Estava à procura da notícia sobre a exposição do António Carrapato no Museu de Évora, seguindo a pista do Sérgio Gomes em artephotographica.blogspot.
e aparece-me o caso (sério) da hipótese de demissão do Joaquim Caetano: http://www.publico.pt/Cultura/director-do-museu-de-evora-coloca-cargo-a-disposicao_1413952
Vamos por partes, e 1º os artistas depois os directores-curadores-etc, por questão de princípios:
Nunca tinha ouvido falar ou reparado (ou esqueci-me, certamente, porque é uma presença frequente na imprensa) do António Carrapato, mas, depois de espreitar o seu site - http://antoniocarrapato.com/ - , decidi logo ir ver a exposição no Museu de Évora. É, parece ser, uma interessante surpresa alentejana.
ADENDA: A surpresa confirmou-se. Devia ter escrito sobre a excelente exposição do António Carrapato.
Catarina Ferrer (Galeria Pente 10) e António Carrapato no Museu de Évora, exposição "Nós", 27 Nov. 2009 - 12 Jan. 2010
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Péssima surpresa é a zanga* do Joaquim Caeteano, paciente director-reconstrutor do Museu de Évora, em fase de reabertura. Pela leitura em diagonal da notícia tb do Público, ele tem grande parte da razão do seu lado: não é possível trabalhar sem orçamentos de actividades, aquisições, etc - e o IMC-IPM + o MC + o PM têm de ser alertados para isso.
Mas tb há que encontrar meios de financiamento, patrocínios, consórcios, relações exteriores ao IMC para programar as actividades necessárias, e o papel dos directores inclui agora esse domínio** (é o chamado progresso, desde que os museus não são espaços imóveis - mas sem se admitirem histórias tipo Elipse, BPP, Rendeiro, Chiado, Lapa, que são o péssimo exemplo extremo da inventividade orçamentária que parece exigir-se ou aceitar-se...).
O mecenato está quase parado, com a crise, e ter de mendigar patrocínios empresariais nesta situação é inaceitável. Mas, Évora (como o Museu do Coa e o Museu de Arte Popular, pelo menos) pode ser um dos casos em que poderiam ter êxito novas fórmulas de gestão abertas a parcerias locais, e para isso é preciso fazer-se um debate prévio, rápido e produtivo, sobre o tema. E tb é é preciso exigir (com realismo e atenção ao défice) que o Estado e o seu Orçamento para 2010 cumpram o respectivo papel. O momento e os protagonistas-parceiros (Caetano-Brigola-Summavielle-Canavilhas) parecem ser favoráveis a um acordo que tranquilize a situação e abra portas para que venha à superfície pública - e se trate - um insuportável mal-estar nos museus públicos.
Aliás, se há dinheiro para novos museus como os Coches, o Governo perde a face quando corta os mínimos aos museus que existem e estão a funcionar bem. É o caso com Joaquim Caetano, ao que julgo.
**É melhor serem os directores a procurar financiamentos externos do que dependerem de um gestor-administrador que cumpra esse papel.
* em adenda: Não será talvez (não foi) zanga, masa antes uma ponderada deliberação sobre a carreira e os objectivos pessoais, entre o trabalho de investigador-historiador e o papel de gestor. Mas são os exíguos ou nulos orçamentos de funcionamento dos museus nacionais que estão na origem desse dilema.
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