(1987 - 2003): ARQUIVO: EXPRESSO, Cartaz
1987. I Bienal de Arte em Sintra (nota, apresentou «Prova de Contacto»). ?1990.«Algés - Trafaria (1990)» - Exp. ind. (indicada como 1ª), 19 fotos, 40x40 cm, brometo de prata - Ether, co-prod. Ether/ Urbe, para conferências sobre o estuário do Tejo, FIL 1990. Catálogo* com rep. e biogr.
1991. «A cidade dos objectos». Exp. ind. (2ª) para o Centro Português de Design, Fundação de Serralves. Cat.1994
«Alguns espaços culturais no concelho de Oeiras»
Exp. ind. (3ª). Lagar de Azeite, Palácio do Marquês, Oeiras, 10-30 Out. A acompanhar o colóquio «Espaços em aberto». Ed. poster com 14 fotos*
Cartaz de 22.10.94
"Correspondendo a uma encomenda sobre espaços culturais, para acompanhar um colóquio, A.A.S. volta a pôr em prática uma atitude fotográfica que é uma das mais originais no panorama actual. Trata-se, aqui (segundo a edição de um poster-catálogo), de satisfazer o propósito documental, respeitado como exigência da informação, com um rigor formal que é, ao mesmo tempo, o exercício de um olhar analítico e a vontade de suspender quaisquer efeitos de estetização, com uma frieza ou neutralidade que, num primeiro momento, pode ser confundida com o acaso fotográfico, tal como surge no instantâneo de amador. À partida insólitas pela sua aparência não artística (a frontalidade ou o enquadramento oblíquo que deixa restos laterais aparentemente não controlados, a distância do objectos, o uso não retórico da luz), as imagens ganham uma eficácia muito complexa, acumulando, com a presença de elementos supostamente irrelevantes, sinais que se lerão como passos adicionais da construção do seu sentido global. O carácter serial, a unicidade da imagens de cada assunto e a sua variabilidade de abordagem, com a recusa de um formulário estandardizado, são outros elementos a salientar numa prática em que o testemunho se cumpre e se questiona enquanto efeito imediato da fotografia."
1995
Cartaz de 20-5-95
CGD/Culturgest: "ist"
"Do livro à exposição, «Ist» é agora um outro objecto: apresentam-se provas a cores de grande formato (de dimensões variáveis) e a projecção de um diaporama, com imagens inéditas e a criação de novas séries e associações de sentidos, tirando partido do jogo das escalas e da mobilidade do visitante. Fotografando durante mais de um ano as obras de renovação do Instituto Superior Técnico e a vida que continuava no seu interior, A.A.S. realiza um documentário que se interroga sobre as possibilidades e os estilos da representação fotográfica, desenvolvendo diversas linguagens como uma prática de construção-desconstrução da informação, que põe à prova as convenções da neutralidade e da objectividade, da arte e da encomenda, abrindo, um campo imenso à possibilidade de ver melhor."
03-06-95: "A.A.S. pratica a fotografia com uma formação escolar feita já sobre bases conceptualistas (o que pode não ser o contrário de uma avançada formação técnica), e o seu trabalho exerce-se, com uma rigorosa disciplina intelectual, como uma desconstrução crítica daqueles formulários estilísticos, recusando os ensimesmamentos dominantes da «arte fotográfica» inexpressionista ou neo-picturialista. Com uma ironia certeira, reinjecta na sua obra as questões do uso da fotografia e da representação fotográfica, acentuando em simultâneo a eficácia da informação e a problematização da imagem, numa prática que pode viajar soberanamente entre a encomenda documental e a galeria de arte.
Aqui (no livro e na exposição, diferentemente), A.A.S. fotografa o Instituto Superior Técnico, e o documentário proposto é uma circulação intencionalmente interrogativa por diferentes estilos e géneros da fotografia, explorando a riqueza e a ambiguidade das imagens com um olhar que pode ser entendido como frio e objectivo mas é também uma inventiva exploração dos lugares, atitudes que se prolongam numa montagem em que todos os recursos da escala, da série, do ritmo são postos em cena. Como escreve Jorge Calado («Refutações do estilo»), «esta é uma arte difícil — aquela que teima em não ser artística».
