Comentários sobre discursos culturais:
"Urge estabelecer um estatuto profissional para o Artista!" - escreve VC (um estatuto para cada arte ou um para todos, do cinema à poesia?).
"Todos os profissionais da cultura têm de estar integrados numa Lei" (JQ) Integrar artistas é uma ameaça, uma violação, um abuso, uma prepotência.
"...é um mundo que tem profissões de investigação /concepção, ensino, criação artística, produção, educação, divulgação, economia da cultura,..." (JC) - pelo caminho não há lugar para os artistas, ou chamam-lhe conceptores? criadores? produtores?: proposta: deixar os artistas fora-da-lei e contingentar, regular, os penduras (incluindo marchands, empresários, críticos, se os houver, directores, publicitários, etc).
"Um subsídio é outra coisa" VC - é a actualização do lugar do artista na corte profana ou divina, da encomenda do mecenas, da tença.Antes a bolsa, o prémio, a aquisição.
"Separação entre profissionais e amadores, ninguém exerce uma profissão sem a aprender, desde as oficinas artísticas da Idade Média que assim é..." JQ - as oficinas e corporações medievais como modelo autoritário, anteriores às academias régias e às sociedade livres - estamos a avançar cada vez mais para trás; Quem é amador e quem é profissional: são classes estanques? há exame de passagem? devem os amadores ser interditados e/ou remetidos para as romarias, ranchos, bandas, sociedades recreativas, salões da aguarela, lojas de artesanato (os artesãos e artesãos-artistas são amadores ou profissionais?)
"O que deve prevalecer é a relação contratual, clara e estável" JQ - do artista com a sua galeria, do escritor com a sua editora (a tanto por best-seller?), do poeta com a respectiva musa, do encenador com o teatro nacional? E se a produção for um fiasco, o artista devolve o $ do contrato?.
Onde pára o risco individual, o desafio, a aventura, a indisciplina de ser artista - um lugar marginal ao trabalho burocrático ou operário, auto-gerido e livre? Ser artista e ser candidato a artista são posições opostas no mercado das artes? (e o que há mais são candidatos a artistas, e há artistas licenciados, mestrandos, doutorados, tão pouco artistas). Claro que há situações de necessário contrato estável (sujeito a termo?, a provas?)
A cultura vai perdendo a sua cultura, a tentação totalitária é grande.
Mais: "É preciso é tirar a Cultura da tutela do Governo Português (seja ela rosa, laranja ou às riscas). (DF): a cultura não está tutelada (sob a tutela) do G.P. Podem fazer cultura à vontade. A "tutela" é a administração dos serviços públicos centrais/estatais da cultura; as autarquias administram os seus serviços públicos locais. G.P. e autarquias também contratam, adquirem e subsidiam (produzem) alguma cultura, e às vezes regulamentam - só alguma cultura, a mais efémera, a mais partidária.
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