Lemos o Tejo, mas o pintor refere-nos Goa, onde se demorava e de que fala emocionado (também pintava em Goa). A tela é parede onde a superfície (lisa, plana) se anima, abstracta, ou é janela para algo mais do que certamente se pode interpretar como margem, rio ou mar, montanha. É luz e é cor, brancos animados, azuis muito próprios ou laranjas luminosos, superfície material percorrida pela pincelada sempre visível, leve ou densa, interrompida por marcas de gestos que afirmam e interrogam a pintura, como espaço material. E é espaço imaterial, para além da paisagem, com possibilidade de falar-se em transcendência.
Estas telas criam cumplicidades entre olhares que vêem (só?) pintura, formalistas, e outros que buscam desvendar o que é visível ou se recorda, imagina, sonha, como lugares vistos, juntando-se ambos os olhares como visão de felicidade tranquila e discreta.
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