo rectangular que actua como pátio interior; localizado num plano avançado relativamente aos corpos descritos, podem observar-se alçados com abertura de arcaria em volta perfeita. Identifica-se ainda na parte posterior do corpo a E., caixa murária sobrelevada, revestida de material cerâmico, correspondente a um outro módulo do edifício.
Nos alçados laterais, destaca-se a integração de painéis escultóricos com representações em baixo e médio relevo de várias actividades rurais.
Com acesso através de átrio amplo, os espaços definidos pela volumetria exterior articulam-se entre si no interior, através de corredores, e correspondem a diferentes zonas temáticas do Museu, em cuja componente ornamental se destacam obras de pintura e escultura aplicadas à arquitectura da autoria de Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Anahory. (2)
Descrição Complementar - Não definido
Utilização Inicial - Cultural: museu
Utilização Actual - Cultural: museu
Propriedade - Pública: estatal
Afectação - IMC <Instituto dos Museus e Conservação>, DL n.º 97/2007, de 29 Março
Época Construção - Séc. 20
Arquitecto | Construtor | Autor
ARQUITECTOS: António Maria Veloso Reis Camelo (1940);
João Simões (1940);
Arq. Jorge de Almeida Segurado (1898-1990), adaptação a museu anos 40; (3)
ESCULTORES / PINTORES: Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Fortunato Jaime Anahory (1937). (ver nota 2)
Cronologia
1940 - Inauguração do edifício integrado no conjunto construído para a Exposição do Mundo Português de 1940, integrando a Secção da Vida Popular, organizada pelo Secretariado da Propaganda Nacional; aquela Secção de Vida Popular possuía 3 pavilhões ligados entre si, recorrendo ao folclore como veículo do nacionalismo português, considerando os brandos costumes e o Estado Novo como factores de paz e refúgio; o projecto foi de António Maria Veloso Reis Camelo (1899-1985) e João Simões (n. 1908); (4)
1941- concurso público lançado pela Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém, para adjudicação da empreitada de adaptação e modificação dos Pavilhões da Secção Etnográfica Metropolitana a Museu de Arte Popular, sendo lançadas sucessivas empreitadas; o acervo do museu, básicamente do séc. 20, baseia-se na recolha de peças para a Exposição de Arte Popular Portuguesa, apresentada em Genebra, em 1935; (5)
1937 <? - por 1947?>- decoração do museu, conforme projecto de Eduardo Fortunato Jaime Anahory; (6)
1948 - inauguração do Museu após uma adaptação às novas exigências funcionais, com algumas alterações construtivas, em particular nas fundações e paredes exteriores, considerando 5 salas representando as regiões de Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Ribatejo e Algarve;
1970 (década de) - desse conjunto de edifícios, também designados por secção Etnográfica Metropolitana foram demolidos corpos a Poente onde se inseria a torre farol, que subsiste ainda hoje a SW., isolada; (7)
1991 - por despacho datado de 12 de Dezembro foi determinada a abertura do processo de classificação do imóvel;
1995 - inauguração da Sala de Exposições Temporárias. (8)
Tipologia - Arquitectura cultural, do Estado Novo. Pavilhão de exposição / museu.
Características Particulares - De volumetria agarrada ao terreno possui uma gramática arquitectónica e decorativa de influência historicista (9) e popular com grande unidade e simplicidade na composição das suas fachadas. O edifício do Museu constitui hoje um dos objectos memória e simbólicos da Exposição do Mundo Português de 1940, onde como Pavilhão Expositor de carácter efémero e cenográfico integrava a Secção de Vida Popular. As obras a que foi sujeito para museu não alteraram o seu carácter.
Dados Técnicos - Paredes autoportantes
Materiais - Alvenaria mista (tijolo na sua maioria), reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado
Bibliografia
Arte Portuguesa - Anos Quarenta, Lisboa, 1982;
FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, 1985;
ALMEIDA, Pedro Vieira de, FERNANDES, José Manuel, A Arquitectura Moderna, in AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 14, Lisboa, 1986;
PORTELA, Artur, Salazarismo e Artes Plásticas, Lisboa, 1987;
FERNANDES, José Manuel, A Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1993;
PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do Séc. I à Actualidade, Porto, 1994;
Mário Novais - Exposição do Mundo Português 1940, Lisboa, 1998;
CANELAS, Lucinda, O Império na Palma da Mão, in jornal "Público", Lisboa, 1998/05/31;
SIGERP, LDA (Gabinete de Estudos para a Recuperação do Património Arquitectónico e Urbano), Instituto Português de Museus, Estudo Conducente à Recuperação do Imóvel que Instala o Museu de Arte Popular, Lisboa, Julho 1998;
GALVÃO, Andreia Aires de Carvalho, Jorge Segurado (1889-1990), o arquitecto, o seu tempo e a sua obra, in "Arquitectos", nº 189, Mar/Abr. 1999;
PINTO, Teresa de Jesus da Costa, A Exposição do Mundo Português (1940) e as suas arquitecturas (tese de mestrado), Lisboa, Universidade Lusíada, 1999;
ALMEIDA, Pedro Vieira de, Arquitectura no Estado Novo: uma leitura crítica, Livros Horizonte, Lisboa, 2002;
GALVÃO, Andeia Maria Bianchi Aires de Carvalho, O Caminho da Modernidade - A travessa portuguesa, ou o caso da obra de Jorge Segurado como um exemplo de complexidade e contradição na Arquitectura (tese de doutoramento), Lisboa, Universidade Lusíada, 2004;
GUIMARÃES, Carlos, Arquitectura e Museus em Portugal: reinterpretação e obra nova, FAUP Publicações, Porto, 2004;
sites net: //viajar. clix.pt/com/;
www.instituto-camoes.pt/arquivos/artes/expo/1940.htm;
www.instituto-camoes.pt/arquivos/artes/afirmcombat.htm.
