O coronel António Lopes Mateus, que foi ministro da Ditadura Nacional, governador-geral de Angola e nesse título "determinou" a realização da Exposição-Feira de 1938 em Luanda, não é referido na História da Expansão Portuguesa, vol. 5, apesar das posições revelantes que ocupou e da responsabilidade por essa mesma exposição.
António Lopes Mateus (1877 - 1955) foi ministro do Interior e da Guerra (de 1930 a 1932), activo na fundação da União Nacional, Comandante da PSP de Lisboa (1932-1935) e governador-geral de Angola (1935-1939), depois presidente do Conselho de Administração da DIAMANG e da Comissão das Colónias na União Nacional (década de 1940).
A Exposição-Feira de Luanda não é mencionada no texto final de Francisco Bethencourt, "A memória da expansão", onde se faz uma referência pormenorizada a situações de celebração da presença colonial em exposições nacionais (1934, 37 e 40) e internacionais (22, 30, 31, 37, 39). Tal como (não) acontece no 1º capítulo "O Império colonial salazarista), de Yves Léonard, onde detidamente se refere o papel de Armindo Monteiro na pasta das Colónias (Acto Colonial, 1930; O Mundo Português, 1934, etc).
Ministros das Colónias:
Armindo Rodrigues de Sttau Monteiro (11 de Abril de 1933 a 11 de Maio de 1935), dp Estrangeiros
José Silvestre Ferreira Bossa (11 de Maio 1935 - 18 de Janeiro 1936)
Francisco José Vieira Machado (18 de Janeiro 1936 a 6 de Setembro 1944)
Marcello Caetano (6 de Setembro 1944 a 2 de Fevereiro 1947)
Ferreira Bossa, que se sucedeu a Armindo Monteiro: antes de ser Ministro das Colónias já fora Inspector-Geral da Administração Colonial e, depois de cessar funções como ministro, viria a ser Subsecretário de Estado das Colónias, Director-Geral da Administração Política e Civil do Ministério das Colónias e Governador de S. Tomé e Príncipe, de 1946 a 1947.
À data da Exp-F. era já Ministro das Colónias o dr. Francisco Vieira Machado
Francisco José Vieira Machado (1898-1972), filho do general Francisco José Machado, licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa em 1919. Posteriormente, tirou em Paris um Curso de Ciências Económicas que lhe permitiu ser integrado nos quadros do Banco Nacional Ultramarino e alçar-se a banqueiro de instituições financeiras coloniais. Da sua carreira político-administrativa, durante o Estado Novo, salientou-se no cargo de Subsectretário de Estado das Colónias (desde 20 de Janeiro de 1934 a 1936), de Ministro das Colónias ( entre 18 de Janeiro de 1936 e 6 de Setembro de 1944 ) e de Governador do Banco Nacional Ultramarino (1951-1972). ver: cronica
ver dic. Estado Novo: dir. F. Rosas
A exp. coincide ou articula-se com a 1ª viagem de Carmona às colónias:
Boletim Geral das Colónias . XV - 163 [Número especial dedicado à viagem de S. Ex.ª o Presidente da República a S. Tomé e Príncipe e a Angola (II)]
PORTUGAL. Agência Geral das Colónias.
Nº 163 - Vol. XV, 1939, 628 pags. (em especial pp 45-75) Disponível em formato digital
Foi director da Exp. o dr Frederico Bagorro Sequeira; Augusto de Almeida Campos, director-adjunto, e este ao lado de Vasco Vieira da Costa foram os criadores do certame (formaram os 3 "uma comunidade de trabalho", segundo refere num discurso o 1º (p. 60-63).
Marques da Costa e Carlos Ribeiro participaram na Missão Cinegráfica, p. 231
Discurso na sessão de homenagem final ao governador do dr António Gonçalves Videira, "em nome dos seus colegas" (sic), recorte (ver tb pag 70) - foi líder dos protestos dos colonos em 1928, republicano e autonomista, cunhado de Cunha Leal, do MUD em 45...
Bibliografia:
[26018] e [26820]
Exposição feira de Angola
Exposição feira de Angola : guia da exposição. - Luanda : Agência Técnica de Publicidade, 1938. - 5 p.
Descritores: Manifestação cultural | Angola
Cota: Cxa-161-53|Soc. Geog. Lx.
