1998 e 1999 (4 notícias)
1 - Expresso, Cartaz, "actual", 14-11-98, p. 6
«Shortlisted»O mais importante prémio inglês de fotografia tem Augusto Alves da Silva entre os cinco finalistas
Imagens de «Road Works» («Estrada em Obras») que são projectadas em dois ecrãs opostos
AUGUSTO Alves da Silva é um dos cinco finalistas da edição de 1999 do mais importante prémio inglês de fotografia, o Citibank Private Bank Photography Prize, organizado em colaboração com a Photographer's Gallery, de Londres. Nas duas edições anteriores, em 97 e 98 (ver www.photonet.org.uk), os prémios distinguiram Richard Billingham e Andreas Gursky, enquanto este ano fazem igualmente parte da «shortlist» os nomes de Rineke Dijkstra – uma holandesa já apresentada pelos Encontros de Braga, em 1995 –, Alex Hartley, Yinka Shonibare e Paul Smith, todos eles jovens fotógrafos (ou artistas que usam a fotografia) nascidos entre 1959 e 1969. <R.D. foi a vencedora>
Os cinco finalistas irão participar numa exposição conjunta na Photographer's Gallery, entre 6 de Fevereiro e 27 de Março, e ao vencedor, designado a 9 de Março, será entregue um prémio de dez mil libras. O júri desta edição, também responsável pela selecção da «short list», é constituído por Iwona Blazwick, conservadora da Tate Gallery; Richard Dorment, crítico do «Daily Telegraph»; David Mellor, professor de história da arte da Universidade de Sussex e presidente do departamento de Artes Visuais do Arts Council, e Kate Tregaskis, directora da Stills Gallery, de Edimburgo.
O Citibank Private Bank Photography Prize distingue a «contribuição mais significativa para o medium da fotografia no ano anterior», na Grã-Bretanha, sem distinção entre formas impressas ou electrónicas e também sem limitação de idade ou nacionalidade dos artistas. Augusto Alves de Silva foi inicialmente nomeado para o prémio e convidado a apresentar outros exemplos do seu trabalho para serem apreciados pelo júri, sendo já a sua inclusão entre os cinco finalistas uma distinção com grande projecção no meio britânico e internacional. Em 1997, tinham sido seleccionados, além dos vencedores, Uta Barth, Mat Collishaw, Philip-Lorca diCorcia e Catherine Yass e, no ano seguinte, Paul Graham, Hiroshi Sugimoto (actualmente exposto no CCB), Thomas Demand e Katia Liemann – em geral nomes destacados no panorama da fotografia e da arte contemporânea.
A nomeação do fotógrafo português resultou do acolhimento muito favorável que obteve a individual que apresentara em Junho na galeria Chisenhale, uma instituição pública londrina para a fotografia então dirigida por Judith Nesbitt, agora à frente da programação da Whitechapel. O trabalho exibido, Road Works (Estrada em Obras) – dupla projecção em dois ecrãs opostos de 324 imagens feitas ao longo de 1,6 km de uma estrada de montanha dos Picos de Europa, em Espanha, sempre com intervalos de dez metros –, merecera uma crítica de Richard Dorment intitulada «On the road to a brilliant career».
Também em 1998, A. A. S. participou com outros dois artistas numa mostra da galeria Annexed, de Londres, intitulada «Health and Safety», mostrando a vídeo-instalação Lisboa 96, antes incluída na colectiva «Livro de Viagem», comissariada por Tereza Siza para a Feira de Frankfurt e já exposta no CCB. Ambas as obras tinham sido entretanto adquiridas para a colecção do Instituto de Arte Contemporânea, no âmbito do programa de compras orientado por Isabel Carlos.
Ainda durante o ano em curso, teve uma mostra individual no Museu Rainha Sofia de Madrid, por ocasião da Arco, com Estrada em Obras e Uma Cidade Assim (Matosinhos), e publicou o livro Pasage, em edição do Centro de Fotografia da Universidade de Salamanca, expondo individualmente este trabalho durante o festival «Imago '98», na mesma cidade, para além de ter participado na exposição «À Prova de Água», no CCB, entre outras colectivas em Berlim, Santander, Pontevedra e Lyon.
Nascido em 1963, Augusto Alves da Silva estudou fotografia no London College of Printing e concluiu em 1997 uma graduação (MFA, Media) na Slade School, trabalhando actualmente entre Lisboa e Londres. Da sua actividade anterior destacam-se a participação na Europália, em 1991, e o projecto «ist», editado em livro pelo Instituto Superior Técnico e exposto na Culturgest, em 1995-96.
