Em baixo, num alongado ecrã, acumulam-se e movimentam-se ozalides fotográficos que surgem (ou não) depois no ecrã maior numa montagem visual que é acompanhada pela narração documentária e pessoal, autoral, traduzida ao lado em português. Noutro ecrã menor, à esquerda, acrescentam-se imagens filmadas ou fixas. Mais do que uma (vaga ou indiferente) atmosfera imersiva, que também é (mas neste caso atraente, cativante), o dispositivo sustenta uma narração, em vários episódios, que junta a intensidade e qualidade literária à curiosidade das imagens. Imagens "despretenciosas", "desestetizadas".
No espaço-sala anterior, galeria de acesso, também negra dispõem-se mesas de luz duplas e estáticas que a seguir ganham movimento e som na galeria seguinte, mmas então não visível.
Não é frequente as videoinstalações captarem a atenção e reterem o visitante em movimento, de passagem indiferente. Aqui acontece, depressa a curiosidade e a atenção se instalam (é uma instalação). Neste caso não é para "ver passando" mas para assistir, e as duas cadeiras largas são oportunas. (24 nov.)
O comentário filosófico e empirista do Yves Michaud sobre atmosferas estetizadas (esteticadas) é justo como apreciação de usos, consumos e políticas, sobre o contemporâneo sistema da arte, mas daí não se passa para a sua conclusão e título "L'art ç'est bien fini" (a arte acabou mesmo); esse jogo é inútil ele serve-se da maiúscula Arte como artifício (Artifício?) para ter razão. A arte sobrevive, mas a relação com ela implica julgar e escolher, e trata-se de arte e não de Arte. Mas até esse jogo (arte e Arte, Grande Arte) é inútil. (conferência de Y M no dia 27 na Central Tejo / EDP)
Comments