O importante é ter reaberto e é ter visitantes numa manhã de domingo de inverno (entrada gratuita até às 14h). Reaberto parcialmente e ainda à espera de obras de conservação do antigo pórtico e de outras incertas beneficiações ou alterações, de programa e calendário também incerto. Começou assim a cumprir-se a promessa da actual ministra da Cultura e a corrigir-se um erro grave de outra ministra do 1º Governo de Sócrates, quando um edifício em vias de classificação e há vários anos em processo de reabilitação (desde 2000?) foi imprevista e impensadamente desviado para outros fins. Criminosamente desviado, porque estava em questão um acto de delapidação do património.
Para o programa da reabertura a nova directora do Museu de Arte Popular (arquitecta Andrea Galvão) escolheu apresentar uma exposição intitulada "Os Construtores do MAP - Um Museu em Construção", que pretende ser um exercício de contextualização da instituição inaugurada em 1948 por António Ferro, complementado por alguns "apontamentos" do seu acervo e exemplos do seu mobiliário.
Sabe-se que não era viável, no tempo e com os meios disponíveis, repor todo o recheio do antigo Museu (se uma tal reconstituição fosse a estratégia recomendável), tal como não seria viável repensar um outro eventual programa para o futuro Museu (por exemplo justapondo ou confrontando o antigo conteúdo expositivo a novos ou renovados conteúdos). A solução escolhida - contar a história e a pré-história do MAP, vinculando-as à "Política do Espírito" de António Ferro, e ainda, com mais recuo, associando esta às vicissitudes da modernidade artística e arquitectónica portuguesa, desde o início dos anos 1900 - tem algumas implicações que importa analisar. É sempre necessário contextualizar as contextualizações.
Imagem promocional do MAP, vendo-se o espaço de entrada da exposição na antiga sala do Minho.
Mantas de Trás-os-Montes, louças de Bisalhães, uma capa de honras
Vitrina com texto e uma imagem apropriada da Histoire du Portugal par Coeur de Almada Negreiros (Paris, 1919 / Contemporânea nº 1, 1922 : http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/CONTEMPORANEA/1922/N1/N1_item1/P32.html )
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Uma citação a propósito: "Os postcolonial studies* ocupam-se menos de práticas, que se documentariam por um trabalho de terreno ou de arquivos, que de discursos e de representações, a partir dos quais dissertam, ou extrapolam de maneira muitas vezes abusiva" (*serve tb para cultural studies e outras disciplinas) - in Jean-François Bayart, Les Études Postcoloniales, un carnaval académique, Ed. Karthala, Paris, 2010
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Outras informações em: http://ipsilon.publico.pt/artes/texto.aspx?id=271269
site do MAP: http://www.map.imc-ip.pt/pt/index.php
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