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2 - Expresso, Actual, 30 Jan. 99
"Fotografia a prémio"
Fotografia de Rineke Dijkstra, «Montemor, Portugal, 1994»
PARA além de Augusto Alves da Silva, há outra presença portuguesa na edição de 1999 do Citibank Private Bank Photography Prize, cuja exposição final decorrerá a partir do dia 6 de Fevereiro na Photographer's Gallery de Londres (até 3 de Abril). Trata-se de uma série de retratos de forcados apresentada pela fotógrafa holandesa Rineke Dijkstra, que em 1995 participara nos Encontros de Braga com um trabalho intitulado Beaches. Aí, mostrava adolescentes em praias da Europa e da América do Norte, vistos isolados e de corpo inteiro frente ao mar, inseguros e desengonçados, em fotografias que tanto lembravam retratos amadores como outros corpos e retratos célebres da história da pintura; agora expõe retratos frontais de forcados, fotografados após a pega e conservando no rosto e nas roupas as marcas deixadas pelo combate.
Vistos de busto, em retratos formais de estúdio, as equimoses, o sangue e os rasgões conferem-lhes uma estranha identidade, que a legenda («Montemor, Portugal, 1994») não esclarece por completo.
O Prémio Citibank, no valor de 10 000 libras, será atribuído no dia 9 de Março, a um dos cinco jovens fotógrafos - ou artistas que usam a fotografia -, de vários países, escolhidos por um júri britânico por terem apresentado, ao longo de 1998, na Grã-Bretanha, «as contribuições mais significativas para o médium da fotografia», incluindo instalações, projecções e manipulações informáticas ou fotografia tradicional. Nas edições anteriores foram premiados Andreas Gursky e Richard Billingham, fotógrafos com grande presença nos circuitos da arte contemporânea.
Outros dois fotógrafos seleccionados este ano, Paul Smith e Yinka Shonibare usam a «performance» e o auto-retrato em trabalhos referidos como explorações sobre a construção da identidade cultural. O primeiro encarna estereótipos sociais masculinos, usando fardas militares ou trajes da vida nocturna, multiplicando a sua presença por meios informáticos, enquanto Shonibare trabalha com um grupo de actores na criação de cenas de filme histórico em que ele próprio ocupa o lugar central na figura de um «dandy» negro (o seu trabalho Diary of a Victorian Dandy foi primeiro apresentado em painéis de publicidade do metropolitano de Londres). Outro finalista, Alex Hartley, expõe fotografias de arquitecturas modernistas e de interiores, onde a desfocagem se aproxima de um efeito pictural, no interior de caixas de grande formato que têm uma presença escultórica; distanciando a fotografia da representação, as obras são objectos que participam de múltiplas disciplinas.
Quanto a Augusto Alves da Silva, apresenta Road Work, uma dupla projecção paralela de imagens fixas realizadas ao longo de uma estrada de montanha, e também parte do projecto documental Uma Cidade Assim (Matosinhos, 1995). A partir do dia 1 de Fevereiro, o Chanell Four apresentará, depois do noticiário da noite, curtos filmes sobre os cinco artistas escolhidos para o Prémio Citibank, cujos trabalhos já são apresentados no site da Photographer's Gallery (www.photonet.org.uk). Entretanto, Alves da Silva estará na Arco de Madrid com imagens da série Pasage, apresentadas pela galeria Rocket.
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VER, de Jorge Calado, Expresso Revista de 06-03-99: "Da estrada para o metro" - Augusto Alves da Silva, fotógrafo de arte português, é um dos cinco seleccionados para o mais importante prémio inglês de fotografia, a atribuir na próxima terça-feira. A respectiva exposição, na Photographer's Gallery, em Londres, é uma amostragem transversal dos domínios da fotografia contemporânea
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3 - EXPRESSO, actual, 28-11-98
"Artista recusa nomeação"
A 5ª edição do Prémio União Latina de Artes Plásticas ficou reduzido a três finalistas
Augusto Alves da Silva, fotografia do livro “Pasaje'' (ed. Universidade de Salamanca, 1998)
O FOTÓGRAFO Augusto Alves da Silva recusou participar na 5ª edição do prémio de Artes Plásticas União Latina, em que era um dos quatro finalistas, ao lado de Francisco Tropa, Gilberto Reis e Patrícia Garrido. Na edição anterior, onde foi distinguido o escultor Rui Chafes, já tinha sido igualmente um dos seleccionados para a fase final do prémio e para a respectiva exposição na Fundação Gulbenkian, em Fevereiro-Março de 1997, na qual também participaram Francisco Tropa e Ângela Ferreira.
O Prémio União Latina, promovido de dois em dois anos pela organização intergovernamental do mesmo nome, tem o valor de 1500 contos e é destinado a artistas com menos de 40 anos, sendo organizado pelo Centro de Arte Moderna da Gulbenkian com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos.
Foi precisamente o facto de ocorrer uma repetição da indigitação como finalista em duas edições consecutivas que motivou a recusa, segundo o documento em que justificou a sua posição. Depois de manifestar o seu «respeito pela decisão do júri, que muito (o) honra», Alves da Silva afirma: «Seria deselegante da minha parte aceitar esta segunda nomeação, em duas edições consecutivas, tanto mais que tenho a certeza que existem outros artistas igualmente merecedores desta distinção. A nomeação para um prémio desta natureza significa um reconhecimento do valor do trabalho produzido e serve de estímulo para o prosseguimento do mesmo. Este é um aspecto extremamente positivo, do qual já beneficiei no ano passado.»
