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BF16 - Bienal de Fotografia - V. F. Xira.
12Abril: Foi hoje publicamente apresentado o Programa Curatorial da BF16. Vila Franca de Xira - 15 Outubro / 2016 a 29 janeiro / 2017.
Mais um programa capturado pela corte ou rede ou polvo. Outra vez os mesmos nomes de artistas, ou supostos artistas, que circulam pelas instituções tuteladas pelos poderes políticos ou administrativos (de facto já não há politica, há gestão) e outra vez a ausência dos melhores fotógrafos, excepto o António Júlio. Pergunta: o David Santos, sub director geral do Património continuou como comissário? Isso é possível e aceite? E o que conhece ele de fotografia?
Há alguns desconhecidos que podem ser boas surpresas - ou estão só a ornamentar o ramalhete? Veremos o que vem do histórico Lemos, gd fotografo dos anos 950-52. Mas convém sair das pequenas cumplicidades descartáveis e das descobertas breves da temporada.
Eu escrevi os melhores fotógrafos, não excluí os prometedores e os interessantes (não podem ser todos os melhores... apesar dos jornais distribuírem estrelas com uma escabrosa benevolência).
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Fotografia, modo de excluir
Perguntei antes o que conhece (ou sabe) de fotografia o David Santos (curador de uma Bienal e sub-director-geral do Património Cultural, em estado de manifesta incompatibilidade de funções). Apesar de noutras circunstâncias termos mantido diálogos interessantes, ele não respondeu, o que é natural, agora. Pergunto-lhe então uma coisa directa - e mais concreta: já alguma vez pôs os pés na Módulo?
É a galeria que tem apresentado o maior número de fotógrafos e muitos dos melhores (mais tarde passados a outras galerias, como Paulo Nozolino e
António Júlio Duarte). Actualmente conta entre os seus artistas com Ana Telhado, Brígida Mendes,
David Infante, Mafalda Marques Correia,
Tito Mouraz e
Virgilio Ferreira; todos eles expõem fotografias - a descoberta de talentos é uma das marcas do
Mário Teixeira da Silva, galerista há muitas décadas e também coleccionador. Nenhum deles está presente na BF 16 Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, e não será por acaso. Podemos ver que também nenhum deles foi incluído numa espécie de catálogo chamado "Fotografia. Modo de Usar", que foi editado por Delfim Sardo para o Novo Banco (ed. Documenta) em 2015.
Estas iniciativas orientam-se pelo facciosismo, pela lógica da exclusão, pelo princípio da construção de clientelas, pela demarcação de um sistema galerístico-institucional "curatorial", gerido por um pequeno grupo inter-relacionado (crítico/curadores e galerias). Não põem em geral os pés nas exposições (excepto nas inaugurações das galerias de que dependem ou que nas que fazem depender da sua influência) e escolhem por razões ínvias e de favor, de poder ± corrupto ou suspeito; escolhem em geral não os melhores mas aqueles que não fazem sombra aos seus protegidos dilectos. Estão agora na universidade a fazer e distribuir doutoramentos foleiros, ocupam ou ocuparam lugares em direcções de museus ou centros de arte (lugares que exercem como curadores e não como directores-gestores) e circulam entre posições de poder - voltam sempre à tona, mesmo depois de afastados por algum acidente mais grave. Não é fácil exterminá-los.