"Beiras. Flancos de Portugal. A montanha e o mar na mesma cintura", legenda/comentário da pintura mural de Carlos Botelho, que sobre duas paredes em ângulo recto atravessa toda a região desde a fronteira e a Aldeia de Monsanto, a mais portuguesa (que tanto interessou ao Botelho do SPN, entre 1938 e 1947: desenhos, fotos, exposição, livro...), atè à Ria de Aveiro. Peças de mobiliário expositivo e outro, da autoria de Jorge Segurado, ou, sob a sua direcção, também de Thomaz de Mello e provavelmente Paulo Ferreira (segundo, Andreia Galvão, A Caminho da Modernidade, dissert. de doutoramento, U. Lusíada, 2003). Manequins em arame, ao fundo.
com a legenda abaixo:
As fotografias estão a precisar de restauro. São provas positivas coladas sobre madeira, que sobreviveram umas seis-sete décadas e são portanto raras - devem ser restauradas e preservadas cuidadosamente e devem figurar no MAP reconstituído (espera-se). Em geral (entre nós, que desleixámos estas coisas antes, e que agora as tratamos de modo errado) sobrevivem apenas os negativos (que para terem boas "interpretações" precisam de ser apoiados pela observação das provas de época) e às vezes também as impressões tipográficas em jornais ou revistas - mas que em poucos casos estão identificadas e localizadas. Associar a prova de época (aqui pode ser uma prova posterior, tirada em 1947-48 para o Museu, ou uma eventual prova de exposição, vinda de antes do MAP), ao seu negativo e à reprodução impressa é essencial para percorrer todo o circuito e dispor de um máximo de informação - por exemplo: em que livros elas se publicaram? alguma vez foram expostas em salões de arte fotográfica?
E temos aqui (se a legenda é certa) mais uma aparição do artista brasileiro Dom Thomaz de Mello (TOM)
ver abaixo*
armário-com portas de vidro, mobiliário expositivo. Jorge Segurado?
(fotos de 18 de Maio)
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Se se seguir o link www.ipmuseus.pt/portu/museus/apopular.htm, que em diversos sítios aponta para o MAP vais-se ter (em 23 de Maio de 2010) ao actual site do IMC e a :
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* TOM - Thomaz de Mello (1906-1990)
NOTA DE CARLA MENDES incluída num anterior site do CAMJAP-FG, e que não terá sido (ainda) incluída, e necessariamente revista, no site lançado há dias pela mesma casa (transcreve-se aqui para adiar a sua possível desaparição)
D. Thomaz /*por vezes Thomáz*/ de Mello nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1906. Morreu em 1990, em Lisboa. Ficou conhecido como Tom /*em geral: TOM*/, abreviatura que herdou do seu avô, de origem inglesa.
Artista multifacetado, explora diferentes áreas que vão desde a pintura ao desenho, passando pela decoração, a caricatura, a tapeçaria, o design, o grafismo de cartazes, a cerâmica e a encadernação.
Chega a Portugal em 1926, pela mão da companhia de teatro brasileira de Leopoldo Fróis, na qual trabalhava como contra-regra e aderecista. O fascínio pelo teatro começou cedo, cerca dos 14 anos de idade, enquanto aprendiz e ajudante de cenografia no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Posteriormente, em conjunto com Mário Tullio e J. Barros, constrói carros carnavalescos.
O interesse pela imprensa aparece igualmente desde cedo, sendo que o seu avô D. Thomaz José Fletcher de Mello Homem, escritor de profissão, possuía em Lisboa a Agência Universal de Anúncios, uma das primeiras agências de publicidade. Vendeu jornais em 1915, e trabalhou como tipógrafo em 1916.
A viragem para as artes plásticas dá-se logo no ano seguinte à sua chegada a Lisboa, em 1927, quando o caricaturista Ruben Trinas, mais conhecido como Fox, o convida a realizar uma exposição. Enquanto caricaturista trabalha na Voz, para a qual executa a série Tiroliro, e para o Diário da Manhã, realizando o Rico, Pico e Sarapico nos anos 20. Na década seguinte colabora com o Papagaio. A sua obra, nesta área, caracteriza-se pela falta de perspectiva, pela síntese das figuras, por um desenho algo “infantil”, mas seguramente por uma grande expressividade no traço, algo bizarro, segundo a crítica da época.Constituiu-se como um caso exemplar de uma individualidade dotada de grande eclectismo, apesar */(?)*/ de ser integrado na chamada “segunda geração de modernistas”. Participa activamente, desde 1928, em salões do SPN/SNI e nas equipas de decoradores enviadas às grandes exposições no estrangeiro, chegando a obter o “Grande Prémio de Decoração e de Artesanato”, na Exposição de Artes e Técnicas de Paris, em 1937, e vindo a receber, em 1945, o “Prémio Francisco de Holanda”.
