Para reflectir sobre o MAP (*) é conveniente procurar informação sobre os outros museus que nos anos 30 tratavam do folclore (o termo caiu em desgraça nos anos 40, em alguns países, por causa da Alemanha nazi e da França de Vichy). O que pode julgar-se que em Portugal era conservadorismo nacionalista, identificado com "o Regime", em matéria de arte popular e cultura popular, não aparece muito diferente das orientações do Front Populaire quanto às tradições e aos lazeres do povo francês, em 1935-39. A retórica não é aqui a mesma, já que o discurso tem neste caso a intenção de sustentar-se na construção de um campo científico, e não propriamente de uma política.
A Exposição Internacional das Artes e das Técnicas de 1937 (em Paris), onde o Pavilhão de Portugal projectado por Keil do Amaral acolhia uma mostra de arte popular organizada pelo SPN de António Ferro, foi também um momento decisivo na história parisiense do Museu Nacional das Artes e das Tradições Populares (o MATP ou apenas Atp). Construído para a Exposição o Palais de Chaillot no lugar do anterior Palais du Trocadero, onde se acolhia o Museu de Etnografia, aí se instalou o Museu do Homem (a 21 de Junho de 1938) e se previu a instalação do MATP, instituido em em 1937, separando-se então as colecções nacionais das de etnografia e antropologia não europeia. No mesmo palácio ficava o Museu dos Monumentos Franceses (museu de moldagens / moulages, estabelecido em 1889, criado por Viollet-le-Duc, trazido do velho Trocadero). No caso francês, pelo menos, a instabilidade faz parte da história dos museus.
A propósito do MATP (**), tem interesse ver a respectiva apresentação por Georges-Henri Rivière e André Varagnac, em Agosto de 1938 no nº 4 do 21º ano da revista "La Renaissance", então (quase) orgão oficial dos museus franceses:
Na Na contra-capa da revista: os anos 30, a procura do "equilíbrio" e de um classicismo moderno
(*) referência a um programa de conferências, dias 20 e 21, no MAP.
(**) O MATP viria a ser inaugurado em 1972 no Bois de Boulogne e fechou as portas em 2005 (***), anunciando-se então a partida das colecções para Marselha, onde o Museu Nacional das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo devia ter aberto em 2010... O MAP inaugurou-se em 1948...
(***) Sobre o MATP ver Martine Segalen, VIE D'UN MUSÉE 1937-2005, Stock, 2005.
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