Documentação Gráfica - IHRU: DGEMN/DRELisboa/DRC/DIE, DGEMN/DSEP, DGEMN/DRELisboa; FCG
Documentação Fotográfica - IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/GSRP
Documentação Administrativa - IHRU: DGEMN/DSEP
Intervenção Realizada
DGEMN: 1941/ 1942 / 1943 / 1944 / 1945 / 1946 / 1947 / 1948 - estudo de consolidação; substituição das fundações das paredes com 0.40 x 0.50 m por alvenaria de pedra rija; no solo uso complementar de estacas betonadas com comprimento médio de 3.00 m: 2 estacas na periferia e no eixo da fundação das paredes, 4 estacas nos cunhais das paredes, 1 estaca intermédia no eixo da fundação das paredes com 5.00 m de distância entre montantes e intervenção ao nível das paredes exteriores, para remodelação para a nova função;
1950, Janeiro - Reparação do tecto e telhados do claustro: levantamento da cobertura, substituição dos madeiramentos, arranjo dos beirados e tectos, nova cobertura em telha portuguesa, tectos de madeira e estafe e pintura a óleo das madeiras;
1985 - reparação da cobertura e dos esgotos na zona denominada dos claustros;
1995 - obras de recuperação; inauguração de uma sala para exposições temporárias;
2000 / 2001 / 2002 / 2003 - projecto de reabilitação - 1º fase (MAP - salas das Beiras, Ribatejo, Estremadura e Alentejo): demolição das esteiras, instalação da rede eléctrica, protecção de pinturas murais e do espólio museológico; renovação das coberturas; drenagem dos pavimentos térreos, drenagem periférica, pré-instalação de redes eléctricas e de detecção de segurança, reabilitação das instalações sanitárias; Aplicação de tijoleira, recuperação e tratamento de paredes; recuperação das carpintarias das escadas e galeria; Protecção de pinturas murais nas salas Algarve, Pátio, Trás-os-Montes e Entre-Douro e Minho; Acondicionamento e transporte das peças museológicas das Salas do Átrio, Trás-os-Montes, Entre-Douro e Minho para as Salas das Beiras e Alentejo; Recuperação de vãos interiores e exteriores (portas e janelas); recuperação de gradeamentos (exteriores); restauro de equipamento de expositores (madeira, vidros); colocação de todo o equipamento sanitário; colocação de estores interiores tipo sol-screen; pintura de paredes interiores; instalação de rede de segurança (Incêndio e Introsão);
2004, Setembro - projecto de reabilitação - 2ª fase (Espaço da Recepção, Salas Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, dos Carros e do Algarve): Reabilitação e recuperação das coberturas e suas estruturas correspondentes aos espaços da Recepção e das salas de Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, Algarve e dos Carros, optando-se por painéis sandwich de estrutura semelhante à cobertura já reabilitada, contemplando a execução de caleiras, o capeamento das empenas e dos muretes a chapa de zinco nº 12 com juntas agrafadas e a colocação de tubos de queda das águas pluviais e respectivos capitéis em cobre, com secção de 80x120mm, em cor natural, que se tornará acastanhada com o tempo, e mangas protectoras até à altura dos socos das fachadas; execução de escada interior em aço galvanizado, de acesso às coberturas pela Torre, e de 5 escadas exteriores de articulação e acesso entre as coberturas das diversas salas, do mesmo material; defenição das grelhas metálicas, alçapões, guarda pés e guardas de protecção laterais dos passadiços do Tipo 1 e 2, de visita aos plenos da cobertura, do projecto de estruturas; execução de uma rede de Iluminação e de detecção de incêndios junto à cobertura de apoio ao respectivo pleno (em fase posterior será integrada uma 2º rede nos tectos falsos); construção provisória de um túnel de acesso às respectivas instalações devidamente protegido; protecção dos frescos nas Salas da Recepção e do Algarve de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras; protecção do mobiliário fixo nas Salas de Recepção e Entre-Douro e Minho, de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras.
Observações - Não definido
Autor e Data - Teresa Vale e Maria Ferreira 1998
Actualização - Teresa Furtado 2004
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