(4 Julho)
SPAMOI ou SPAMOI?
Volto a falar da exposiçao Diamang em Braga, apresentada pela Universidade local, porque há coisas graves a apontar, para além de critérios de tratamento de fotografias históricas e de montagem. Nomeadamente no plano da investigação-informação existem erros de manifesta gravidade.
Aí se fala em dois textos de parede (nº 5 e também nº 2) do SPAMOI, identificado como
Serviços de Protecção à Mão-de-obra Indígena (e "a partir dos anos 60... SPAMO"). nº11
Ora SPAMOI significa Serviço de Propaganda e Assistência à Mão de Obra Indígena, e sabe-se que tal Serviço foi criado em 1937 e passou a SPAMO depois de 1961.
Não há lugar a dúvidas: SPAPOI é Serviços de Protecção à Mão-de-obra Indígena, e não se admite este erro universitário.
O Relatório de 1937 da Diamang (acessível no site DIAMANG DIGITAL) diz de que se trata:
"RESUMO - Este relatório informa sobre as atividades do SPAMOI durante o ano de 1937 e está estruturado pelas linhas de orientação dadas pela “Ordem de Serviço” nº 3-D/37. São referidos os objetivos a que se propõe o SPAMOI e as atividades de cariz assistencial realizadas na Zona de Explorações, mais concretamente junto das comunidades de trabalhadores das minas residentes nos vários grupos de aldeamentos construídos próximo das explorações mineiras."
"(...) acção do serviço durante o ano de 1937, apresentando também algumas propostas de actuação e previsões para o ano de 1938.
Destaque para os seguintes conteúdos:
- processos e estratégias adotadas para a aquisição, aumento e fixação da mão de obra "voluntária" e "contratada" para o trabalho mineiro;
- construção das “Aldeias de Propaganda” e das “Aldeias dos Contratados” em terrenos cultiváveis;
- informações sobre os novos hábitos de higiene e de ocupação doméstica do espaço habitacional;
- estratégias de apoio aos familiares de todos os trabalhadores, nomeadamente a doentes, a mulheres grávidas e parturientes, pela oferta de alimentos, roupa e incentivos ao cultivo da terra;
- tabelas com dados sobre as lavras feitas pelas mulheres dos trabalhadores contratados, sobre as plantações de árvores de fruto e as sementes distribuídas, sobre as casas de adobe, capim e tijolo construídas e reparadas nas aldeias dos três grupos."
Por um lado interessa constatar que Propaganda significa Informação (e orientação) como sucedia ao tempo com o SPN (depois SNI) e antes com a influente Sociedade Propaganda de Portugal (SPP), de que pouco se fala e que se confunde às vezes com o SPN.
Depois aqui se demonstra a política de "paternalismo empresarial" (Todd Cleveland, "Diamantes em Bruto") da Diamang, nas suas medidas de"harmonia" social construída sobre o trabalho forçado e a segregação racial, que incluíam as Festas da Melhor Aldeia e outros actos.
Uma das pessoas da "equipa curatorial", Miguel Bandeira Duarte (design e museologia), tem competências nesta área e gostava de saber como foi envolvido neste programa descredibilizado.


Da equipa fazem também parte Fátima Moura Ferreira (coordenação científica), Duarte Belo (fotografia) e Patrícia Leal (arte pós-colonial).
#diamangdebraga
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