[26019][26821]
Exposição feira de Angola
Exposição feira de Angola : catálogo geral oficial. - Luanda, 1939. - 25 p.
Descritores: Manifestação comercial | Catalogação | Angola
Cota: 26-G-380|Soc. Geog. Lx.
23433]
Exposição apresentada a sua excelência o Ministro das Colónias, Dr. Francisco Vieira Machado, por ocasião da honrosa visita à colónia do Venerando Presidente da República, General António Oscar de Fragoso Carmona
Exposição apresentada a sua excelência o Ministro das Colónias, Dr. Francisco Vieira Machado, por ocasião da honrosa visita à colónia do Venerando Presidente da República, General António Oscar de Fragoso Carmona. - Lourenço Marques, 1939. - 8 p.
Descritores: Assistência social | Moçambique
Cota: 86534|Soc. Geog. Lx.
[274885]
Catálogo geral oficial da exposição feira de Angola-Luanda, Agosto 1938
Catálogo geral oficial da exposição feira de Angola-Luanda, Agosto 1938. - Luanda : [s.n.], 1939. - 122 p. : il. + 1 mapa
Descritores: Angola | Catálogo | Manifestação cultural
Cota: 5-25-7|BGUC
[260957]
O pavilhão do banco de Angola na exposição-feira
O pavilhão do banco de Angola na exposição-feira. - Luanda : [s.n.], 1938. - [32] p. : il. ; 22 cm
Descritores: Angola | Banco | Manifestação comercial
Cota: 7-38-8-162|BGUC
[272927]
Exposição feira de Angola
Exposição feira de Angola : actividade económica de Angola. - [S.I. : s.n., 1---]. - 173 p. : il. ; 27 cm
Descritores: Angola | Economia | Manifestação cultural
Cota: 5-3-15|BGUC
[272928]
Exposição feira de Angola
Exposição feira de Angola : a companhia geral de construções ao serviço do império em Angola. - Luanda : Imprensa Nacional, 1938. - 1 folh. inum. ; 19 cm
Descritores: Angola | História | Manifestação cultural
Cota: 5-35-9|BGUC
sobre a Companhia Geral de Construções: António Sommer Champalimaud, 1918-2004, a morte do pai em 1937, ditou a sua entrada no mundo dos negócios. Prevendo-se a falência da Companhia Geral de Construções, a empresa do pai que estava tecnicamente falida, e que que toda a família desejava vender, António Champalimaud foi peremptório e assumiu as rédeas do negócio. Era o filho mais velho de quatro irmãos e queria reerguer o legado do progenitor. Contou com a ajuda de Ricardo Espírito Santo Silva e conseguiu um crédito de confiança para a dívida, à época, de treze mil contos. (...)
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Bibliog.:
Portugal de Além-Mar, vol. IV da colecção Portugal Maravilhoso, edições Universo, de 1952.
Ramos, Rui (2000). Um novo Brasil de um novo Portugal: a história do Brasil e a ideia de colonização em Portugal nos séculos XIX e XX. Penélope, 23, 129-152.
Ramos, Rui (2007). O Império que nunca existiu - A cultura da descolonização em Portugal, 1960-1980. Revista de História das Ideias, 28, 429-478.
Ramos, Rui (1998). Tristes Conquistas: A Expansão Ultramarina na Historiografia Contemporânea (c. 1840-c. 1970). Lisboa: Instituto de Ciências Sociais [Tese]ICS, dissertação não publicada.
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Sumário das exposições coloniais, históricas e internacionais:
Exposições coloniais internacionais de Marselha em 1922; Antuérpia 1930; Paris, Bois de Vincennes, Maio 1931, com 4 pavilhões port. c/ interv. de H. Galvão (Raul Lino).
pavilhão português na Exposição Ibero-Americana de Sevilha 1929 (irmãos Rebelo de Andrade); exposição Universal de 1937 (Keil do Amaral); Nova Iorque 1939.
Feiras de Amostras Coloniais de Luanda e Lourenço Marques, 1932 - H Galvão
Huíla ? (HGalvão?)
I Exposição Colonial Portuguesa, Porto, 6 Junho-30 Set. 1934, Parque do Palácio de Cristal (comis. Henrique Galvão), mais de um milhão de entradas
Ex. provincial de Nova Lisboa, Setembro de 1935 (JMF 84)
Exp. de Arte Colonial em Nápoles, final 1934; Grande Feira Internacional em Tripoli. Fev. 1935 (part. portuguesas?)
