Pintura sem fim, Brotéria:
As condições de visibilidade (e identificação) das pinturas "sem fim" são aqui demasiado fugidias. Há reconhecimentos, muito variáveis conforme os espectadores - até ao limite de não se reconhecer nada e o visitante se perder diante da oferta desarrumada e insondável - e, há a atenção atraída por algumas outras obras que se procura identificar, com maior ou menor boa vontade, na exígua folha distribuída, com nomes e títulos e datas (às vezes erradas). A contiguidade das pinturas parece ser totalmente aleatória, é mais acumulação sem diálogo entre obras e sem intervalos que as deixem "respirar". O efeito será certamente paralisante para muitos, que saem depressa. Para outros será desagradável e irritante, porque é cansativo recorrer à lista de obras e porque o número de peças sem interesse (sem imediata qualidade atencional) é esmagador.
Não percebi o propósito - será proporcionar a aparição de muito numerosos desconhecidos, talvez estudantes, talvez amadores, talvez autores inventados para a ocasião, ao lado de nomes qualificados? Seria talvez um exercício de benevolência que assim se perde. Será intenção de parodiar a vaga de pintura a que se assiste agora, provando que muita pintura não significa melhor pintura? Citar Pollock ("energias, movimentos e outras formas interiores") não tem aqui sentido.
O comissariado ou organização é anónimo, e quase ausente. E não se compare com a quantidade de peças de Mistifório, que era um constante desafio ao olhar, à memória, à inteligência crítica. Temos (Tenho) aqui a surpresa de encontrar Immendorf, excepção estrangeira, a presença de Paula Rego e René Bertholo com quadros dos anos 60 pouco ou nada vistos, a confirmação de obras que aprecio, como Ana Mata e João Francisco. Mais Gabriel Abrantes, Eugénia Mussa, Gonçalo Pena, Nikias Skapinakis. Mais?
Até 15 Fev.
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.