A Folha de Sala dizia
Esta exposição quis ser uma antologia do já longo percurso do fotógrafo e artista José M. Rodrigues (Lisboa, 1951), desde as performances dos primeiros anos 80, na Holanda, até às grandes peças picturais da evocação teatralizada dos tempos dos Bórgias, com que interveio nas celebrações do 5º centenário do nascimento de São Francisco de Bórgia em Gandia, Valência.
A intencional multiplicidade de datas, processos, escalas e temas ilustra através de peças emblemáticas uma obra plenamente original, que se reinventa ao questionar todos os géneros da fotografia, do retrato íntimo à imersão na paisagem, do documentário exaustivo à alegoria, e que experimentou todos os processos e suportes, incluindo o objecto fotográfico, o ensaio conceptual e o vídeo.
José M. Rodrigues propôs o título «Errata» para esta exposição. Com esta revisão muito selectiva da sua obra, quis apontar a «reconciliação profissional e emocional com Lisboa», onde nasceu, depois de longos itinerários de aprendizagem e exílio.
A seguir transcrevi extractos de textos de Jorge Calado e Gérard Castello Lopes, que de perto acompanhavam o seu itinerário.
«Não conheço quem, no mundo, melhor pense o carácter e as possibilidades da fotografia, reinventando-a sempre. A cores e a preto e branco, analógica e digital, singular ou múltipla, em miniatura ou em mural. Rodrigues é um perfeccionista que domina todas as técnicas e que exulta com a experimentação desde os seus tempos de performance na Holanda. (Foi, nos anos 80, uma das figuras maiores do movimento Perspektief, em Roterdão.) As preocupações mantêem-se: a conquista da 3ª dimensão, a incorporação do tempo - que é vida. Os quatro elementos, principalmente a água - mas também o ar da ventoinha e da levitação e a terra dos países que lhe são caros, o fogo da sua imaginação inflama toda a obra. O corpo (o próprio e os dos familiares e amigos), total e fragmentado (…)».
Jorge Calado, Expresso, 24 Agosto de 2013.
«Quase sempre, é ele que faz, constrói, arquitecta a sua imagem; a sua obra é a materialização dos seus fantasmas, desejos, inspirações. Ele é o fotógrafo totalmente empenhado, as suas imagens são como um diário da sua vida, a enciclopédia dos seus amores, da sua paixão pela natureza, pela água, pelo corpo das mulheres, pelos muros, pelas árvores, pelas casas, pelos paradoxos, pelas forças e fraquezas dos outros e, sobretudo pela liberdade de poder realizar, simultaneamente, a sua vida e a sua obra.»
Gérard Castello Lopes, «Mestre José Manuel Rodrigues, the Flying Dutchman», in ‘Reflexões sobre Fotografia’, Assírio & Alvim, 2004.
Publico duas página do Público, com o artigo de Sérgio B. Gomes.
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