Exposição Histórica da Ocupação, 1937, Lisboa, Parque Eduardo VII (era agente-geral das colónias, Júlio Caiola; Manuel Múrias, dir. Arquivo Histórico Colonial) já da iniciativa do ministro Vieira Machado
Luanda, 1938
1940, Exp. do Mundo Português / Secção Colonial (Henrique Galvão). É a última exp. colonial realizada no mundo.
1944: Exp. de Construções das Colónias, IST, por iniciativa de M. Caetano (JMF 84)
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HENRIQUE GALVÃO: Carreira político-administrativa
Chefe interino de Gabinete do Alto Comissário de Angola, Filomeno da Câmara (1929);
Governador do distrito da Huíla (Angola), de que é exonerado, acusado de falta de honestidade e de fidelidade (1929);
Chefe de gabinete do Ministro das Colónias, Armindo Monteiro (1931-1935);
Presidente da Comissão Administrativa da Emissora Nacional (1935-1941);
Representante de Portugal no Congresso Colonial de Paris;
Director das Feiras de Amostras Coloniais de Luanda e Lourenço Marques 1932);
Director técnico da I Exposição Colonial Portuguesa (1934);
Membro da Comissão dos Centenários (1938-1940);
Director da secção colonial da Exposição do Mundo Português (1940);
Inspector superior da Administração Colonial (1941-1949).
É em 1929, pela mão de Filomeno da Câmara (que, entretanto, ascendera sensacionalmente de deportado a Alto-Comissário de Angola) que Henrique Galvão, após se dedicar ao reconhecimento de áreas inexploradas de Angola (zona do Cuando) e ao estudo etnográfico e naturalista dessa colónia, vai ser nomeado assessor do Alto-Comissário e, posteriormente, governador do distrito angolano de Huíla. Embora efémera, esta primeira passagem pela administração colonial marca o início de uma carreira ligada ao desempenho de cargos de confiança política que se prolongará até meados da década de 40.
A aproximação a Salazar é expressa pela primeira vez, em 1930, quando o "mago das finanças" revela, enquanto ministro interino da pasta das Colónias, a sua fórmula de rigoroso equilíbrio orçamental para pôr cobro ao descontrolo financeiro de Angola. Durante um discurso na Sociedade de Geografia, Galvão tece rasgados elogios à política colonial de cariz centralizador e nacionalista preconizada por Salazar.
Posteriormente, participa na Exposição Colonial de Paris e no Congresso Internacional de Imprensa Colonial, ambos realizados em 1931, defendendo o trabalho forçado indígena. Manifestando um apoio tão veemente à nova política colonial, sendo um dos militares ligados à instauração da Ditadura Militar e um exímio conhecedor dos povos e territórios africanos não é de admirar que tenha feito uma rápida carreira de propagandista e funcionário colonial no seio do novo regime. Em 1932, Henrique Galvão é chamado a organizar as Feiras de Amostras Coloniais de Luanda e Lourenço Marques. Dois anos mais tarde, já com a patente de capitão, dirige a Exposição Colonial Portuguesa realizada no Porto. São famosos os mapas da sua autoria que exaltam a grandeza de Portugal sobrepondo os territórios coloniais portugueses ao mapa da Europa, numa tentativa de realçar uma suposta grandeza do país no contexto das potências europeias. Em 1935, Galvão continua a exercer os seus talentos de propagandista ao ser nomeado para director da recém-criada Emissora Nacional por António Ferro, director do Secretariado de Propaganda Nacional e homem-forte da “política do espírito” do Estado Novo. Nesse mesmo ano, o capitão Henrique Galvão constava das listas da União Nacional para as eleições legislativas, encontrando-se no grupo dos "oficiais novos pessoalmente devotados".
No ano seguinte, é nomeado inspector superior da Administração Colonial, cargo que manterá até à sua dissidência. O ano de 1940 marca o auge da sua carreira ao serviço do Estado Novo ao ser-lhe atribuída a organização da Secção Colonial da Exposição do Mundo Português, do Cortejo do Mundo Português e das Comemorações da Fundação da Nacionalidade. Entretanto, estabelece uma relação de alguma confiança com Salazar e torna-se mesmo um dos seus militares favoritos, sendo incumbindo de algumas missões importantes pelo império.