Conforme foi noticiado no «Cartaz» de dia 14, Augusto Alves da Silva fora entretanto nomeado finalista do mais importante prémio inglês de fotografia, o Citybank Private Bank Photography Prize, organizado pela Photographer's Gallery de Londres, cuja exposição decorrerá de 6 de Fevereiro a 27 de Março, mas o fotógrafo negou ao EXPRESSO que tal facto tenha motivado a não aceitação da nomeação pela União Latina.
Este prémio existe desde 1990, numa primeira fase orientado apenas para a pintura, tendo distinguido sucessivamente Pedro Calapez, Pedro Proença e Marta Wengorovius. A partir de 1996-97 passou a abranger qualquer produção na área genérica das artes plásticas e substituiu o seu modelo organizativo, com base no figurino do Prémio Turner, organizado também em Londres pela Tate Gallery. A apresentação de candidaturas por parte dos próprios artistas deu então lugar a uma selecção de finalistas a cargo de um júri nacional.
No entanto, foi o facto de algumas regras de funcionamento do Turner Prize e de outros prémios idênticos não terem sido exactamente seguidas que está na base do incidente agora criado. Em primeiro lugar, é habitual assegurar a concordância dos indigitados antes da divulgação pública dos seus nomes; em segundo lugar, pratica-se sempre uma rotação pelo menos parcial dos membros do júri, por forma a assegurar a independência e o pluralismo do prémio; por último, a eventual repetição de nomes dos seleccionados é rara e nunca ocorre em anos consecutivos.
No caso do Prémio União Latina, metade dos indigitados de 1998 já o tinham sido em 1996: Alves da Silva e Francisco Tropa. Não faltariam ao júri, felizmente, outros jovens artistas prometedores ou mesmo já confirmados pela regularidade das suas carreiras. Por outro lado, o júri de 96 foi integralmente mantido - integram-no Delfim Sardo, professor do Ar.Co e da FBAUL, consultor do CAM; Isabel Carlos, vice-presidente do Instituto de Arte Contemporânea (IAC); João Fernandes, adjunto do director do Museu de Serralves; e os críticos João Miguel Fernandes Jorge e João Pinharanda (também membro da comissão de aquisição do IAC). Segundo o EXPRESSO apurou, estava apenas prevista a renovação do júri ao fim de duas edições, ou seja, no ano 2000.
Reduzido a três finalistas, o prémio será atribuído por ocasião de uma exposição colectiva que terá lugar desta vez na Culturgest, de 29 de Março a 11 de Abril. Nessa última fase intervirá um júri internacional constituído por Thierry de Duve, Teresa Blanch, Ida Gianelli e Vicente Todolli, contando também com a presença de Jorge Molder e de Maria Renée Gomes, directora do escritório de Lisboa da União Latina.
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4 - 1999 - EXPRESSO, actual, 13-11-99"Dois fotógrafos em Londres"
Augusto Alves da Silva, fotografia da série «Ferrari»
AUGUSTO Alves da Silva inaugurou ontem na galeria Rocket, em Londres, uma exposição intitulada «Ferrari», onde apresenta a série de 11 fotografias com o mesmo título que produzira para a recente Bienal da Maia. A mostra, patente até 8 de Janeiro, inclui também uma projecção vídeo, White Line, que é visível do exterior da montra da galeria, enquanto a banda sonora só é audível no interior.
Ferrari foi realizada nas oficinas e stands da marca no Porto e na Maia, concentrando-se no impacto visual da respectiva cor vermelha, dos emblemas e uniformes dos mecânicos. O fotógrafo trata o automóvel como um ícone, mas com uma visão objectiva e crítica que se distancia das imagens promocionais e da procura da beleza formal. A mesma série fora já incluída na mostra «Surface Speed», comissariada por Jonathan Stephenson na Galeria Cirrus de Los Angeles, no passado Verão. White Line associa-se-lhe através de imagens ambíguas e abstractas em que domina a cor vermelha, sobre sons de tráfego urbano. No Porto, na Cadeia da Relação, Augusto Alves da Silva apresenta actualmente a instalação vídeo Fazer Tempo.
Entretanto, Paulo Catrica, que expõe agora a série «Liceus de Portugal» na Biblioteca Nacional, vai também ter uma exposição na Limelight Gallery da Lewisham Library, intitulada «SE 8 * 14», de dia 25 até 2 de Janeiro, com apoio do Centro Português de Fotografia.
Na sequência de Periferias, de 1998, o trabalho de Paulo Catrica, realizado em Londres, é apresentado por Ian Jeffrey como uma «experiência da cidade» na linha de uma Nova Topografia pós-moderna. Paisagens urbanas, aparentemente vulgares mas destituídas de referências que as tornem familiares, mostram espaços vazios, ruas e cruzamentos com uma objectividade fria de que nasce uma impressão de estranheza e inquietação, ao mesmo tempo que se reconhecem como imagens «exactas» da cidade actual.
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