Tanto no desenho (outra área de destaque na sua obra), como na pintura (que era encarada como um hobby), Tom demonstra sensibilidade etnográfica, retratando vários costumes e tipos populares. René Barotte afirmará que Tom é “um pintor da miséria”, transpondo para as suas obras o sofrimento humano e o sentimentalismo típico português; e Artur Augusto afirma que de todos os pintores do seu tempo é aquele que melhor interpreta a alma dessa colectividade quase infantil à qual se chama “povo”.
Dentro da mesma procura, numa atitude quase arquivista e claramente de anotação, retrata algumas regiões de Portugal. Destaca-se a série Nazaré, na qual mais do que a paisagem, é a realidade humana que o atrai, transparecendo nos leitmotiven dos frisos das barcas e dos batéis, das mulheres de capote, dos pescadores de pé descalço à espera do peixe, ou ainda da lenda do milagre de D. Fuas Roupinho, um sentimento que leva António Lopes Ribeiro a intitular estas obras como verdadeiras “cartas de amor”. E, principalmente, a série Feitiço, surgida de uma viagem a Angola, onde identifica alguns elementos próximos do seu Brasil. Sofre o choque de um confronto com um imaginário que o levou a realizar um processo novo, em que a cor adquire uma importância extrema, levando-o, por vezes, a composições quase abstractas e muito expressivas, nas quais se afasta do rigor do desenho geométrico para se permitir uma maior liberdade de execução.
Fascinado pela topografia, desenvolve um apontamento de uma geografia sentida, representando nas suas obras cidades como Lisboa, Ruão, Nova Iorque e, muito particularmente, o Porto. Lima de Carvalho chega a afirmar que se Carlos Botelho era o pintor de Lisboa, Tom seria o seu equivalente em relação ao Porto. Pintando a esquina de uma rua, as envelhecidas varandas ou as traseiras dos prédios com as suas inconfundíveis sacadas, consegue, em todas elas, captar a essencialidade que as caracteriza, através de uma composição animada por um cromatismo emotivo, que muito deve às leis da geometria com as quais muitas vezes brinca.
CARLA MENDES
Foi tb fotógrafo (ou fez fotografia) e, integrado na equipa de pintores-decorados de António Ferro (SPN/SNI), foi um dos intervenientes principais na instalação do MAP (1944-48?).. Também cenógrafo do Verde Gaio. Os seus manequins miniaturais com trajes típicos (levados a Paris em 1937, apresentados em Lisboa 1940, etc) têm um lugar de relevo na sua história pessoal.
Até prova em contrário, as obras principais de TOM serão o painel do Minho e o do Douro no MAP, em parceria com Manuel Lapa (note-se como são ignorados na nota acima)
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Thomaz José de Mello (1906-1990)
Tom, estúdio Tom
Integrou o grupo de pintores- decoradores- ilustradores do SNI no arranjo dos pavilhões em várias exposições internacionais. Fundador de um estúdio em que desenvolveu sobretudo trabalho publicitário.
Pintor, desenhador, decorador e artista gráfico, nasceu, circunstancialmente, no Rio de Janeiro, em Agosto de 1906.
Residiu grande parte da sua vida em Portugal – desde os anos 20 –, com grande participação na pintura portuguesa, integrante da sua ala modernista.
Até à década de 30, foram várias as publicações que incluíram caricaturas assinadas por Tom, de que se destacam A Voz (ainda na década anterior) e O Papagaio.
Em 1932, conjuntamente com António Pedro, fundou a primeira galeria de arte moderna em Lisboa, a UP.
Na sua longa carreira, apresentou mais de 50 exposições individuais, tendo realizado mais de 40 tapeçarias.
Como decorador, participou da montagem de pavilhões portugueses em exposições internacionais, integrando o grupo de pintores-decoradores do SNI (Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo) - sucessor, desde 1944, do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional), criado em 1933 (por António Ferro).
Distinguido e premiado com o Prémio Francisco d’Holanda em 1945, e com o prémio de Melhor Artista Estrangeiro no Salão de Lisboa em 1947, Tom é uma referência na pintura em Portugal.
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