No entanto, este período de grande favor de Henrique Galvão no seio do regime começa a ser manchado, em meados dos anos quarenta pelas posições e afirmações sem contemplação em expô-las, vai rompendo sucessivamente com os seus superiores hierárquicos no Ministério das Colónias: Armindo Monteiro e, sobretudo, Francisco Vieira Machado, que acusou de corrupção atribuindo-lhe o epíteto de "Chiquinho ladrão”. Sapiens pdf : Nelson Moreira Antão e Célia Gonçalves Tavares
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A Exposição-Feira de 1938 é referida por José Manuel Fernandes, em "Arquitectura e urbanisno no espaço ultramarino português", História da Expansão Portuguesa, vol. 5, p. 353, mas apenas devido ao papel não esclarecido de Vasco Vieira da Costa.
E em especial em Geração Africana, Arquitectura e cidades em Angola e Moçambique, 1925.1975, Livros Horizonte, Lisboa 2002, p.85.
Fernando Batalha: desenho do pavilhão principal da Exposição-Feira de Angola, em 1938 (participação?)
JMF menciona em Angola os arq. Fernando Batalha e Sá de Menezes nos anos 30 e 40, de tendência modernista ou "transicional", a que se segue no fim dos 40 e anos 50 a generalização de uma "arq. do Estado Novo", com o caso paradigmático do Banco de Angola de Vasco Regaleira, ver foto p. 352.
Fernando Batalha (1908, Redondo - ?). em áfrica de 1938 a 1983 (JMF, GA 18) Depois de concluir o curso de arquitetura, partiu para Luanda, em 1935. Aí, realizou vários projetos de arquitetura, iniciando a sua atividade com a participação no desenho do pavilhão principal da Exposição-Feira de Angola, em 1938. Nesse mesmo ano, conclui o Palácio do Comércio, obra pública iniciada pelo arquitecto Sá de Menezes. Em 1939, projetou o "Grande Hotel", em Luanda, construção proibida por Vieira Machado, então ministro das Colónias, por apresentar linhas demasiado modernas. (...) Infopedia
autor do livro "Angola - Arquitectura e História": ed.Novavega
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sob o mandato de António Lopes Mateus: O arquitecto José Costa e Silva foi o homem que elaborou o projecto daquilo que foi o Liceu Salvador Correia e que é hoje a Escola Mutu-ia-Kevela. No alto da cidade, “A Casa Amarela” (queria exprimir “ a união espiritual que ligava os habitantes de Angola a Portugal”): Inaugurado em Julho de 1942 (1936-45), depois de quase quatro anos de obras, o Liceu Nacional de Salvador Correia, tornou-se à época um ex-libris da cidade, dada a monumentalidade da obra, aliada ao orgulho da sociedade luandense de então “pelo nascimento do seu liceu, em instalações condignas e ao nível do que de melhor se fazia na Europa”. Contudo, o edifício tenta representar demasiadas coisas em simultâneo, o que o torna num magnífico exemplar do “peshibequismo” arquitectónico do Estado Novo, que dominava e abominava em Portugal nos anos da 2ª Grande Guerra. A construção, é uma amálgama de estilos e não consegue ser mais que uma obra que só dá nas vistas pela volumetria e garridice do seu amarelo ocre. "O Estudante"
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Vasco de Morais Palmeiro Regaleira, 1897-1968:
na Exp. de 1938, Luanda, Pavilhão do Banco de Angola, c/ esculturas de Manuel de Oliveira (rev. Arquitectos nº 9, ed. SNA, 4/6, 1939, p. 270; e Arquitectura nº 41, 1938, p. 18)
Hotel Turismo da Guarda, 1936-1947
Foto LUISA L / V.R sobre guião de Raul Lino
Lisboa 1940:
Casa portuguesa para as colónias; 1940, EMP Secção Colonial
Luanda: Banco de Angola de Vasco Regaleira, p. 352 HEP / p. 21 GA, um pastiche setecentista concluído em 1956, ver G., p. 450
considerado ainda um ex-libris da cidade ..., o Banco Nacional de Angola
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E também, de Vasco Vieira da Costa (2ª maneira, 12 anos dp da Exposição-Feira)
Mercado Kinaxixe. ver G. p. 451
Data de Construção: 1950/1952 - destruído em 2008
Autor - Arquitecto Vasco Vieira da Costa, foto de Arquitectura.pt
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