A bibliografia de referência sobre arte moderna e contemporânea africana deve estar em "Modern African Art : A Basic Reading List", estabelecida por Janet L. Stanley, do National Museum of African Art Branch Library.
http://www.sil.si.edu/SILPublications/ModernAfricanArt/newmaa.cfm
A classificação "Modern African art" é definida assim: "here means academic artists, but it also embraces those who have not passed through the academy - self-taught, street artists, workshop artists. Similarly, references to popular arts, including tourist arts, are not beyond the pale. However, it generally excludes contemporary craft producers, such as potters, basket weavers, jewelry makers and the like." O que caracteriza um universo artístico em que as fronteiras vacilam constantemente.
É significativo que Inclua uma só exp. para os anos 60, já em 1969, em Londres - e que essa seja a 1ª da lista. A publicação/catálogo muito ilustrado que a acompanhou encontrei-a num alfarrabista em Lisboa ( http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2009/12/african-art-1969.html ), com o que se abriu ou, melhor, reforçou outra linha de interesses)
Contemporary African Art (published by Studio International as the catalogue of an exhibition of Contemporary African Artheld at the) Camden Arts Centre, London. August 10 - September 8 1969. (London, New York: Studio International, 1969. 40 pp. illus. (pt. color), map, ports.) (24 x 24 cm)
"The 1969 Camden Arts Centre exhibition of contemporary African art was one of the first comprehensive exhibitions to focus exclusively on modern creativity from Africa. "Representative" rather than "comprehensive" would be more accurate, since only a select few artists could be included. It is a testament to the curators that virtually all of these artists have withstood the test of time and are now recognized - twenty-odd years later - as accomplished, successful artists: Yemi Bisiri, Jimoh Buraimoh, Dumile, Uzo Egonu, Ibrahim El Salahi, Ovia Idah, Vincent Kofi, Sidney Kumalo, Malangatana, Azaria Mbatha, Julian Motau, Iba N'Diaye, Uche Okeke, Asiru Olatunde, Bruce Onobrakpeya, Hezbon Owiti, Gerard Sekoto, Twins Seven Seven, among others. A complete list of the artists is given (pp. 34-38)." (in JLS)
(A garantia da sobrevivência de quase todos é excessiva, mas os mais lembrados artistas sub-saharianos dos anos das 1ªs independências estavam lá, e muitos outros foram, como é natural, esquecidos depois. Aí se juntavam artistas com formação escolar em Londres como Vincent Kofi e Ibrahim El Salahi, e já os seus alunos; os autodidatas treinados nos workshops de Ulli e Georgina Beier, como Twins Sven-Seven, o mais representado (e já os seus seguidores), ou nas escolas de verão de Oshogbo com Susane Wenger, e nas oficinas patrocinadas por Frank McEwen na antiga Rodésia do sul; etc.)
Não se refere aí que essa edição foi acompanhada por um outro "CATALOGUE" ("Contemporary African Art Catalogue" - obrigado pela cópia a Nuno Salgueiro-Lobo): é uma lista de obras com 12 pág. sem imagens mas com a enumeração das peças e autores (285 nºs expostos e muitas outras referidas sem nº - em parte disponíveis para venda). Uma última secção é dedicada a artesanato, Crafts, sendo parte dele anónimo, como aliás sucede já entre obras de pintura (Ethiopian Folk Art) e escultura (Makonde, artist unknown), para além do artista autonomeado como Middle Art (Augustin Okoye). Entre a pintura surge tb uma extensa representação do Makerere University College - School of Fine Art (Uganda, reconhecida como U. em 1963), demonstrando uma aberta convivência de circuitos. Fazia parte da University of East Africa, em Kampala, com Colleges associados em Nairobi e Dar-es-Salaam, que no final de 1969 se tornariam departamentos de Universidades autónomas (nota).
Não há correspondência entre as obras reproduzidas no 1º catálogo ( provindas em muitos casos do livro de Ulli Beier Contemporary Art in Africa, de 68) e as referenciadas no 2º. Não há imagens de Malangatana (presente com dois óleos e muitos desenhos) nem dos outros moçambicanos (Mankew, e os escultores Chissano e Mabyaya (?)).
#
A origem e responsabilidade da exp. não são óbvias, para além da identidade do Camden Arts Council e da apresentação de Gerald Moore (U. of Sussex).
A presença de Moçambique não tem tb origem ou canal referenciados, embora Malangatana fosse desde 1961-62 um artista internacional de larga projecção e tivesse um lugar muito destacado no livro de Ulli Beier de 1968. Anos antes, 1963?, tivera uma digressão das suas obras até à Índia e ao Paquistão, ao lado de Ibrahim El Salahi (Sudão) e Uche Okeke (Nigeria), com a rectaguarda do Committee for Cultural Freedom. O contexto da guerra colonial portuguesa e o agravamento das situações política noutros locais, em especial no Congo-Khinsasa e na Nigéria (que Ulli Beier troca pela Nova Guiné logo em 1966) interrompiam então as pontes antes criadas.
Dois dos textos do catálogo referem as iniciativas de Amâncio/Pancho Guedes, a par de Ulli Beier, Frank McEwen e Julian Beinart, mas a dinâmica moçambicana estava encerrada (a prisão de Malangatana data de 65-67; a prisão de Luís Bernardo Honwana de 1964, por três anos, e também a publicação do seu livro - a tradução inglesa é de 69, e ambas por iniciativa de Amâncio Guedes ; a de José Craveirinha tb de 64 até 68).
Comments