Ainda o ArcoLisboa (em Maio) e as irregularidades da organização IFEMA, que não cumpre o seu próprio regulamento.
Parece haver condições para impugnar judicialmente o processo de selecção-exclusão de galerias portuguesas na próxima feira, observando o Regulamento comunicado aos galeristas e a anunciada criação de uma secção destinada a "novas galerias", intitulada Opening e organizada por convites.
"Como disse < Urroz, director das feiras Arco ao Público> na conferência de imprensa, há novas galerias e novos projectos em Lisboa, como as galerias Madragoa e Pedro Alfacinha, e mais algumas que podem abrir até à Arco Lisboa, em Maio, inclusive galerias estrangeiras. Mas como algumas delas são muito novas e não podem participar no programa geral da Arco Madrid e da Arco Lisboa, arranjámos uma fórmula especial, a secção Opening. Em Lisboa, vai ser uma selecção de galerias novas com curadoria de João Laia; terá um formato especial diferente das outras galerias no espaço principal da Cordoaria. É uma coisa em que estamos a trabalhar e ainda não temos a lista final de galerias. Vamos apresentá-la em Abril."
De facto, quem se candidatou conhecia e aceitou um Regulamento onde se especificavam com rigor as condições de admissão e participação. Está aí estabelecida a possibilidade de a organização (o Comité Organizador) convidar outras galerias, mas só em função do seu "reconhecimento internacional".
Não é manifestamente o caso das galerias já indicadas acima nem das que ainda não abriram, e que, além de entrarem no Arco de modo irregular, também teriam as suas inaugurações fora da feira incluídas na programação e colocadas no centro das atenções dos coleccionadores e visitantes convidados.
Quem foi admitido regularmente na feira é surpreendido com um incumprimento do Regulamento por parte da IFEMA e com uma nova secção "especial", ficando assim sujeito a uma concorrência desleal, que será mais sensível para as galerias que apresentam em especial jovens artistas. É enganado com a aparição de "um formato especial diferente das outras galerias no espaço principal da Cordoaria", e ainda paga a factura.
Entretanto, aguarda-se ainda que os responsáveis políticos e culturais da cidade se pronunciem sobre as exclusões de galerias de 1º plano que violam toda a lógica de um evento comercial realizado com apoio e promoção dos poderes/dinheiros públicos. #casoArcoLisboa2017
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Entrevista de Carlos Urroz no Público de 22 de Fev.:
" O que pode adiantar sobre a feira em Lisboa? Diz-se que vai ter pela primeira vez uma área dedicada aos projectos especiais com curadoria de João Laia.
Como disse na conferência de imprensa, há novas galerias e novos projectos em Lisboa, como as galerias Madragoa e Pedro Alfacinha, e mais algumas que podem abrir até à Arco Lisboa, em Maio, inclusive galerias estrangeiras. Mas como algumas delas são muito novas e não podem participar no programa geral da Arco Madrid e da Arco Lisboa, arranjámos uma fórmula especial, a secção Opening. Em Lisboa, vai ser uma selecção de galerias novas com curadoria de João Laia; terá um formato especial diferente das outras galerias no espaço principal da Cordoaria. É uma coisa em que estamos a trabalhar e ainda não temos a lista final de galerias. Vamos apresentá-la em Abril.
Quais são as instituições que estão a ajudar mais a instalação da Arco Lisboa na cidade?
Toda a gente. Uma super-ajuda da câmara (EGEAC), Turismo de Portugal, Ministério da Cultura, EDP.
Está tudo a funcionar?
Sim. Isso não quer dizer que nos dêem dinheiro, mas estamos a ter apoio de todas as instituições de que nos aproximamos. Algumas dão o espaço, outras fazem a ligação com a imprensa internacional. Incluindo os museus: Museu do Chiado, Colecção Berardo...
A longo prazo isso vai chegar?
O dinheiro é muito importante. Que as instituições suportem o mercado da arte, que tenham orçamento para comprar na feira. Isso não quer dizer que o dinheiro seja a única forma de ajudar um projecto.
Fazendo a pergunta mais directamente: é suficiente? A Ifema, que organiza a Arco, consegue fazer a feira mais ou menos sozinha em Lisboa?
Até agora. No ano passado, fizemos uma tentativa de a tornar viável. Temos de olhar para os nossos activos, os lucros e as despesas: a feira tem de ser sustentável, de outra maneira não a faremos. Até agora tem cumprido as expectativas da Ifema.
Portanto é sustentável?
Até aqui sim, mas precisa de algum apoio público e das instituições locais, precisa de que os museus locais comprem obras na feira para que as galerias internacionais as vejam. Não é só o dinheiro que nós gerimos, é também que volume de compras há na feira. Para isso, precisamos dos coleccionadores portugueses e dos coleccionadores estrangeiros que trazemos, mas também precisamos das instituições portuguesas. Precisamos de que Serralves, Gulbenkian e Berardo comprem na Arco Lisboa."
"O PÚBLICO viaja a convite do Turismo de Espanha". Mas exagera na subserviência