PERGUNTAR AO RÚBEN (06 10 2020)
Quando o Rúben era vivo, telefonava e marcávamos um almoço, ou um breve encontro, para lhe falar de um qualquer disparate ou escandaleira em que o ministro se metia, em especial se era do PS. Lembro-me mais nitidamente do que se passou com e Museu de Arte Popular, o MAP, que uma Isabel Pires de Lima queria fazer desaparecer, deslumbrada com o Museu da Língua de São Paulo (e também se enredou com o Hermitage em Lisboa!). O Rúben fazia então um contacto com o João Oliveira, que seguia coisas da cultura antes de ser líder parlamentar, e encaminhava-se a informação e o alerta (nesse caso com algum sucesso; depois houve a longa guerra do Africa.cont...). Tratava-se de escrever no jornal e também de fazer política, em simultâneo.
A habilidade do Rúben para estabelecer pontes e fazer passar o PC por uma casa aberta era proverbial - achei depois que nos ía enganando a todos com esse papel de dialogante esclarecido e afável (lembro-me que como presente de aniversário me ofereceu uma vez os vários números do Revolução Popular, antes do 25 de Abril, no duplex da Estados Unidos da América (coincidência feliz), quando passara do Século para a publicidade (teria deixado o PC ou fingia?). Também dava pistas sobre as diversas "sensibilidades" no partido e sobre comprometimentos que tinha e tinham de assumir.
Agora o Rúben não está e ainda não consegui ter a certeza certa de que a votação do PC (parte contra e parte a favor, sem se dizer o quê, deixando passar no limite do quorum a Proposta do Protocolo sobre a Biblioteca Manguel (ou Manguela) foi ditada pela preparação de uma maioria de esquerda autárquica que sustente o Medina em 2021. Saíra da sala o João Ferreira candidato (vereador e deputado europeu, três em um num partido sem cabeças), quando também o CDS e o PSD abandonaram a sessão, por fadiga justificada, mas ficou a diligente Ana Jara a fazer o serviço (serviço sujo, parece-me). Tudo indica que é essa a chave, porque ninguém que assista à longa gravação da reunião pública (6h40 e tal), pode entender o que ali já no fim aconteceu sem debate, e aliás sem intervenções nenhumas de ninguém (sem se justificar a proponente Catarina Vaz Pinto/Guterres), tudo a correr, e está feito, passou. O caso da directora do Aljube vem à memória e percebe-se o que está a acontecer, pataca a mim pataca a a ti, corrupção democrática eleitoral (CDE, por coincidência oportuna).
Não é norma aceitar-se uma doação sem inventário exaustivo do que é doado; não é legítimo aceitar a criação de mais uma entidade camarária sem debater propósitos, contexto, custos, consequências, para mais num sector em que as carências e as queixas são inúmeras: Hemeroteca, Arquivo Municipal, Bibliotecas com edifícios e equipamentos mas sem aquisições regulares de livros, digitalização insuficiente, etc.
Digam-me se o PC publicou alguma coisa em site ou jornal a propósito da colecção Manguel e da instalação em Lisboa do coleccionador e companheiro? O PC explica-se ou a chave do negócio é o silêncio. Os caixotes de 40 mil livros, dizem, recusados em várias cidades ao longo de vários anos valem o quê, para quê, para quem, como?
Alexandre
VENERO A SUA CORAGEM E DETERMINAÇÃO. NÃO VOTO EM LISBOA MAS TRABALHO MUITO E EM PROJECTOS IMPORTANTES COM A CML, CULTURA E URBANISMO.
acho que a equipa do Medina é esforçada e o resultado do trabalho será, espero, globalmente positivo.
mas este caso é INACREDITÁVEL E INACEITÁVEL. Que deveremos fazer para OBRIGAR para que os cidadãos se possam pronunciar. QUAIS OS FUNDAMENTOS DA ACEITAÇÃO DESTA BIBLIOTECA? QUEREMOS NO MINIMO UM PARECER TÉCNICO DA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL.
Posted by: Raquel henriques da Silva | 10/07/2020 at 17:52