Brilhante conferência na EDP de Yves Michaud, o autor de L ‘Artiste et les comissaires de 1989 (um livro inovador), o director da Escola de Belas Artes de Paris, da colecção na Éditions Jacqueline Chambon e da Université de Tous les Savoirs do ano 2000, autor de Contre la Bienveillance de 2016, filósofo (empirista) e também (irregular) crítico de arte.
“L’art c’est bien fini”, entre aspas (a arte acabou mesmo), e em letra minúscula, é uma obra de filosofia (erudita, complexa) e de comentário sociológico sobre a estetização generalizada da/na sociedade actual, desde a viragem da técnica comunicacional ou mediática de 2005 - data que propõe como baliza. ‘Ensaio sobre a hiper-estética e as atmosferas’ é o subtítulo.
A descrição do sistema da arte contemporânea é decisiva mas… A tentativa de dissociar a Arte e a arte, cx alta e cx baixa, a Grande Arte e as várias artes (e mercados) que coexistem no presente e no mundo, bem como a ideia da indiferença ou indiferenciação quanto à produção artística actual não se sustentam. Ele próprio distingue na classe dos “top gun” Koons ou Hirst e Hockney, que defende e de quem ‘gosta’, mesmo que um quadro (aliás 14 quadros) de formato médio se venda em galeria por 8 milhões e esgotem em 48 horas (de menor formato por 5 milhões), vários comprados pelo telefone. Em francês e com sala cheia. Central Tejo / EDP, 27 nov.
É sempre a relação entre a vontade de arte por parte do autor/artista e o reconhecimento ou apreciação crítica do observador que importa, individualmente ou por consenso social. O actual sistema da arte em que o juízo estético dominante nas ZEP (zona estética protegida) se faz sobre o valor financeiro, o entretenimento (artertainement*) e a moralidade é só mais um sistema depois de outros.
(* the concept of “artertainment” (contraction of “art” and “entertainment”). “Artertainment” is a relation to art history and culture in order to educate and have fun in the same time. Artertainement is developed through visits of museums and monuments)
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