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Pintura mural no Hotel Chuabo, Quelimane (Foto Arquivo Pancho Guedes)
2 - Jorge Dias e Margot Dias tinham publicado uma imagem de página inteira, em extra-texto,
na parte relativa a MOÇAMBIQUE do 3º volume de "A ARTE POPULAR EM PORTUGAL Ilhas Adjacentes e Ultramar" (dir. Fernando de Castro Pires de Lima, editorial Verbo, 1975 - ed. em fascículos terminada depois da morte de Jorge Dias e do fim do Ultramar português). Referiram-se às pinturas citando informações recebidas de um administrador colonial:
"na construção de um hotel em Quelimane deram-se a uns artistas nativos simplesmente tintas à livre escolha e indicaram-se as superfícies murais por preencher. O resultado foi maravilhoso, segundo os diapositivos a cores que nos foram postos amavelmente à disposição. Os artistas encheram o espaço compactamente, e sem consideração de proporções (o que é muito típico), com figuras de animais bravos e mansos, sempre em movimento e ocupados em qualquer actividade, 'contando' cenas curiosas, tudo entremeado por montes, casas, plantas, árvores, flores, comboio, avião, e enchendo as restantes superfícies de corpos geométricos, de preferência triângulos. Não respeitam muito a força da gravidade; os planos mudam como o seu sentido artístico do espaço o exige. Mas a fantasia é tão pujante, tão prolifera, é usada com tanta sensibilidade, e o sentido da harmonia da composição e das cores tão seguro que há partes que se assemelham no estilo, embora não nas formas, quase a certas miniaturas persas ou indianas. (...) O administrador Gama Amaral diz: ' ... pinturas murais executadas por lómues no Hotel Chuabo de Quelimane. As pinturas são de inspiração própria dos artistas, sem influências estranhas e apenas diferem das que praticam nas suas próprias palhotas na qualidade das tintas empregadas: nestas foram usadas tintas preparadas que eles escolheram livremente'». Págs. 157-158
Entretanto o Hotel Chuabo de Quelimane e as suas pinturas murais resistiram ao tempo apesar das muitas convulsões posteriores e da guerra civil, enquanto se perdiam as informações sobre a sua construção nos anos 50/60, os autores do projecto e a iniciativa do mural que se conserva no último piso, do restaurante e boite. Sabe-se que o Hotel era muito apreciado pelo Samora Machel, que o usou para receber os presidentes dos países amigos, o que justificou a perfeita conservação do edifício enquanto se degradava a cidade à volta.
Segundo informação do arq. Pancho Miranda Guedes, o hotel Chuabo foi um projecto do arq. Arménio Losa (e Cassiano Barbosa), com atelier do Porto, sendo a construção acompanhada no local pelo arq. Figueirinhas, a quem coube a iniciativa de entregar a decoração mural a pintores locais, em 1962 (o que referi no catálogo da exposição "Colecção Pancho Guedes", ed. Sextante/CML, 2010, pág. 50 e 53)
3 - A história do Hotel Chuabo aparece agora documentada, com referência também à pintura mural, no "DOCODOMO Journal" (nº 43, 2010/2) num artigo de Ana Tostões e Maria Manuel Oliveira, pp. 7073: "Moderno Transcontinental: o Complexo Monteiro & Giro em Quelimane, Moçambique" (título em português da comunicação apresentada no 9º Seminário Docodomo Brasil). Ana Tostões é também presidente do Docodomo Internacional.
(DOCOMOMO es la sigla de Documentation and Conservation of buildings, sites and neighbourhoods of the Modern Movement y se corresponde con una organización internacional creada en 1990 con objetivo de inventariar, divulgar y proteger el patrimonio arquitectónico del Movimiento Moderno. La Fundación DOCOMOMO Ibérico, con sede en Barcelona, coordina la consecución de esos objetivos en España y Portugal)
pág. 71: o Hotel Chuabo e o Complexo Monteiro & Giro, Quelimane, anos 50/60
(Continua)
Olá,
As cores da fotografia do mural (número 1) correspondem às cores originais do mural?
Ou estariam mais próximas das cores da segunda fotografia?
Estou interessado em reproduzir em meu blog, em breve, a pequena estória desse mural (e a respectiva foto do mural) e, dependendo da sua resposta, tentaria manipular essa foto para deixar-lhe as cores mais próximas às da foto 2.
Obrigado pela atenção
Posted by: Account Deleted | 08/13/2011 at 21:04
Não sei responder-lhe - e há ainda a 3ª foto, das escadas, igualmente má e diferente, numa nota de 7 de Julho. O slide do Pancho Guedes é muito antigo e eu também lhe alterei as cores (se conseguir "melhorar", óptimo).
Fico à espera que alguém apareça com fotos actuais, porque aquilo ainda lá está, o que é um milagre espantoso...
Posted by: AP | 08/13/2011 at 21:20