Abel Salazar a pintar o seu grande mural no Café Rialto. Porto, 1944. Fotos da Fundação Mário Soares - Casa Comum.
Enquanto se restauram os painéis do Batalha, há que lembrar o grande mural que Abel Salazar pintou no Café Rialto (Praça D. João I, 9, Porto); foi restaurado em 1999


e está há algum tempo entaipado numa loja chinesa de bugigangas. O Café Rialto foi também um projecto do arq. Artur Andrade.
Cartas ao director do Público de José Costa Pereira, Porto, publicada em 18 de Setembro de 2021
"Espaço Rialto - fresco de Abel Salazar em risco?"
"Em 1999, fui gerente de uma sucursal bancária do agora Millennium BCP localizada no espaço do antigo café Rialto. Nessa data, a sucursal reabriu após obras de remodelação. Apercebi-me então, com surpresa, de que o fresco do Abel Salazar tinha ficado ocultado por uma frente de máquinas automáticas e multibanco. Através da sensibilização da Fundação Abel Salazar foi diligenciada a remoção desses equipamentos para permitir o usufruto da obra de arte. Mais: o contributo do administrador à época (Miguel Cadilhe) permitiu iniciar o longo restauro do fresco entretanto danificado, tarefa entregue a Mónica Baldaque.
Entretanto, o banco não renovou contrato de arrendamento e entregou o espaço. Apercebo-me que uma marca comercial (actual arrendatária do espaço do Rialto) prepara a abertura da loja para muito breve. Do exterior já se percebe que o fresco do Abel Salazar ficou por detrás de uma parede de pladur e de prateleiras que irão expor artigos da Disney, Marvel, Nós os Ursos, Rua Sésamo: a história repete-se “primeiro como tragédia, depois como farsa”….
A intenção que me move é a mesma de 99: exercício de cidadania e recusa da inércia perante um crime de lesa-arte. Estou a denunciar esta situação para garantir a preservação e repor a visibilidade pública desta obra de arte."
Na cidade de Serralves e do Batalha recuperado... da Galeria Municipal e do Museu da Cidade com as suas "estações", da rua das galerias, Miguel Bombarda.
Dois escândalos em 1: a ocultação do painel de Abel Salazar e o silêncio da cidade e da imprensa e da cidade face a este atentado a uma das mais importantes peças de arte instaladas em edifícios do Porto.
https://cciporto.com/2021/03/01/sabia-que-o-cafe-rialto-ficou-famoso-mas-teve-vida-curta/
AUTORIA
Edifício de Rogério de Azevedo; interior de Artur Andrade
todos os pormenores foram minuciosamente considerados pelo arquiteto, dando origem a um espaço majestoso, com uma decoração que primava pelo exaltamento de artistas nacionais e pela utilização de materiais nobres.
Revestido a mármores escuros de carácter imponente, possuía inúmeros baixos-relevos de cerâmica policromada, pinturas a fresco, e um mobiliário condizente com as luxuosas instalações. Inovadores jogos de luz foram igualmente integrados no desenho do espaço de forma a valorizar as próprias obras de arte. Aqui, a conjugação da luz natural com a colocação de espelhos, confere ao espaço um ambiente alegre e acolhedor.
Comum aos dois salões, o teto, com um enorme painel de espelhos, refletia a sala de baixo, criando uma sensação de amplitude. Várias paredes eram também elas revestidas com espelhos, que refletiam os frescos da autoria de Dordio Gomes e de Guilherme Camarinha. Junto à escadaria existiu um baixo-relevo do escultor João Fragoso e, no rés-do-chão, um enorme desenho a carvão da autoria de Abel Salazar ocupava uma das paredes, feito diretamente sobre ela.
Na altura em que o café encerrou, a instituição bancária que lá se instalou preservou o mural de Abel Salazar, que ainda lá existe, mas destruiu os frescos e o baixo-relevo de Dordio Gomes, Guilherme Camarinha e António Duarte.
Texto de Catarina Gonçalves e Daniela Ribeiro, doutorandas da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, publicado em O Tripeiro, transcrito pela Associação Comercial do Porto, de que Rui Moreira foi presidente
O antigo Café Rialto
Reflectir (n)o Café Rialto
Pedro Santiago, ARQuITECTO
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O primeiro arranha céus do Porto (!)
Conheça a curiosa história do primeiro arranha ceus do Porto, onde existia um dos cafés mais antigos e bonitos da cidade.
Sara Riobom
Setembro 29, 2016
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