(entre sete exposições, na inauguração do CPF, por ocasião do Porto 2001)
Koen Wessing
Centro Português de Fotografia
14/12/2001
O Centro Português de Fotografia inaugurou-se com sete exposições simultâneas, o que dá bem ideia do excesso de espaço disponível na cadeia recuperada. Sete exposições parecem o programa de uns «encontros de fotografia», que por definição são um tipo de evento excepcional e periódico, ficando assim por perceber-se se, para manter as salas ocupadas em permanência, o CPF absorverá as iniciativas congéneres ou se se trata apenas de uma especial programação para a Capital da Cultura, passando depois a visitar-se, vazias, as salas do edifício bem recuperado por Souto Moura.
Entretanto, quer como «encontro» quer como programa inaugural e festivo, falta ao cartaz do CPF qualquer destaque maior que assegure a relevância do novo equipamento, para além de se ter solucionado a velha questão sobre o uso a dar ao emblemático edifício portuense. Cinco exposições vieram da Holanda e são, quase todas, produções de interesse local que dão conta de um universo onde a fotografia e a sua história, ou a contribuição da fotografia para se fazer a história recente, já não estão a dar os primeiros passos. Em «A Câmara Clandestina» recuperam-se documentos da ocupação alemã, e em «O Massacre do Dam» registam-se os seus últimos dias, seguindo-se, já no pós-guerra, a documentação sobre «O Nascimento da Indonésia», enquanto a mostra monográfica dedicada aos anos de exílio holandês de Erich Salomon (33-40) não presta justiça à importância do pioneiro do fotojornalismo.
Apenas a exposição dedicada a Koen Wessing constitui um momento forte, graças à apresentação de um foto-repórter holandês influenciado por Ed van der Elsken e William Klein, autor de uma já longa obra, marcada pelo empenhamento nas causas sociais. Uma montagem cenograficamente eficaz faz-nos atravessar um mundo em convulsão, desde a Londres dos anos 60 à China e à Africa.
De produção própria resta a documentação fotográfica da Casa Alvão sobre a I Exposição Colonial no Porto, em 1934, a que se deu o título «A Porta do Meio» e que foi objecto de volumoso catálogo, mais uma troca de olhares fotográficos entre o Porto e Roterdão. Acrescente-se ao programa uma apresentação incipiente da colecção de máquinas adquirida a António Pedro Vicente e a falta de um núcleo expositivo que tirasse partido da colecção própria. O gigantismo e a escassez de ideias fazem aqui uma estranha aliança. (Até dia 30)
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