Numa altura em que a Câmara de Lisboa se propõe introduzir o "Projecto África.Cont" na EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa, mediante aprovação de uma proposta na Assembleia Municipal (proposta adiada em 19 de Abril), convém recordar uma informação de 23 de Dezembro de 2008:
"O Centro <Centro Cultural de Arte Africana em Lisboa, designação que à data coexistia com África.Cont> irá tornar-se uma fundação no início de 2009, por forma a que instituição tenha autonomia em relação ao ciclo político e não possa ficar dependente das eleições e da mudança de governo. O modelo de Fundação que nós adoptámos é muito semelhante ao da Fundação de Serralves, e no seu organigrama de funções existe a figura de director artístico e cientifico, que é o lugar que irei ocupar. Serei o responsável pela programação e pela organização de exposições e dos eventos. "
Quem então falava era o putativo ocupante de tal lugar, José António Fernandes Dias, antropólogo e então professor na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, coordenador do Mestrado em Estudos Curatoriais e também consultor da Gulbenkian no Serviço de Belas Artes para temas “multiculturais”. A sua fala faz parte de uma muito extensa entrevista publicada no site/magazine ArteCapital
ENTREVISTA
Nunca houve Fundação África.Cont e o Centro, "com inauguração da sua sede marcada para 2012", dizia-se, não saiu do papel. A obra anunciada teria um custo estimado de 15 milhões de euros e o anteprojecto encomendado ao arquitecto anglo-tanzaniano David Adjaye custou 65 mil euros, suportados pela Fundação Calouste Gulbenkian (sujeito a devolução em caso da sua não edificação).
Em Janeiro de 2011, o Executivo da CML procurou integrar o projecto África.Cont no âmbito da Frente Tejo SA, mas o desígnio não chegou à Assembleia Municipal. A autarquia entraria na estrutura accionista da Frente Tejo S.A. (já então ameaçada de extinção), com uma participação de 49 por cento no capital social, sendo 2,5 milhões de euros em dinheiro e outro tanto em espécie correspondente ao valor dos edifícios propriedade do município atribuídos ao projecto África.Cont. Na reunião de Câmara a proposta aprovada recebeu então os votos contra do PCP, do CDS e de Vítor Gonçalves (PSD), e as abstenções dos restantes vereadores do PSD e dos vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos na lista do PS).
Por essa altura, o Público (J. M. Cerejo, 10-01-2011) dizia em título "Africa.cont ainda não saiu do papel e já custou 570 mil euros".
Mas o projecto da sede a instalar entre a Rua das Janelas Verdes e a 24 de Julho (uma ambiciosa operação de requalificação urbana que submergiu a lógica da divulgação da cultura africana e da cooperação lusófona e internacional) já estava abandonado em Junho de 2012, quando a CML de António Costa tentou vender o Palacete Pombal, ainda ocupado por serviços do Instituto do Património, a uma entidade do Quatar (o que implicaria recobrir os seus painéis figurativos em azulejo!).
Entretanto uma entidade sobrevivente que manteve a designação África.Cont continuou a promover ou apoiar exposições e algumas outras escassas actividades (ver programas desde 2010 em
www.africacont.org . Depois de ter existido sob a tutela directa do Presidente da CML passou para alçada e o orçamento da Vereadora da Cultura.
Não existe qualquer informação oficial sobre a estrutura e o funcionamento do que continua a ser designado como África.Cont. A proposta de passagem do "Projecto" para a EGEAC surgiu sem qualquer acréscimo de informação. Supõem-se que Fernandes Dias continua a ser o África.Cont.
#casoAfricaCont
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