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A Gulbenkian não podia cortar o orçamento de produção da sua grande exposição sobre a natureza morta europeia dos séculos XVII e XVIII, mas cortou as verbas da promoção, porque a crise toca a todos e as respostas à crise são ou parecem ser muitas vezes absurdas. Ajudemos então a publicitar uma exposição sem paralelo na nossa história recente (e antiga?) e que é também uma iniciativa de grande relevo em termos internacionais: têm-se multiplicado as revisões sectoriais e regionais, mas são raras e distantes as mostras com intuitos de traçar um panorama geral da n-m.
Josefa de Ayala (dita de Óbidos), 1630-1684, Natureza-morta com doces e barros, 85x160,5. Santarém, Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire
Esta e outra obra aí mostrada são das mais significatiovas pinturas decorativas da freira portuguesa, mas faz falta a representação do respectivo pai, Baltazar Gomes Figueira, que foi um mais notável pintor e esteve em mais directo contacto com Francisco de Zurbarán em Sevilha. Dele tem o Louvre uma Nature morte au poisson, uma truta, que teve uma grande notoriedade enquanto obra de autor desconhecido usada na capa de um livro clássico do especialista Charles Sterling.
* Entretanto, nunca é demais lembrar que "a" Gulbenkian fica também responsável por um acréscimo de incultura a propósito de pintura e em especial de Natureza-morta ao ter deixado passar sem revisão a absurda tradução do título original "IN PRESENCE OF THINGS" como "A perspectiva das coisas". A presença é muito mais que a perspectiva. E aliás, qual perspectiva? É que há várias...
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ver também "A arte da mesa / Mesas pintadas" ( aqui )
e "Humildes coisas" / A Natureza morta nas Colecções Alentejanas, Museu de Évora, 1999 (naturezas-mortas)
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