“ÉVORA GROUP” / “GRUPO DE ÉVORA”
a Pequena Galeria, Lisboa (de 26 de Abril a 11 de Maio, 2013)
“4 IN ÉVORA” / “4 EM ÉVORA”
Palácio D. Manuel, Évora (de 17 de Maio a 8 de Junho)
Fotografias de / Photographs by António Carrapato, João Cutileiro, Pedro Lobo. José M. Rodrigues
The exhibition gathers four photographers who reside and work in Évora, one of whom is better known as a sculptor, although he has long been involved in photography. They were brought together in Lisbon, for an exhibition at the “Pequena Galeria”, under the name “Grupo de Évora” (Évora Group); an opportunity for the simultaneous recognition of four bodies of work of great importance and varying visibility, that share the light of the same city. There are not, amongst all of them, complicities of work , nor do they share a common network of relations; some of them didn’t know each other personally before they were presented the challenge of congregating their work. But, in a city that has been fertile when it comes to the emergence of artists and collective initiatives, an exceptional - even unique, in the whole of the country - concentration of talents and established careers in photography also arose.
Known as a photojournalist and correspondent in Alentejo for various publications, ANTÓNIO CARRAPATO (Reguengos de Monsaraz, 1966) has appeared in a number of exhibitions, of varying notability (the latest being “O Riso”, at the EDP foundation); An ultimately observant regard, marked by humour, attention to the significant random moment, and an iconic and fraternal approach to the quotidian (and also a critical one, although not exterior to the reality addressed - “Nós” (“We”) was the title of an exhibition at the Museum of Évora, in 2009). For this display, a number of his already “classic” images, both in colour and black and white, were chosen, taken from an itinerary in Alentejo that has also travelled through other “European” paths.
Sculptor JOÃO CUTILEIRO (Lisbon, 1937 - residing in Évora since 1985) has a parallel body of work in photography that was made public for the first time in 1961, discretely published in 1971 (photographs of Monsaraz in José Cutileiro’s book A Portuguese Rural Society, Oxford, Clarendon Press; along other photographs by Gérard Castello-Lopes), and that has been extended and renovated to this day. Portraits of friends, that are now re-exhibited alongside some new works, selected amongst those who have departed, constitute a very extensive collection that started in the 1950s and was extended during his stay in London in the 1960s. It is a vast gallery of artists and intellectuals of reference, that awaits publication, as a major document, autobiography and photographic creation in a genre - portrait - that is rarely performed as systematically and as close to the quotidian. There are eloquent transits between the sculpture of bodies and faces, and their respective photography. Nudes and the photography of their sculptures are other parallel domains visited by the photographer-sculptor.
Pedro Lobo came from Brazil (Rio de Janeiro, 1954) to establish himself in Évora about three years ago, bringing along an already extensive and recognized body of work. A recent series, devoted to the religious imaginary in Portugal and in Brazil combined with his interest in issues relating to cultural heritage, that he named “In Nomine Fidei”, is presented through a selection of records taken from old churches in the Lezírias and Alentejo, where the image of the sacred becomes more intimate and moving, from the strong presence of the marks of time and material ruin. Photographing the death of images can be a form of conceiving the chaos of the world, and the end of transcendental ambitions - or the need for such ambitions. By using smaller-than-standard formats, and by displaying the photographs in old frames that were found, Pedro Lobo made them into always different - nearly unique - closer and more intense photographic objects.
José M. Rodrigues (Lisbon, 1951) - recipient of the Pessoa Prize in 1999 - is the most acclaimed of the Évora photographers. He came to the city after his career in the Netherlands (1969 - 1993). He presents a sequence of six recent and unpublished photographs; a set that is emblematic of his work, and of the way it transcends the documental dimension of photography, becoming a radically personal artistic creation where reality and memory, nature and the meaning of life are questioned. In the set, a self-portrait, the presence of water (Alqueva), a subtle eroticism, the strangeness of things and places caught in quotidian reality, and the creation of object compositions of symbolic intent. He displayed them in silver boxes, resorting to a device the partially hides them, enhancing the enigmatic nature of the images and demanding the complicity of the viewer, turning the images into objects.
