“Havia muitas pessoas a pairar à volta” ( 1)
Frank McEwen, Ulli Beier, Julian Beinart e Amâncio Guedes: uma rede africana ao tempo das independências dos anos 50/60
“1950/60 - Amâncio Guedes, arquitecto português residente em Maputo, Moçambique, organiza workshops informais para jovens artistas. Entre os participantes está Malangatana Ngwenya (n. 1936), cujas pinturas são mais tarde expostas pelo Mbari Clube de Artistas e Escritores em Ibadan, Nigéria". A informação é da Heildbrunn Timeline of Art History, residente no site do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, capítulo “Southern Africa, 1900 a.d. – present”, http://www.metmuseum.org/toah/ht/?period=11®ion=afo#/Key-Events).
Há adiante outra referência a Malangatana, aliás pouco certeira, mas este é o único acontecimento com relevância artística ocorrido na África dita portuguesa aí citado. Angola e Moçambique figuram depois na "timeline" (a linha do tempo, nome bem mais sugestivo que cronologia) com as datas de início das lutas armadas (1961 e 1963, respectivamente - devia ser 1964) e muito mais tarde, só em 1975, com as independências. É um vazio informativo que os distingue drasticamente das áreas vizinhas, mas, se houve realmente falta de acontecimentos, há também insuficiência de conhecimentos. A referência a Amâncio Guedes deixa perceber uma memória imprecisa dos factos, desde logo pela datação pouco acertada, que a faz preceder os outros eventos marcantes da década de 50, como, por exemplo, logo a seguir, a fundação da revista Drum em 1951 na África do Sul ou o início da acção de Frank McEwen em Salisbúria, em 1954.