Manuel Baptista (de uma nota de 1993...) partira, no final dos anos 50, de uma produção informal, onde as matérias e as pastas se estruturavam dramaticamente sobre a superfície da tela, de um modo expressionista, passondo depois a quadros-objecto onde a presença da geometria e do relevo respondia à mais contida economia de meios com uma também mais lúdica gestão de efeitos, em tempos de minimalismos e monocromias. Seguiu-se uma original utilização da colagem de recortes de
telas, em sucessivas experiências de relevos desenhados, orgânicos e geométricos, que lembravam os antigos moldes de costura, numa prática obsessiva e rigorosa que foi tendo menor visibilidade lisboeta (por ex. "Leques", 1989) — o pintor passou a expor regularmente na Alemanha enquanto acumulava sucessivos prémios nacionais: 1º Prémio de Pintura/Prémio Guerin de Artes Plásticas (1968); Prémio Soquil de Artes Plásticas (1970), Prémio Arus de Pintura (1982), Grande Prémio de Pintura da IV Bienal internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (1984), Prémio BANIF de Pintura (1993).
Nascido em Faro (1936), formou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi professor. Foi um dos artistas convidados pela secção portuguesa da AICA para participar na renovação da decoração do café A Brasileira, em 1971. A exposição "Fora de Escala – Desenho e Escultura 1960-1970", no Museu da Electricidade, Fundação EDP, foi considerada pela Sociedade Portuguesa de Autores como a melhor exposição nacional de 2011. Produziram-se na ocasião, com comissariado de João Pinharanda, projetos de escultura e instalação das décadas de 1960 e 1970 e proporcionando uma nova dimensão crítica ao seu trabalho, próximo da Pop internacional nos temas (objetos do dia-a-dia), materiais (néon, plexiglas, metal) e escala (com soluções que justificaram o título da exposição: ‘Fora de escala’”.
Programou entre 1990 e 2003 as galerias municipais Trem e Arco em Faro, onde vivia, e aí mostrou também a sua muito grande colecção de brinquedos e imagens populares.
À sua volta apresentou-se em 1996 o efémero grupo dos Pintores do Levante, que associou René Bertholo, a viver perto de Tavira, Costa Pinheiro e Jorge Martins.
Há poucos dias inaugurara com Jorge Martins e Pedro Chorão uma exposição de trabalhos sobre papel na galeria do centro comercial do Campo Pequeno apresentada pela Arte Periférica. Segundo João Pinharanda, Manuel Baptista preparava, para o próximo mês de julho, uma nova retrospetiva global do seu trabalho, no Museu de Faro e na galeria Trem. “A sua concretização confirmará a importância e singularidade da sua obra”, disse.
uma obra de 1970 e outra de 1973
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