Cronologias e índice
A . Do MNAC ao Museu do Chiado
No centenário do decreto fundador do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), de 26 de Maio de 1910: entrada de 27 Maio 2011 sobre as comemorações
(1ª parte) o encerramento antes do incêndio (notas de exposições 1988 e 89, O MNAC fora de portas): nota sobre ARTE DO SÉCULO XIX, Palácio da Ajuda, 1 Abril 1988
e nota "Colecção do MNAC" ("Colecção de de Pintura Portuguesa 1842-1979", Pal. de Queluz - Julho 89/Julho 90), 5 Agosto 1989
Depois do incêndio: "O próximo MNAC", cx de 13 Janeiro 1990 (O museu fora encerrado em 1987, passando a considerar-se a possibilidade de o instalar noutro local. Pelo despacho nº 37/89, de 10 Abril, Teresa Gouveia nomeia RHS para dirigir o tratamento da colecção, referindo a adaptação do local a galeria de exposições, até à ulterior redefinição dos espaços e da segurança do antigo MNAC).
A re-inauguração: "Salvo pelo fogo", artigo de 12 Julho 1994, Revista pp 24 a 27. + Cx "Ex-MNAC", a cronologia dd 1987 (encerramento), 25/26 de Agosto de 1988 (incêndio), 1989 a 1990-94 + inclui notícia de 14 Dezembro 1991 sobre oferta francesa da maquete
B . Ampliações desde 1995
A hipótese Gare de Alcântara como extensão do Museu do Chiado :
1 - "Museus em pré campanha", 3 Junho 1995 (A Gare Marítima de Alcântara irá ser utilizada como um espaço dedicado à arte contemporânea, de acordo com um protocolo assinado no dia 24 entre o Instituto Português de Museus e a Administração do Porto de Lisboa, ao tempo de Manuel Frexes, sub-SEC, dp de Santana Lopes. Na cerimónia da assinatura, Manuel Frexes anunciou a disponibilização de uma verba de cem mil contos para aquisições de obras de arte, duplicando um montante antes previso para este ano. A «Gare de Alcântara», nome a usar pelo novo «espaço», estará na dependência institucional do Museu de Chiado, dirigido por Raquel Henriques da Silva, prevendo-se que aí se apresentem exposições de grande dimensão, que têm obrigado à desmontagem da respectiva colecção permanente, e também iniciativas que prolonguem até à contemporaneidade o horizonte cronológico até agora definido para o Museu, 1850-1950. Serralves estava finalmente em andamento.)
e 2 - "Do Chiado a Alcântara, com volta por Belém", 30 Setembro 1995 (previsto acordo do IPM, dirigido por Simoneta Luz Afonso, com a FLAD e a Colecção Berardo: para as exposições inaugurais da Gare de Alcântara está prevista a apresentação de uma abordagem panorâmica da arte dos Anos 80, organizada em dois «volantes» que irão reunir obras nacionais e internacionais pertencentes a essas duas colecções. Num documento então dado a conhecer pela direcção do IPM, esclarece-se formalmente que a decisão de restringir a colecção permanente do Museu do Chiado a obras realizadas até 1950, divulgada aquando da respectiva inauguração, «foi devida a constrangimentos de espaço e de modo nenhum implicava a intenção de abandonar uma herança histórica de 'Museu Nacional de Arte Contemporânea'», isto é, a extensão da programação até à actualidade. Tb com notícias sobre Serralves - que adoptou, entretanto, uma vocação contemporânea (a partir dos anos 60), abdicando de receber a colecção vanguardista do antigo MNAC - e sobre o CCB )
Anunciada a ampliação do edifício do Museu em 1998: ver (Ponto de vista) "PARA A AGENDA DA TRANSIÇÃO", 15 Julho 2000
C . Sobre a direcção de Pedro Lapa:
27 Janeiro 2001: "Museu suspenso - A colecção do Museu do Chiado ficará inacessível durante um ano");
3 Novembro 2001: "Incitação à revolta - A colecção histórica do Museu do Chiado continua invisível") Um protesto cívico com réplica da então directora do IPM, Raquel Henriques da Silva. A propósito da exp. NOVAS AQUISIÇÕES E DOAÇÕES 2000-2001 (12 Out. 2001/ 20 de Janeiro de 2002 - com catálogo)
22 Novembro 2003: "Incompatibilidades" (coluna de opinião «Extracatálogo»: Como distinguir a exposição de um artista no museu e a intenção de promover investimentos nas suas obras? - sobre a promíscua relação do director com um fundo de investimento em arte, a Ellipse Foundation do Banco Privado e de João Rendeiro)
Dez anos. 1. A deriva do Museu do Chiado, 17 Julho 2004 + 2 - «Autocomemoração» ("Meio Século de Arte Portuguesa 1944-2004"), 24 Julho. (O discurso formalista-essencialista, ou o disparate académico oficializado no museu: Na «modernidade, sem uma dependência da realidade empírica do mundo, o objecto artístico conquista a sua autonomia e institui-se como um discurso sobre a essência do medium. A forma sublimada atinge a ideia pura.»")
