Por agora, Henrique Manuel e também Carlos Ferreiro, Martim Avillez, ou, noutras pistas, Maria Beatriz e Luisa Correia Pereira. Pistas singulares. Por sinal, não figuram no Roteiro da Colecção do CAM de 2004 (Leonor Nazaré) e só o primeiro foi capa da Colóquio. A instituição vai escolhendo os seus artistas institucionais, ou oficiais.
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Duas páginas com desenhos de Henrique Manuel
para
Edições Afrodite / Fernando Ribeiro de Mello, 1974 (coord. e introd. Manuel João Gomes)
e tb
Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, Séculos XVIII-XIX (sel.e notas de João Martins Garcia) Edições Afrodite / Fernando Ribeiro de Mello, 1978 (ilust. para a "Martinhada" de Caetano da Silva Sotto-Mayor)
Henrique Manuel foi "capa" da Colóquio Artes em 1974 (nº 33 - com artigo de José Luís Porfírio). Aliás, as capas da Colóquio (...70) e Colóquio Artes, desde 1971, mostradas em sequência no piso inferior, espaço havia, dariam um ilucidativo panorama da oficialização das "vanguardas", e um tendencioso critério tb. O tema foi objecto de dissertação oficiosa, prudente e útil, de Margarida Brito Alves, ed. Colibri / IHA-UNL, 2007.
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Por falar em ilustrações, que podem ser uma forma de intervenção forte, para além do humor político de João Abel Manta, é de lembrar que Carlos Ferreiro e Martim Avillez (este em Nova Iorque) também dão à actividade uma atenção muito especial. Eduardo Batarda igualmente, com o conhecido sentido crítico ou sarcástico (A Arte de Furtar, ed. Afrodite, é de 1970).
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Há nestas antologias duas direcções de trabalho essenciais:
a - privilegiar os autores singulares, com obras (de destino mais ou menos longo - ou fugaz, mas marcante) que são irredutíveis ao que foi sendo o formulário comum de uma época, enquadrado pelos seus críticos e promotores (agora curadores) sob colectivas designações estilísticas (ou estilosas), que convém seguirem de perto e com o menor atraso possível as "tendências" que as capitais ditam; singulares, solitários, originais e diferentes, irredutíveis e em geral irreverentes, ao contrário dos que se apontam como os "artistas canónicos";
b - seguir a "história universal" (a dos centros) e ir sinalizando os nossos representantes nacionais das várias "tendências". Às vezes os mesmos personagens, gente muito atenta, até podem ir representando várias sucessivas "correntes" ou estilos colectivos. São importantes porque têm entrada nos manuais escolares (também temos cá disto...) e até podem ter a sorte de um dia entrarem numa antologia internacional alargada (por exemplo, o support-surface praticado noutras línguas). Segundo me parece, não é possíven encontrar cá um minimal/conceptual ou pós e etc que consiga ter relevância faces às referências cá chegadas à época. Mas também é certo que são essas selecções que entendem (?) os estrangeiros especialistas que aqui vêm, porque são iguais a todas as outras e assim dão acesso a mais um certificado de cosmopolitismo provinciano.
Optando pela 1ª escolha iríamos encontrar nos anos 70 a aparição forte de Maria Beatriz (a "atravessar fronteiras" desde Paris e da Holanda),
ou a presença desalinhada de Luisa Correia Pereira (vinda de Paris em 74). Por sinal, ainda há aguarelas desses anos 70 na exposição agora em curso na galeria e antiquária São Roque ("L'Enfant Terrible" - Rua de São Bento 199B - até 30 Nov.)
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