"Esforço", 1952
Fotografia de Adelino Lyon de Castro que obteve o 1º Prémio no Salão de Arte Fotográfica Panorama. Reproduzida em "Panorama - Revista portuguesa de Arte e Turismo", II Série, nº 4, 1952; ed. Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo; director Luís Ribeiro Soares. Extra-texto (não paginado).
A mesma foto (impressão de época) aparece no catálogo "O Fardo das Imagens", 2011, com o título Ala-Arriba, que estará certamente indicado no verso, e com a data 1950 (nº 22, pág. 44). É uma prova e um título certamente usados para outro Salão - e nomeada com pouco rigor, já que "Ala Arriba" é uma expressão da Póvoa do Varzim (cf o filme homónimo de Leitão de Barros, de 1942) e o barco é da Caparica. Mais 3/4 fotos "inéditas" da mesma série publicam-se no mesmo catálogo: nºs 23-26. Na ed. de 1980 (foto 37) surge ainda uma outra imagem idêntica à prova de época em questão, mas tirada de outro ponto de vista, e essa é designada também como Esforço.
O Salão era subordinado ao tema "O Mar" e as fotografias representavam, segundo o DP, "gente do mar, barcos navegando ou varados na areia. figuras de pescadores na dura faina, velhos "lobos do mar", efeitos de luz no mar alto, a calma e as tempestades, nuvens negras no horizonte, redes, peixes, rochas e praias, tudo, enfim, que..."
Abriu a 23 de Janeiro o I Salão de arte Fotográfica "Panorama", conforme a notícia do Diário Popular do mesmo dia, pág. 6. Aí se anunciava a próxima reunião do júri para atribuir prémios pecuniários, mas essa informação não terá sido publicada até 2 de Fev., quando já outra exposição abria. A.L.C. expunha também, conforme o catálogo do Museu do Chiado, Recolhendo as redes (será Colhendo as redes, ed. 1980,foto 39?, ou Recolha de redes, foto 38?), Fé (ed. 1980, foto 8), Estoril e Paz. Foi publicado um catálogo do Salão (a consultar).
Entretanto estava em Portugal Gilberto Freyre, com grande repercussão noticiosa, e preparava-se a Conferência de Lisboa do Conselho do Atlântico, a partir de 16 de Fev. A 9 de Janeiro, na secção Artes e Letras (após pequenas notícias diárias), o DP publicou uma grande e entusiástica crítica da exp. surrealista da Casa Jalco, assinada por M.O., Mário de Oliveira: Uma exposição sem paisagens nem naturezas mortas que será muito discutida". Reproduzia-se uma fotografia de Fernando Lemos, e uma "Ocultação" de Fernando de Azevedo.
O "continuado" onde se fala de Lemos (Diário Popular, 9 Jan. 1952)
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1949
Uma fotografia de Lyon de Castro tinha sido publicada no nº 39 da revista "Panorama", em 1949 (1ª série). Um "Número dedicado à província", onde Artur Pastor e Tom (Thomaz de Mello) estão muito presentes.. Com uma legenda onde se expressava uma especial deferência:
A fotografia reproduz-se na anterior nota (9)
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E ainda, no mesmo nº 39, de Artur Pastor e Tom, "os tipos humanos e os costumes, na província...":
O barco será da Caparica - a confirmar. Não parece ser exactamente o mais exemplar dos saveiros, em perfeita meia lua, mas aguardam-se contribuições informadas. Fernando Piteira Santos refere no seu prefácio à edição de 1980 os "pescadores que movem uma bateira no areal (na Caparica)", mas bateira não será também a designação certa para este tipo de barco. Piteira Santos, o amigo próximo que era à data um militante intelectual e um historiador, também se engana quanto à "mulher que carrega moliço (em Aveiro)" - será sargaço em Vila do Conde, como se viu já com ajuda. O que não contraria o comentário crítico em que acrescenta: "eram belos documentos, tinham a força de um panfleto, aliavam à beleza estética uma grandeza trágica. Então, o artista-fotógrafo ganha dimensão social. Não é só esteta, é o homem que, do seu tempo e de outras vidas, nos dá testemunho".
Posted by: AP | 06/15/2011 at 09:38
A identificação dos barcos "tradicionais", que são, aliás, os do seu tempo, na obra fotográfica de A.L.C. (mar e rio...) é oportuna, mas o mais curioso é observar que a regra salonista que ele cumpre (infringida nas 10 fotografias publicadas em AS MULHERES DO MEU PAÍS) recomenda os títulos abstractos, poéticos e metafóricos, sem localizações e à distância do trabalho documental.
Mais urgente aqui seria avaliar em termos globais a presença forte e muito qualificada da fotografia na revista "Panorama", em especial entre a "Objectiva" (até 1945) e os casos do "Plano Focal", "Fotografia" e o "Jornal do Barreiro", depois de 1953.
Outra questão, associada com esta, é entender a presença pontual de Adelino na revista do SNI e no seu Salão único, temático, tendo em vista já a estratégia de abertura que a "Ler" vai pôr em prática em 1952, e também o (relativamente) largo espectro de colaboradores ou colaborações que passam pelo "Panorama", antes e depois de António Ferro.
Posted by: AP | 06/15/2011 at 11:55