13 Novembro 2009: A saída, "Um museu armadilhado"
Ver: de Marta Branco Guerreiro, Dissertação de Mestrado em Museologia
A ARTE FORA DA HISTÓRIA. EXPOSIÇÕES DA COLECÇÃO DO MUSEU DO CHIADO 1994-2009
em especial, partes II.3. Da reabertura do Museu a 1997
e II.4. A partir de 1998: novas linhas de programação. Entre a continuidade e a ruptura
+ Apêndice A – Exposições do Museu do Chiado por ordem cronológica de 1994 a 2009..175
e Apêndice K – Entrevista ao director do Museu do Chiado, Pedro Lapa….239
FEVEREIRO 2010: PDF
A questão das "incompatibilidades" (o caso Ellipse...) é aí directamente abordado, com resposta às críticas que formulei.
Mas importaria sumariar igualmente as repetidas intervenções escritas de Augusto M. Seabra (tb no Público, com resposta do director), desde 2003, que foram sendo retomadas nomeadamente por A. Cerveira Pinto (blog O António Maria).
D . depois
"Temos Museu no Chiado", O Museu reapresenta a sua colecção (e a nova directora, Helena Barranha), 8 Abril 2010 + 9 de Abril
E. ALGUMAS EXPOSIÇÕES
Frederick William Flower - Um pioneiro da fotografia portuguesa (29Junho / 31Agosto): "Uma família inglesa" (a digitalizar): 9 Julho 1994
O Museu fotografado. "Modos de ver": As obras do Museu do Chiado fotografadas por Mariano Piçarra, "OBRAÇOM. Museu do Chiado, histórias vistas e contadas" 20 Janeiro 1995
MARINO MARINI, «Esta arte de primitivos», 8 Julho 1995 (capa)
PICASSO e o Mosqueteiro 1967-1972: "Picasso contemporâneo", 1 Novembro 1997 (capa)
OLHARES MODERNISTAS, Brasil - "Identificação de um país" 6 de Maio 2000
Polémicas: / Man Ray... / 2001: «Live in your head. Conceito e experimentação na Grã-Bretanha. 1965-75» (2 de Fevereiro) /
«Surrealismo em Portugal, 1934-1952»: "Antes e depois de 1947" ("Fases, rupturas, gerações e divergências na cronologia do surrealismo português"), 2 Junho 2001
MIGUEL ÂNGELO LUPI : "Verdade e convenção" (Capa: «Retratos com vida», Retrospectiva de um académico do século XIX, entre o intimismo do retrato e a pintura de Salão), 9 de Março 2002
Columbano no Chiado (Rever ou descobrir o século XIX) a reposição da colecção
19-03-2005
Pode começar-se assim: avisam-se todos os interessados (amadores de arte, artistas, estudantes, em especial de arte e história da mesma, curiosos, etc.) que o Museu do Chiado reinstalou por um prazo curto - só até 22 de Maio - grande parte do seu acervo de obras do século XIX.