Alexandre Pomar
http://alexandrepomar.typepad.com/
(trad. João André Abreu - www.joaoandreabreu.com )
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"4 EM ÉVORA" - “GRUPO DE ÉVORA”
A exposição junta quatro fotógrafos que residem e trabalham em Évora, um deles mais conhecido como escultor, mas que há muito pratica a fotografia. Foram reunidos em Lisboa numa exposição d'a Pequena Galeria sob a designação “Grupo de Évora”, como uma proposta de reconhecimento simultâneo de quatro obras de grande importância e diferente visibilidade que partilham a luz da mesma cidade. Não existem entre todos eles cumplicidades de trabalho nem estabelecem uma rede de relações comuns, e alguns dos quatro não se conheciam pessoalmente antes de serem desafiados a reunirem os seus trabalhos. Mas numa cidade que tem sido fértil quanto ao surgimento de artistas e às iniciativas colectivas, acontece que também na fotografia se observa agora uma concentração excepcional, ou mesmo única no país, de talentos e de carreiras confirmadas.
Conhecido como fotojornalista, colaborador no Alentejo para diversas publicações, ANTÓNIO CARRAPATO (Reguengos de Monsaraz, 1966) tem aparecido em várias exposições mais ou menos notadas (a última, o "Riso" da Fundação EDP) com um olhar finamente observador marcado pelo humor, pela atenção ao acaso significativo, pelo gosto do “trompe l’oeil” e do acidente visual, pela aproximação irónica e fraterna ao quotidiano, que também é crítica sem ser exterior à realidade escrutinada - "Nós" foi o título de uma exposição do Museu de Évora, em 2009. Para esta mostra escolheram-se várias das suas imagens já “clássicas”, a preto e branco e a cores, de um roteiro alentejano que também já tem seguido outros itinerários "Europeus".
O escultor JOÃO CUTILEIRO (Lisboa, 1937 - em Évora desde 1985) tem uma obra fotográfica paralela que surgiu a público pela primeira vez em 1961, foi discretamente editada em 1971 (fotografias de Monsaraz no livro de José Cutileiro A Portuguese Rural Society, Oxford, Clarendon Press, com outras de Gérard Castello-Lopes), e que se tem prolongado e renovado até hoje. Os retratos dos amigos, que agora volta a expor com alguns inéditos, numa selecção feita entre os já desaparecidos, constituem uma muito extensa colecção iniciada nos anos 1950 e alargada durante a permanência em Londres nos anos 60. É uma vasta galeria de artistas e intelectuais de referência, qee está à espera de ser editada em livro, como documento, autobiografia e criação fotográfica maior, num género, o retrato, que raramente é praticado de forma sistemática e tão próxima do quotidiano. Entre a escultura de corpos e rostos e a respectiva fotografia existem trânsitos eloquentes. Os nus e as fotografias das suas esculturas são outros domínios paralelos frequentados pelo fotógrafo-escultor.
(J. Cutileiro)
Do Brasil veio Pedro Lobo (Rio de Janeiro 1954) para se instalar em Évora há cerca de três anos, trazendo uma obra já longa e reconhecida. Uma série recente dedicada ao imaginário religioso, em Portugal e no Brasil, associada ao seu interesse pelas questões do património, a que chamou “In Nomine Fidei”, é apresentada através de uma escolha de registos colhidos em velhos templos das Lezírias e do Alentejo, onde a imagem do sagrado se torna mais íntima e tocante graças à presença forte das marcas do tempo e da ruína material. Fotografar a morte das imagens pode ser um modo de pensar o caos do mundo e o fim das ambições de transcendência, ou ainda a sua necessidade. Usando formatos menores que os habituais e mostrando as fotografias em velhas molduras encontradas, Pedro Lobo tornou-as objectos fotográficos sempre diferentes, quase únicos, mais próximos e intensos.
José M. Rodrigues (Lisboa, 1951) - Prémio Pessoa em 1999 - é o mais consagrado dos fotógrafos de Évora, para onde veio depois da carreira na Holanda (1969-1993). Apresenta uma sequência de seis fotografias recentes e inéditas num conjunto que é emblemático da sua obra e do modo como ela ultrapassa a dimensão documental para ser uma criação artística radicalmente pessoal, onde a realidade e a memória, a natureza e o sentido da vida se interrogam. Não falta um auto-retrato, a presença da água (o Alqueva), um erotismo subtil, a estranheza das coisas e dos lugares surpreendida na realidade quotidiana e a criação de composições objectuais de intenção simbólica. Apresentou-as em caixas prateadas com recurso a um dispositivo que parcialmente as oculta, com que acentua o carácter enigmático da imagens e exige a cumplicidade do espectador, transformando as imagens em objectos.
inauguração em Évora (foto A. Carrapato)
(António Carrapato, Pedro Lobo, José M. Rodrigues e Vítor Estudante; Margarida Lagarto, Marioka Krom, João Cutileiro e A.P. - almoço de trabalho no Siquenique)
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