"A fotografia, incluindo os caminhos do fotojornalismo, da documentação e da afirmação artística, constitui uma das dimensões mais reconhecidas da produção e da identidade cultural de Moçambique. Para isso contribuiu em especial a figura e a obra pioneira de Ricardo Rangel (1924-2009), fotógrafo de imprensa influente desde os anos 60, que se impôs no tempo colonial e exerceu uma eficaz acção formativa depois da independência. Por opção estratégica e com o apoio da cooperação internacional, Moçambique valorizou a importância da informação fotográfica e criou condições para a prática e a divulgação da fotografia que constituem um caso singular no panorama africano, comprovado por toda uma galeria de autores relevantes e uma assinalável continuidade criativa.
Para representar a importância da fotografia moçambicana quando se celebram os 40 anos da independência do país, esta exposição reune um conjunto alargado de obras de quatro autores com lugares destacados e também diferenciados ao longo do tempo. Moira Forjaz, José Cabral, Luis Basto e Filipe Branquinho marcam quatro décadas sucessivas de um arco cronológico que vem desde os anos 70 e que conta agora com uma nova geração de artistas que tem conquistado atenção internacional (refiram-se Mário Macilau e Mauro Pinto).
Para além do grande colectivo que tem sido a história da fotografia moçambicana - formado por Rangel e incluindo Kok Nam, João Costa - Funcho, Sérgio Santimano, Rui Assubuji e outros - , pretendeu-se sublinhar a crescente singularidade autoral de vários processos criativos e a originalidade dos seus itinerários. Fora dos caminhos estreitos da fotografia de imprensa, foram-se forjando novas formas de mostrar e comentar realidades, à margem dos exotismos tropicais em voga noutros lugares, e criaram-se novas linguagens documentais para a arte fotográfica."