1990,
"Territórios devastados", Jorge CALADO, Expresso Revista de 27 Janeiro, p. 35R. <sobre a exp. de estreia de José Francisco Azevedo, "Revelações 1987/9", na Ether>
QUANDO, um dia, se fizer a história da fotografia em Portugal, alguém terá de explicar a fixação de muitos fotógrafos portugueses contemporâneos com a pedra, a estatuária, a ruína do património à beira de água. Enquanto em Inglaterra a fotografia exprime preocupações socrais e assume a pureza directa do fotojornalismo, em França se deleita com a encenação dos corpos, na Alemanha se solariza em duelos de luz e trevas, nos Estados Unidos é teatro, no Portugal de hoje o fotógrafo ignora a gente nas ruas e aponta a objectiva para a pedra. Há excepções, é óbvio, mas há (ou houve) também o Queluz de Jorge Molder, as Caldas da Rainha de José Afonso Furtado, a Santa Clara de Albano Silva Pereira, as Berlengas de Vital Moreira, a Sintra de Malato de Sousa. Até a obra prima de Gerard Castello Lopes é uma pedra dessas falésias, tosca, bruta, talhada pelo mar. São, em geral, fotografias de ausências, onde aquilo que se esconde é, pelo menos, tão importante como aquilo que se vê.
Fotografar foi, em tempos do «big brother» do antigamente, um exercício de subversão. Empurrados para fora da praça pública, muitos fotógrafos arrumaram as máquinas; outros passaram a olhar para outros lados. Se era arriscado espreitar pela janela para ver como ia a vida pela cidade, havia ainda a alternativa de olhar para o espelho. A praça, entretanto, tornara-se cada vez mais barulhenta e frenética. Pelo contrário, a pedra não fala e já não há tempo para passear pelos jardins. A fotografia portuguesa (uma boa parte dela) deixou de ser partilha e testemunho para se constituir em refúgio. Constrói-se no silêncio dos jardins e dos monumentos que ninguém visita. A água é O.K.. A sua superfície também é reflectora e o barulho e ritmo do mar é o da nossa respiração.
Foi Szarkowski quem propôs a tese de que «há uma dicotomia fundamental na fotografia contemporânea entre aqueles que pensam na fotografia como um meio de auto-expressão e aqueles que pensam nela como um meio de exploração». Por outras palavras, o produto da fotografia oscila entre o espelho que reflecte o retrato do artista, e a janela que proporciona ao mesmo artista o desbravar do universo. Para Szarkowski, os patronos destas duas preocupações, da sugestão e da descrição, são Stieglitz e Atget, respectivamente. OuMinor White - o fundador da revista Aperture (1952) - e Robert Frank, o descubridor dos amercanos (The Americans, 1959).
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a partir de 31 Março, páginas de publicidade Apple . Sonae - Interlog . Luzitânia/ether pix data file. Rua Rodrigo da Silveira 24. Expresso Revista (última página):
Comandante António José Martins / Mariano Piçarra (7 Abr.) / Sena da Silva (13 Abr.) / "Lisboa, cidade triste e alegre" / Carlos Afonso Dias / Gérad Castello-lopes /Sena da Silva / Paulo Nozolino / Carlos Afonso Dias / ?
Braga, IV Encontros da Imagem, Abril. <Programa>
"Sem tambores nem trombetas", Publico A Semana, 13 Abril, pp. 14-15. Robert Capa, Mario Giacomelli, Brian Griffin, Cristina Garcia Rodero, etc.
"Magnum opus: mudar o mundo, Jorge CALADO, Expresso Revista, 7 de Abril, p. 66-68-70 <"In Our time", Haywarth Gallery, Londres
George Rodger: memórias de um fundador", Jorge CALADO, idem, pp. 69-70-71. <"Magnum: The Founders" ICP, NY>
"Sebastião Salgado: canções de heroismo", Jorge CALADO, Expresso Revista, 14 Abril, pp. 48-51 <Photographers Gallery, Londres>
(História) "A fotografia segundo a técnica", Jorge CALADO, Expresso Revista, 2 Junho, pp. 87-88. <Photography Until Now" de John Szarkowski, MoMA>
FOTOPORTO, Bienal de Fotografia, Fundação de Serralves. Jornal de Exposição, 8 pags., sem data
Fernando Pernes, apresentação
Sena da Silva, "As ameaças da intimidade"
António Sena, Paulo Nozolino / Neal Slavin - Portugal
Chister Stromholm (entrevista) / NicholasNixon, "Pictures of People" / John Phillips, Saint-Exupery
Fotoporto em 2ª edição (bienal): de 20 de Setembro até Dezembro, com várias produções inéditas (4 da Ether, António Sena): Sena da Silva, Paulo Nozolino e Chris Stromholm e Neal Slavin, e tb Mimmo Judice.
25 Agosto, "Setembro: as fotos do Porto", A.P., Expresso Cartaz, pp. 34-35
1 Setembro, "Fotoporto. Filmes de Fotógrafos", p. 35.
Fotoporto 1 / Os sentidos de Chister Stromholm, Jorge CALADO, Expresso Revista, 29 Setembro, pps. 87-88
Fotoporto 2 / O Portugal de 68 por Neal Slavin, Jorge CALADO, Expresso Revista, 24 Novembro, pp. 95-96
(Serralves) "Viagens no tempo" (Nicholas Nixon e Neal Slavin, A.P., Expresso Cartaz 17 Nov. p. 13.
"Pequeñísima historia de la fotografía en Portugal", António SENA, Lapiz, especial Portugal, nº 70, Verão, pp 66-73
Ether, Press Release 10 Out. (diz Nov.) Quatro exps patentes: Chister Stromholm, Sena da Silva, Paulo Nozolino, Fotoporto. Augusto Alves da Silva (Algés/Trafaria), Ether.
Anunciadas mais 5 exps.: Neal Slavin, Fotoporto. "Colecção Nacional de Fotografia da SEC" (Anunc. Novembro). Na Ether: Mariano Piçarra, Rui Fonseca e José Rodrigues (esta não se confirma), e a preparação da Europália'91
Albano Silva Pereira: "Não tenho uma concepção reaccionária da fotografia" (entrevista), João Pinharanda, Público, 28 Dezembro, p. 23. <Referencias à Europália 91 e à Colecção Nacional de Fototografia. Em 1990 os Encontros de Coimbra não se realizaram>
(1990) "Um espectáculo, uma exposição, um livro", Jorge CALADO, Expresso Revista, 28 Dezembro, 40-96 < Twins Starm, Franz Hals,...>