1998: 21-02-98
Rainha Sofia, Madrid: "Uma Cidade Assim" e Estrada em Obras
"AAS foi destacado desta mesma exposição, por iniciativa espanhola, para ocupar uma galeria do Museu Rainha Sofia, o que significa o justíssimo reconhecimento do outro nível de qualidade atingido pelo seu trabalho (mas a recente instalação em Serralves pareceu obra falhada). "Uma Cidade Assim", projecto documental encomendado por Matosinhos, tem agora montagem mais perfeita, na instalação de um friso envolvente de provas de grande formato, em que variam as imagens aproximadas (corpos seccionados de transeuntes) e espaços urbanos ou paisagens vistas à distância, sem tema preciso. A variação das escalas motiva a instabilidade física do espectador, que ora coincide com aqueles vultos ora se aproxima das «vistas» para melhor interrogar os possíveis sentidos das imagens. Entre o anonimato das figuras próximas e os espaços abertos onde procuramos pontos de ancoragem do olhar, de interpretação e de projecção, o trânsito é infindável.
Uma outra experiência do tempo, topográfico e interior, é a que acontece no inédito Estrada em Obras, dupla projecção de diapositivos sincronizados onde se percorre, a pé, avançando e recuando, em ecrãs frontalmente opostos, um mesmo longo itinerário de montanha. Está aqui presente a mitologia da estrada e da fotografia de viagem, reconvertida numa original percepção do espaço e da velocidade, ritmada pela sequência das imagens e o som do projector, entre o sentido linear marcado no piso asfaltado e uma expectativa sempre adiada de qualquer surpresa que venha propor o significado final do percurso, entre a sujeição ao esplendor da paisagem e a constante reconstrução de um novo ponto de vista, com que cada fotografia se interpõe inexoravelmente como real fotográfico ao enleio do olhar. Imagine-se a invisibilidade desta instalação se fosse apresentada na Arco, espaço de compra e venda que por equívoco se oferece à multidão..."
1999
EXPRESSO, Cartaz, 6 Nov. 99, pp. 22-23 - "De viagem" (extracto)
Cadeia da Relação, CPF : Fazer Tempo
Fazer Tempo, de Augusto Alves da Silva, vídeo-instalação com projecção simultânea em três grandes ecrãs, dispostos lado a lado na mesma parede, com duração de 58 min. em banda contínua, sem princípio nem fim. São imagens em movimento, em sequências que quase sempre se repetem nos diferentes ecrãs, ritmando o tempo e condicionando o fluxo do espectáculo, acompanhadas pelos respectivos sons ambientes (sobrepostos, cacofónicos, em geral estridentes), às quais os espectadores dedicarão diferentes tempos de observação, vendo-as brevemente como justaposição de imagens banais, recusando-as como uma situação incómoda, ou deixando-se invadir por uma expectativa ou um fascínio hipnótico que o fará demorar longamente, mas que nunca se resolverá num sentido explicativo, ficcional ou documental.
As sequências e os seus diversos lugares (dos elevadores de um centro comercial em Lisboa a um espectáculo em Las Vegas) não comportam referências localizáveis, igualizando todos os espaços urbanos, nem se impõem por qualquer estranheza ou estímulo particular (artístico, emocional, etc). Muitas das imagens poderiam ter sido captadas por câmaras de vigilância, e outras perseguem ou recortam corpos em movimento, em geral femininos, pondo à prova o lugar e a condição do espectador (que olha sem ser visto), num espaço-tempo desrealizado onde se exercita o fascínio da imagem fílmica e a obsessão voyeurística, questionando o mecanismodo desejo e o excesso de visão.
2003 : 06-09-2003
Cadeia da Relação, Porto: "2"
"Últimos dias da mostra intitulada «2», que inclui 15 fotografias a preto e branco de grande formato que A.A.S. realizou durante ensaios da Companhia Nacional de Bailado, apresentadas na grande sala do tribunal. O título pode ser lido como uma referência a uma exposição anterior resultante duma encomenda da mesma Companhia («CNB 2001»), na qual o fotógrafo fizera uso da cor, mas ganha um outro sentido possível se notarmos que se trata aqui sempre de um só par de bailarinos, observado durante os ensaios de um «pas-de-deux». Através da sequência das imagens, simetricamente expostas, que recortam fragmentos de corpos em exercício, em contacto e em descanso, alternando situações de tensão e distensão, momentos de esforço físico e de relação erótica, os figurinos e a nudez, estabelece-se um contexto de incerteza sobre a dimensão ficcional correspondente à peça coreográfica representada pelas personagens e a intimidade real do relacionamento pessoal dos bailarinos, desestabilizando a abordagem documental através de um olhar talvez «voyeurista» e, em consequência, a interpretação segura das imagens. Expostas sem qualquer argumento explicativo, as fotografias transformam a realidade que observam num enigma visual, projectando sobre o observador a dúvida sobre o que vê e sobre as motivações do olhar. Ao contrário da série que A.A.S. expôs no CCB, em «Arquivo e Simulação», onde um texto pré-determinava o sentido do trabalho e da sua leitura, de um modo unívoco, estética e politicamente pobre."
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