Como se faz: os dois galeristas portugueses do Comité de Organização (Cristina Guerra e Nuno Centeno) apreciam as candidaturas recebidas dos seus colegas e quando lhes interessa (não gostam ou querem afastar a concorrência) dão notas baixíssimas quanto ao curriculo da galeria candidata e quanto ao projecto específico para a feira - género 40 em 100. Claro que são chumbadas pelo conjunto do Comité, porque as galerias estrangeiras que o integram votam de cruz: não conhecem e/ou não contrariam quem manda.
Ora quien todo lo manda é exclusivamente a D. Cristina, e o Nuno é só um rapaz novo que acompanha - é um pequeno parceiro (ex gal. Reflexus de 2007; dp gal. Nuno Centeno em 2011; a partir de 2014 Gal. Múrias-Centeno - http://www.muriascenteno.com/artists/).
Mandam depois os excluídos um recurso para um gabinete de Madrid, e as pontuações não podem ser revistas. Apenas se pode apreciar qualquer "indício de arbitrariedade": está feito, exclusão confirmada. A Cristina conseguiu o que queria e faz a feira da Cordoaria com quem ela escolhe, quem lhe obedece e quem tolera. Não é uma arbitrariedade que Madrid queira corrigir, é a sua estratégia pessoal que vai eliminar todos os parceiros que podem brilhar na feira com independência e público próprio.
Volto a lembrar que a Arco Lisboa precisa de contar com grandes apoios portugueses, do Ministério da Cultura e dos vários braços da Câmara de Lisboa (ATL, Vereação da Cultura, EGEAC), e é isso que está em causa: podem as entidades oficiais caucionar este poder discricionário e abusivo, ilegítimo e absurdo? Podem fechar os olhos?
Há um ano, o então director do departamento de galerias da CML, o João Mourão, estava por dentro desta estratégia que se dirá mafiosa, a ponto de poder apresentar na feira-boutique da Cordoaria um espaço com o que dizia ser a colecção da sua própria galeria, a Kunsthalle Lissabon ( http://www.kunsthalle-lissabon.org/exhibitions/past ). O director dirigia, programava, comissariava - também para fora, para outras galerias - e tinha o seu próprio negócio paralelo: um polvo. Chegou-se a isto perante a passividade de responsáveis da CML. (Tive oportunidade de me levantar de imprevisto numa sessão pública da CML e denunciar face ao pres. Medina e à vereadora Vaz Pinto esta situação; entreguei-lhes um memorando crítico sobre a política municipal nesta área. Terá tido algum impacto) .O mundo mudou, o João Mourão teve de sair. Como vai ser agora? Alguém contraria a D. Cristina?
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