ARQUIVO, Expresso, Cartaz, Actual de 11-03-95, pág. 4
"Refundar a Fundação de Serralves"
A articulação da actividade da Fundação de Serralves com o Instituto Português de Museus, no sentido do reforço da colaboração mútua e da integração futura do Museu do Porto, quanto aos seus objectivos e linhas de programação, na rede dos museus nacionais, foi objecto de uma reunião realizada entre Lisboa entre Simoneta Luz Afonso e elementos da administração daquela Fundação.
Álvaro Siza deverá concluir o ante-projecto do Museu antes do final do mês e, segundo João Marques Pinto, a respectiva construção, orçada em quatro milhões de contos, poderá iniciar-se já no final do ano ou no início de 1996. O acesso a fundos comunitários estará certamente assegurado, ascendendo a 75 por cento dos custos da obra, e existem compromissos da parte do Estado, através do ministro Valente de Oliveira, no sentido da sua contribuição com os restantes 25 por cento.
Por outro lado, João Marques Pinto caracteriza o momento actual como uma «refundação da Fundação» de Serralves, esperando que em três anos os mecenas consigam elevar o montante das suas contribuições financeiras até igualar a verba a investir pelo Estado na construção do Museu. Desde Setembro, foram já angariados 24 novos sócios que se comprometeram a contribuir, cada um deles, com 20 mil contos no prazo de três anos e estão a ser solicitadas novas contribuições aos sócios fundadores — cerca de 30 dos mecenas mobilizados em 1989 estão ainda activos e metade já se terá comprometido a renovar as suas quotas.
Entretanto, o último acordo estabelecido com Santana Lopes elevou a prestação anual da SEC para 190 mil contos, embora os custos actuais de funcionamento se elevem já a 220 mil contos/ano.
Na reunião com a direcção do IPM, que terá uma próxima sequência em Abril, no Porto, foi afirmada a necessidade de se iniciar uma política de aquisições de obras de arte, com o apoio do Estado, e a Fundação avançou a hipótese de repensar o horizonte cronológico do acervo do futuro Museu, propondo o seu início nos anos 80 por razões de realismo quanto às compras possíveis de obras internacionais. Não está, no entanto, definido que Serralves não venha a dispôr de núcleos de obras que assinalem momentos fortes de afirmação de movimentos artísticos no Porto, como os que ocorreram em meados da década de 40 e também nos anos 60.
Uma próxima reunião da administração de Serralves para debater estas questões e o programa do futuro Museu está marcada para dia 15, esperando-se que Fernando Pernes, director artístico de Serralves, apresente um projecto já definido de orientação museológica.
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