Encontrei no Diário do Governo de 1949 (6 julho, III Série), o registo da sociedade comercial Actualis Lda, criada a 28 de Novembro de 1947 para publicar As Mulheres do Meu País - julgo que nunca tinha sido divulgado.
Era uma maneira de contornar a vigilância do regime: “O seu objecto é o comércio de comissões, consignações e conta própria ou qualquer outro que os sócios resolvam explorar e que não depende de autorização especial.”
(Não se tratava da criação de uma editora, que estaria sujeita a autorizações...)
E Maria Lamas entra na empresa com uma quota realizada de 100 escudos (1/10 de dez mil escudos), enquanto o sócio Manuel Fróis de Figueiredo e a filha Orquídia Lança Fróis de Figueiredo avançavam com 5 mil cada. Ficava obrigada a realizar os restantes 90% no prazo de 5 anos: desempregada do Século, os recursos eram mínimos.... A editora funcionou até 1950 (último fascículo a 15 de Abril); a revista "As Quatro Estações", de 1949 terminou antes de publicar o número "Inverno".
Manuel Fróis de Figueiredo tinha sido tesoureiro, administrador?, do jornal a Batalha, e era amigo do também anarquista Ferreira de Castro. É às vezes referido como "industrial do papel". Foi também em 1939 um dos refundadores da editora Cosmos, com Manuel Rodrigues de Oliveira, que também estivera no Século nos anos 20, e veio em 1936 da prisão de Angra. É Figueiredo que faz o convite a Bento Caraça para criar e dirigir a Biblioteca Cosmos, que teria sido sugerida por Bento Gonçalves ( foi publicada entre 1941 e 48).
Isto está tudo ligado, com anarco-sindicalistas e comunistas, ou percursos pessoais que se lhes associam por estarem fora do regime. Os irmãos Lyon de Castro eram titistas (do marechal Tito da Jugoslávia), já em oposição à Internacional soviética. São ligações políticas clandestinas que contam para as futuras invisibilidades
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.