A montagem organiza-se num itinerário em 13 «estações». Dez são temáticas. Começam pelo paisagismo e animalismo tardo-romântico de Tomás da Anunciação (porquê apontar em título a muito longínqua «herança do paisagismo holandês»?) para terminar com a identificação mais ou menos simbolista de algumas «Alegorias para um fim de século português», prolongado por duas décadas já dentro do século XX, ao sabor das conveniências analíticas. Três outras ocupam-se com obras únicas: Cinco Artistas em Sintra, O Desterrado e O Grupo do Leão. Pelo caminho fica ainda o tempo dito romântico, sumariado pela «Pintura de costumes» (aqui, Miguel A. Lupi é um erro de «casting»), por mais paisagens de Cristino da Silva (e Só Deus!, de Metrass, com diferente ambição) e por alguns retratos; seguem-se um «Realismo burguês» que reúne Lupi e Keil; duas «Imagens de História»; «No limiar da vida moderna», onde o primeiro Columbano dá toda a medida dum génio que viria a limitar-se com a pequenez do país; «A narrativa naturalista», já incluindo o anedotário nacionalista (Malhoa); e «A descoberta da luz natural», que é também a da visão individual que descreve e interpreta a seu modo o mundo visível.
Certos núcleos organizam-se como montagens privadas ou de salão novecentista, o que por vezes se justifica e outras perturba a distinção de obras maiores, mas, tal como as opções do roteiro temático, tudo se pode aceitar como esforço de reinterpretação da história e de discursividade didáctica.
Além do (re)encontro com o acervo (por ausência de orçamento para mais exposições temporárias?), esta é uma grande oportunidade para reflectir sobre a exiguidade do museu e sobre as opções seguidas pela sua direcção. Em feliz coincidência com o início da actividade de um Governo que terá de tomar posição quanto a estas duas questões.
"ARTE MODERNA EM PORTUGAL: DE AMADEO A PAULA REGO", "Novas histórias" (a colecção própria e algumas obras de outras colecções), 29 Outubro 2009
... E a colecção em digressão: Castelo Branco
Modernismo e Vanguarda
Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
10-03-2001, nota
Parte da colecção apeada do Museu do Chiado apresenta-se no Museu de Castelo Branco, acompanhada pela edição de um volume de pequeno formato, atraente pela qualidade gráfica (de Vera Velez) e pela importância atribuída aos textos, de ordem geral e sobre cada obra. Da autoria de David Santos, o catálogo é uma síntese fluente, actualizada por informações ou opções doutrinárias recentes — mais António Pedro (aliás, ausente da mostra) e menos Almada, por exemplo, o que não constitui qualquer melhoria para a saúde visual dos portugueses. Entretanto, conviria discutir uma interpretação histórica ainda excessivamente marcada pela mitologia vanguardista, que é mais dependente da ficcionação de um evolucionismo canónico e centralizado (entendido como uma «contemporaneidade» abstracta e normativa) do que da atenção às obras e às circunstâncias.
Seria positivo ultrapassar estigmas críticos que resultam das dicotomias esquemáticas que a oposição antifascista podia justificar noutros tempos (o impasse SNBA «versus» SNI, até finais dos anos 40, por exemplo), e também reapreciar o que se caracteriza no início do século como naturalismo, que não é uma imediata marca de opróbio (olhe-se para Solana e Zurbaran [aliás Zuloaga!!!] no país mais próximo...). O título do ensaio, «Rasgos e limites de uma vanguarda impossível», é elucidativo de uma abordagem tendente a desvalorizar o que existiu face ao que se supõe que deveria ter existido como uma sequência escolar de obrigatórios estilos cosmopolitas.
Daí o predomínio de uma expectativa rupturista, sempre insatisfeita, e também a tendência obsessiva para fiscalizar o que pode ser «orientação conciliadora» ou «linha apaziguadora», sobrevalorizando efémeros pioneirismos que às vezes não passam de atrasadas e inábeis adaptações. Afinal, quase toda a produção mais marcante corresponde à timidez modernista de Eduardo Viana, ao individualismo estilístico de Mário Eloy, à automarginalização de Alvarez, e por aí fora. Certas sínteses de anos recentes, da autoria de Raquel Henriques da Silva e Paulo Henriques, pareceram abrir pistas de análise históricas mais produtivas do que as anteriores versões correntes. E algumas revisões internacionais em torno da anterior viragem do século (1900), mais atentas ao pluralismo ambiente, bem como um maior interesse pelos modernos antimodernistas já alteraram esse tipo de histórias. Mas continuamos atrasados e com colecções muito pobres. (Até 13 Maio)
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