- "O julgamento da qualidade da arte é sempre subjectivo" (Manuel Falcão) - o juízo da qualidade e de gosto é objectivado pela argumentação; o juízo pode e deve ser argumentado; deve ser disputado e, com argumentos e autoridade, pode passar a saber, mas não há saberes definitivos, como nas ciências.
2. "Quando as causas suplantam o talento artístico" (MF)- nenhuma outra área se desligou da ideia de talento como aconteceu com as artes visuais: aí, por um lado talento passou a ser virtuosismo (habilidade) e por outro desqualificou-se, aparece como dispensável (desde logo o talento para o desenho), o que isola as artes visuais na relação que temos com as artes em geral, onde a competência, o talento e o saber são exigidos - e por aí condenam-se as artes visuais à perda de credibilidade e de público. Mas a ilustração, a bd e o grafiti em geral impõem-se: artes contemporâneas autónomas face às artes oficiais.
A ambição das vanguardas, que ficou circunscrita a nichos académicos nas outras áreas, só agora está a ser objecto de crítica e rejeição (houve precedentes e tentativas, desde Rosenberg, Gombrich, desde Jean Clair), mas encontra-se protegida pela circulação oficializada, onde se associam a especulação mercantil assente na cumplicidade entre museus e coleccionadores "de ponta", e uma retórica crítica que adaptou a radicalidade "revolucionária" dos anos 60/70 a um papel servil face ao estado e instituições.
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