Ainda não vi a exposição de Braga, mas a informação é lamentável.
Diamang: o colonialismo português cabe neste retrato
"Para este projecto, Duarte Belo começou por pegar nas 30 mil fotografias impressas que a equipa do Lab2PT tinha já digitalizado (os 30 mil negativos ficaram de fora, à espera da próxima oportunidade) à procura das mais expressivas, das que lhe permitiam montar uma “narrativa coerente”
De selecção em selecção, uma estratégia que começou por reduzir o lote de 30 mil imagens para 10 mil e, depois, para 942, Duarte Belo passou à sua distribuição por 30 tipologias (mineração, maquinaria, desporto, agricultura…), chegando, assim, às cerca de 300 que hoje vemos na Galeria do Paço da Universidade do Minho, organizadas em sete núcleos temáticos, que vão dos imaginários ligados ao processo colonial, à mão-de-obra nas minas e nas centrais de escolha dos diamantes, passando, por exemplo, pelas estratégias de ocupação e de ordenação do território concessionado à empresa." PÚBLICO
O SILÊNCIO DA TERRA. Visualidades (Pós)Coloniais Intercetadas pelo Arquivo Diamang
sexta-feira, 30/04/2021
Galeria do Paço da UMinho & Museu Nogueira da Silva
dia 30 de abril de 2021, pelas 18h00 na Galeria do Paço da UMinho e pelas 19h00 no Museu Nogueira da Silva.
+Info: www.cecs.uminho.pt/inauguracao-da-exposicao-o-silencio-da-terra-visualidades-poscoloniais-intercetadas-pelo-arquivo-diamang
A Exposição “O Silêncio da Terra: visualidades (pós)coloniais intercetadas pelo Arquivo Diamang” desdobra-se em dois espaços, a Galeria do Paço e o Museu Nogueira da Silva (Universidade do Minho), e encontra-se patente ao público entre os dias 30 de abril e 30 junho -10 de setembro.
A Exposição tem por objetivo problematizar o arquivo fotográfico da Companhia de Diamantes de Angola (Museu Nogueira da Silva), constituído com o objetivo explícito de documentar a missão civilizacional empreendida na Lunda, entre 1917 e 1974. A mostra corporiza um dos resultados do projeto de investigação “Mapeamento e Sentidos Críticos do Arquivo Fotográfico da Empresa Companhia de Diamantes de Angola (Diamang)”, coordenado por Fátima Moura Ferreira (Universidade do Minho).
Na Galeria do Paço a exposição encontra-se acessível para visitas até ao dia 30 de junho, de segunda a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. No Museu Nogueira da Silva pode ser visitada até ao dia 11 de setembro, no mesmo horário.
Artistas representados nos dois espaços expositivos: Alida Rodrigues, Ângela Ferreira, Catarina Simão, Délio Jasse, Filipa César, Francisco Vidal, Henrique Neves Lopes, Irineu Destourelles, Kiluanji Kia-Henda, Marilu Námoda, Mónica de Miranda, Nuno Nunes-Ferreira, René Tavares.
A ambiguidade do título da Exposição – O Silêncio da Terra – compagina-se com a ambiguidade da imagem da fotografia colonial: o que é que ela mostra? O que é que ela oculta? O que é que ela não deixa ver? A copresença da fotografia colonial com artefactos artísticos pós-coloniais interpela o olhar. Eventualmente, convida a problematizar o que vemos a partir de um horizonte de presente contínuo, atravessado por diferentes temporalidades. Como por camadas – estratos –, à maneira do ofício do arqueólogo, do geólogo, do historiador, do antropólogo ..., somos levados a dissecar os enunciados visuais, isto é: a desconstruir aquilo que nos é dado a observar e que se cruza inevitavelmente com memórias pessoais, pós-memórias, representações sociais que se impõem como hegemónicas no tempo.Um primeiro desafio desta Exposição – que se desdobra por dois espaços, Galeria do Paço e Museu Nogueira da Silva – assume-se como um convite: um convite a alargar o olhar e a conviver dialeticamente com os lados diferentes do que vemos e do que nos é dado a ver.“As minhas memórias [são] os meus documentos”. O enunciado da artista plástica Louise Bourgeois (1911 - 2010) pode ser lido como um dos lados desse desafio. Porque não abrir espaço ao que experienciamos e recordamos através de outros e às experiências e memórias do outro? Ao mesmo tempo, abrindo espaço às narrativas disciplinares produzidas sobre esse passado que olhamos, sentimos e pensamos sob o espetro da coexistência dos tempos.Lado a lado, a imagem da fotografia colonial é colocada em confronto (em rigor: intercetada) por contranarrativas oferecidas pela arte pós-colonial, pondo a nu as contradições das narrativas instituídas. São assim sugeridas tensões e brechas que ressoam dos artefactos visuais e que devolvem, ao olhar do presente, um passado não concluído de relações não findas e questões em aberto.
A exposição da Galeria do Paço é concebida em termos dialógicos e críticos entre 1) uma seleção do arquivo fotográfico intercetada por 2) um conjunto de obras de artistas plásticos que trabalham questões ligadas às memórias, às narrativas coloniais e pós-coloniais e aos discursos produzidos sobre o colonialismo tardio português e europeu. A exposição do Museu Nogueira da Silva põe em diálogo a reprodução integral do Arquivo Fotográfico da Empresa (Galeria do Jardim), a residência artística de Délio Jasse (Galeria da Universidade) e intervenções artísticas que têm por foco arquivos coloniais. Em suma: ao propor uma leitura intercetada entre as fotografias na sua dimensão arquivística e colonial e a arte contemporânea, a exposição inspira-se no conceito de ‘terceiro espaço’ (Bhabha, 1994) propício à (re)negociação de sentidos e significados a partir de perspetivas e temporalidades múltiplas.Artistas representados: Alida Rodrigues, Ângela Ferreira, Catarina Simão, Délio Jasse, Filipa César, Francisco Vidal, Henrique Neves Lopes, Irineu Destourelles, Kiluanji Kia-Henda, Marilu Námoda, Mónica de Miranda, Nuno Nunes-Ferreira, René Tavares, Rita Rainho / Ângelo Lopes.
teaser 1: https://www.youtube.com/watch?v=vLlWixWZNuY
Terça a Sexta: 10:00 – 17:00
Sábado: 14:00 – 18:00
Encerra à Segunda-feira e Domingo
Comments