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03/10/2013

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jpt

"Em Janeiro e Fevereiro andei fora de casa, pouco dado a leituras na internet e por isso perdi o fio à meada nesta sua série interessante. Talvez por isso ter chamado a atenção (no meu comentário ao seu 5º postal sobre a questão) a textos que V. referira no seu postal 3º (fui agora relê-lo). Desculpar-me-á o desajuste, vindo dessa falta de continuidade na leitura. Os textos (AM, EL, MVF) talvez sejam de uso "rotineiro", como V. os diz (eu colocara a hipótese de se terem desactualizado parcialmente). Mas, e pelo menos no meu caso (e, já agora, sou antropólogo, se é que as fronteiras disciplinares fazem sentido), não vêm de "elocubrações identitárias" ligadas à "retórica pós-colonial" (a qual é uma preocupação que me é estranha, no sentido académico-teórico do termo).

É até engraçado, pois o que me afasta da retórica "pós-colonial" da lusofonia é exactamente o facto de que "a sua operacionalidade é exígua quando se trata de passar dos bancos da escola ao relacionamento intercultural e internacional.". Não só como factor de desconhecimento português sobre as dinâmicas para além da lusofonia (insisto no que em comentário atrasado lhe disse, o enquadramento da lusofonia coloca, pelos seus implícitos e explícitos, os portugueses a encerrarem-se numa lusoplastia, histórica e actual, incompreendedora dos fenómenos longínquos e das relações históricas Portugal-alhures). Mas também porque surge, por razões políticas/sociológicas (e não por meras "retóricas" identitárias), como "ruído" tonitruante no relacionamento intercultural e internacional, inibindo-as.

Eu leio Lourenço (esse de 1999) de uma forma um pouco diferente da sua. Sim, apresenta um "poder ser" da lusofonia que V. muito bem cita, mas coloca (no encaixe de tantos outros textos seus sobre o eixo imperial) um "ser", um real discursivo, pouco radioso. Sempre me lembro de um episódio, exactamente contemporâneo deste texto de Lourenço, que alude à pluralidade. Em finais de 1990s surgiu o debate aqui (Moçambique) sobre a "bantofonia", como identidade cultural, histórica, e como vector de relacionamento cultural-internacional (somos bantófonos, dizia-se). Tal como recentemente isso se levantou de novo, aquando do "regresso da lusofonia" aqui por mão do Estado português. O interessante é assistir à repulsa imediata, até indignada, dos intelectuais portugueses (e funcionários também) - reduzindo a expressão a retórica política. Como se houvesse um substrato identitário (lá está) legítimo e factual na "lusofonia" e uma mera retórica interesseira (e, quiçá, elocubrativa) na "bantofonia". A pluralidade, como se vê, fenece face a ouvidos e mentes pouco plurais.

cumprimentos

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