Foto Annett Bourquin, "O Leão que ri", Maputo (1958-2006?)
A exposição terminou (no CCB / Museu Berardo), mas um comentário que chegou a uma nota antiga - quando a mostra de Pancho Guedes da Suíça não tinha sequência em Lisboa (e acabou por ter numa escala bem maior e com outro comissariado) - justifica uma nova referência.
"His connection with Africa allowed Pancho to liberate himself from the
constraints and restrictive ideas that dominate the mainstream of the
art world" - escreve Isabel Barros
Pancho Guedes (e Samora Machel) no CCB
É de facto a ligação a África (e em especial a Moçambique) que torna possível a imaginação fulgurante e livre daquela arquitectura e de tudo que a acompanha, a escultura e também a pintura, com a sua direcção comunicativa, confluência de origens e desafio das inúteis maneiras ambientes. É também a ligação a África, mais a imaginação e a liberdade criativa que explicam um certo silêncio feito à volta de uma obra que não cabe na rede das conveniências medíocres.
Um grande catálogo fica como registo "incontornável" de uma das principais exposições levadas a cabo pelo Museu Berardo, e no CCB desde sempre, mas ficam também algumas questões em aberto: haveria que abordar o destino daquele fabuloso espólio, certamente a partilhar com Moçambique, a que em grande medida pertence.
E se houvesse desígnios de políticas culturais e de estratégias internacionais (em vez de delírios extravagantes como o Africa.Cont), a exposição daria origem a projectos de cooperação que apontassem para o mapeamento das obras ainda existentes em Moçambique e para o apoio à respectiva conservação - aliás, as autoridades de Maputo (e o próprio presidente Guebuza) estão agora mais dispertas para a importância daquele património arquitectónico de segura projecção internacional.
Acrescentem-se os links do site "oficial" www.guedes.info e dos filmes e entrevistas de Pancho Guedes no YouTube
E por último destaquem-se as fotografias recentes das obras de Pancho Guedes da autoria de Annett Bourquin , discretamente presentes no catálogo ("Reinterpretações e ruínas") e na exposição. O catálogo-revista (nº 3, 2008) do Museu Suíço de Arquitectura, Basel, incluíu o ensaio fotográfico "Smiling lions, dragons and other revolutions" e o 3º (e último?) PhotoFesta de Maputo contou com a exp. "Pancho Guedes, o arquitecto", em 2006.
Fico sempre sem entender se você é critico de arte ou analista politico...!
Posted by: Jorge Bastos | 09/03/2009 at 22:13
Óptimo! Obrigado.
Posted by: ap | 09/03/2009 at 22:55
De nada! Está num país onde entre pseudo-politicos e pseudo-artistas...ainda acabará no desemprego...
Posted by: Jorge Bastos | 09/03/2009 at 23:03