Citar Marx e Engels é já só um pro-forma (não um pro-conteúdo). Mas a exposição sobre o "social" na Colecção Berardo tem algumas qualidades sempre que é inesperada:
1) as obras ou instalações de Rigo (Teko Mbarate e Sapukay, uma bomba de fragmentação e um submarino nuclear) construídos com e por populações do Brasil - valia a pena fornecer mais informação aos visitantes sobre estes "projectos" - vindos de São Francisco;
2) a entrada através de uma parede de cartoons políticos publicados pelo jornal Combate e editados em livro com design Jorge Silva (como é que a rotina teórica do velho trotskismo se acompanhou com esta imaginação gráfica dos ilustradores?) - mas o começo da exp. não está indicado e o visitante entra enganado por um preguiçoso núcleo de arquitecturas e pela sinalética do João Louro;
3) a imensa pintura a óleo à antiga do Gonçalo Pena (corrijo o lapso - ver comentário: desculpe GP/obrigado MC) que apela a uma visão mais demorada.
4) acrescento em tempo a presença de Portinari e Di Cavalcanti, acompanhados por Siqueiros - é a representação de "vanguardas" que foram recalcadas com os formalismos do 2º pós-guerra e o confronto entre blocos. Não é costume saírem das reservas. Depois da presença do "outro" inscrita na atracção pelos primitivismos à maneira surrealista (mais o oculto do que o outro - o interesse pelos fetiches), que vem, aliás, da anterior montagem; o breve corredor latino-americano (e ainda não terceiro-mundista) mostra como é exígua a abertura ao espaço exterior ao eixo Europa-USA.
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Quanto ao social a noite não foi famosa. Nunca se percebe, eu não percebo, o que orienta o tropismo dos inaugurantes. Mas isso é o menos importante.
Mais uma para ir ver. Tenho "fugido" das inaugurações - são outra "exposição": de repente os trabalhos e a própria disposição dissolvem-se num evento social. Servem de cenário.
Posted by: Pedro | 06/11/2010 at 10:22
Caro Alexandre
Deve ter sido uma gralha, a pintura formato de igreja é de Gonçalo Pena (Sena é outro).
Mas concordo a pintura merece ser vista assim ... com espaço e altura, como se estivessemos no estrangeiro.
Posted by: Maria Condado | 06/16/2010 at 11:12