No VI Encontro de Museus de Países e Comunidades de Língua Portuguesa (organizado pelo ICOM Portugal, nos dias 26 e 27, Museu do Oriente, Lisboa), Francisco José Viegas, que foi um dos intervenientes da sessão de encerramento, absteve-se de qualquer anúncio ou esclarecimento sobre a reestruturação do respectivo sector no quadro da SEC e da administração pública. Também nada disse sobre o contexto restritivo em que vivem os museus estatais, optando por discorrer sobre a necessidade e os prazeres da frequência dos museus em geral, do seu ponto de vista de visitante. Foi um hábil e inteligente discurso literário.
É certamente difícil de decidir se tal silêncio significa que preferirá uma audiência não corporativa para esclarecer a política a seguir e a resposta à crise em matéria de museus e património, ou se estamos perante uma ausência de políticas. A primeira hipótese é simpática, porque os museus não são apenas o sector profissional dos chamados museólogos (que é uma problemática palavra...), embora fosse obviamente conveniente assegurar a eficácia de plataformas de diálogo com os técnicos (ou funcionários) do sector. Ou seja: convém falar directamente com os públicos (os cidadãos) e fazer participar os profissionais da área (e de áreas afins). Uma síntese da situação dos museus portugueses nos últimos 30 anos, apresentada no Encontro por Natália Correia Guedes, acompanhada por comentários pessoais e por inquietações colectivas relativas ao presente, poderá ser um documento capaz de estimular essa participação profissional. Francisco José Viegas declarou-se interessado em conhecer o respectivo texto.
Mas - na segunda hipótese - se se entende que aquele palco corporativo e associativo não seria o local mais adequado para enunciar responsabilidades governativas neste campo, aguarda-se então que a oportunidade não se adie - já passaram 100 dias: reina a penúria dos meios, a indigência do pessoal, a incerteza dos programas e o silêncio (pelo menos em público) dos responsáveis.
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